«Uma parte com uma hora e outra com meia dá... goleada», a crónica do Benfica-Rio Ave
Marcos Leonardo estreou-se com golo (Foto: Miguel Nunes)

Benfica-Rio Ave, 4-1 «Uma parte com uma hora e outra com meia dá... goleada», a crónica do Benfica-Rio Ave

FUTEBOL14.01.202421:34

Rio Ave dono e senhor do jogo até à expulsão de Santos; artistas do Benfica permitiram empate ao intervalo; Rafa de novo decisivo

Uma das belezas do ancestral jogo de futebol é a possibilidade de ele ser reinventado a cada partida. Este domingo, no Estádio da Luz, aprendemos que pode ter uma parte de uma hora e outra de apenas meia, bem como perceber que o resultado final pode depender muito mais desta segunda parte que da primeira.

O Rio Ave apresentou-se no reduto do campeão nacional com uma proposta de jogo ousada, diríamos até autoritária. Foi dono e senhor do meio-campo, da defesa e do ataque, perante um Benfica — quiçá supreendido — incapaz de se soltar perante o domínio da equipa de Luís Freire e a dar-lhe os espaços necessários para desenvolver a ideia que trazia de Vila do Conde, visto que não pressionava alto e deixava o adversário espalhar uma mancha verde e branca às listas verticais pelo campo.

Ao intervalo, e falamos do regulamentar, o Benfica tinha nos seus artistas (João Neves, Rafa e Di María) a única razão válida para não sair a perder. Porque estes três inventaram o empate em absoluto contraciclo, podendo dizer-se que a performance dos solistas encarnados chegou para minimizar danos perante uma orquestra afinadíssima, cujo futebol encantava a Luz e quem via pela TV.

Imprudência, no mínimo

Tendo o favorito Benfica saído para as cabinas miraculosamente empatado, esperava-se uma reação forte no recomeço. Ela apareceu, de facto, mas foi da parte do já protagonista Rio Ave. Como que a reclamar justiça e a tentar provar que as intenções iniciais eram sérias e firmes, a equipa de Luís Freire atirou duas bolas ao poste em quatro minutos e manteve o Benfica em sério sentido.

Aos 49 minutos saiu do bolso do árbitro o primeiro cartão amarelo do jogo, para Aderllan Santos. Foi um lance que passou despercebido num jogo fácil de dirigir, tão virado que estava (por mérito do Rio Ave, nunca é de mais sublinhar) para a estética competitiva.

Acontece que aos 58 minutos, no verdadeiro virar de uma parte para outra, o mesmo Aderllan Santos levou a mão à bola e viu o segundo amarelo, com consequente ordem de expulsão. A análise esmiuçada ao primeiro cartão compete, umas páginas à frente, a Duarte Gomes. Seja como for, com cartão injusto ou não, exigia-se maior prudência ao central do Rio Ave, ainda por cima experiente como é.

E a partir daí tudo mudou.

Quem vai ter mais saudades?

Se o Rio Ave marcou cedo no início do jogo, o Benfica não ficou atrás nesta segunda fase, que como vimos durou meia hora mais uns pozinhos de compensação.

Em nova atuação de um solista, este mais improvável e quando não tinha havido sequer tempo para perceber os novos dados do jogo, António Silva trabalhou como avançado na área vilacondense e aos 61 minutos fez um belo golo que deu a vantagem ao Benfica.

Com os dois treinadores a mexerem nos planos iniciais por esta altura, não mais o Rio Ave conseguiu reencontrar a magia que tinha espalhado na hora anterior. Retraiu-se, defendeu de forma compacta e esperou por um milagre, mas era difícil ele acontecer sem a profundidade que Boateng, lutador incansável na frente, tinha dado até à hora das substituições.

O Benfica, galvanizado por nova reviravolta e empurrado pelos mais de 55 mil espectadores da Luz, tomou conta das operações e acabou por chegar à goleada.

Sem marcar, Rafa Silva esteve na génese de todo este resultado. Ele já disse que vai ter saudades «disto». E as saudades que os adeptos do Benfica terão dele?...