Sporting: Inglaterra conhece bem Edwards
Marcus Edwards (IMAGO)

Sporting: Inglaterra conhece bem Edwards

NACIONAL26.09.202315:18

Extremo foi figura maior frente ao Rio Ave, no arranque de época com menos minutos desde que chegou a Portuga; Rúben Amorim deu-lhe moral e um recado

Carrega o 10 nas costas, o número mítico imortalizado por Maradona e Pelé, sinónimo de magia com a bola nos pés. É certo que Marcus Edwards tem tido laivos de genialidade, como o golo que marcou ao Rio Ave, na passada segunda-feira, na vitória dos leões (2-0), o primeiro desta época, que, desde que chegou a Portugal, em 2019/2020, para o V. Guimarães, está a ser aquela em que soma menos minutos (307 minutos).

Época Minutos (seis primeiros jogos)Golos
2019/20204700
2020/20213731
2021/20223621
2022/20233892
2023/20243071

Após o encontro com os vila-condenses, Rúben Amorim teceu elogios ao extremo, realçando que considera ser um jogador de seleção inglesa, mas deixou-lhe um recado: «Está tudo nas mãos, no corpo e principalmente na cabeça do Marcus.»

Edwards foi presença nas seleções jovens de Inglaterra, mas acabou por não ter oportunidades para chegar à equipa principal, embora fosse tido como um diamante. Certo é que Inglaterra conhecem-no bem e até à clubes a segui-lo de perto. O Sporting até terá tido oportunidade de vender Marcus Edwards, mas os clubes em causa, de Premier League, não queriam gastar muito e o Sporting nunca pretendeu vender o jogador ao desbarato. 

Marcus Edwards com a camisola da seleção inglesa (FotoFA)

Desde que o extremo chegou a Portugal, em 2019, que a federação tem acompanhado a sua evolução, mas atentamente desde que ingressou no Sporting, clube que lhe permite outra visibilidade. 
Recorde-se que na época passada rubricou exibições de destaque quando o Sporting defrontou o Tottenham, antigo clube do extremo, na fase de grupos da Liga dos Campeões, com os leões a vencerem em Alvalade (2-0) e a empatarem em Londres (1-1) com um golo de Edwards. 

As aparições fugazes, rendimento abaixo do esperado, longe do protagonismo desta nova versão do Sporting, talvez na sombra de Paulinho e Gyokeres, levaram Rúben Amorim a falar em inconsistência: «É o trabalho dos treinadores e de toda a gente à volta do Marcus, mas que tem de ser principalmente… do Marcus. É ele que tem de olhar para o passado dele e perceber que há momentos em chegou a Guimarães e foi explosivo e depois deixou-se cair um bocadinho. Mesmo quando o fomos buscar não era titular indiscutível no Vitória de Guimarães. Ele tem de criar estabilidade emocional. Ele tem muito compromisso, está sempre a pressionar mais… Mas ele tem de melhorar e ser constante no dia a dia. O talento não chega.»

Pode ser um jogador fulcral. Vejo-o, por exemplo, a ocupar o lugar de Bukayo Saka

A BOLA falou com Carlos Freitas, responsável pela contratação de Edwards ao Tottenham, no verão de 2019, quando o extremo jogava na equipa de sub-23 para tentar desvendar o que falta para Gareth Southgate chamar o jogador leonino à seleção inglesa. 
«Tem características e potencial para isso. É um jogador difícil de encontrar com as qualidades que tem no um para um e é muito forte em espaços reduzidos, pode ser um jogador fulcral. Vejo-o, por exemplo, a ocupar o lugar de Bukayo Saka, que é um jogador mais explosivo, que beneficia de jogar com clube como o Arsenal, mas também não é um contínuo ao longo da época», realçou.

Na opinião de Jorge Silvério, psicólogo do desporto, analisou para A BOLA, as palavras do treinador: «É uma tentativa de o motivar, reconhecendo o valor dele. Quando temos um treinador a dizer isso é uma tentativa de fazer com que o jogador renda ainda mais.»

Um grande jogador não pode ter meia dúzia de boas aparições

Questionado sobre o quê de Edwards ter deixado de ser chamado à seleção, Carlos Freitas foi perentório: «Prometia muito em fase precoce da carreira, mas teve o crescimento cortado quando deixou de aparecer tanto no Tottenham, o que o levou a um empréstimo a um clube neerlandês, facto que originou a que um clube português [n. d. r. V. Guimarães] tivesse oportunidade de o trazer. No Sporting tem oportunidade de lutar pelo título e participar em provas europeias, pode aproveitar para mostrar toda a sua classe.» 

Assim sendo, o que é preciso para o nome de Marcus Edwards voltar a constar de uma convocatória de os três leões?
«Um grande jogador não pode ter meia dúzia de boas aparições. É verdade que hoje em dia, principalmente com as redes sociais, depressa somos elevados à condição de deuses, como o inverso também se aplica. Regularidade e consistência, julgo que foi isso que Rúben Amorim falou que o jogador precisa», respondeu Carlos Freitas.