O que dá Tengstedt diferente de Arthur Cabral; e ainda há Marcos!
Tengstedt, Arthur Cabral e Marcos Loenardo - os três pontas de lança do Benfica

O que dá Tengstedt diferente de Arthur Cabral; e ainda há Marcos!

NACIONAL25.02.202408:00

Avançado dinamarquês do Benfica foi titular nos dois últimos jogos em detrimento do ponta de lança brasileiro; estatísticas de um e outro são semelhantes; Cabral tem mais jogos mas só mais um golo na Liga

Roger Schmidt surpreendeu ao dar a titularidade ao ponta de lança Casper Tengstedt nos jogos com o Vizela (Liga) e com o Toulouse (Liga Europa), numa fase em que Arthur Cabral estava a jogar bem e a marcar golos.

Arthur Cabral, ponta de lança do Benfica (Miguel Nunes/ASF)

«Temos boa qualidade no plantel em muitas posições e também uma forte concorrência. Na minha opinião, o Casper [Tengstedt] precisava [de jogar] para se voltar a ambientar a tudo outra vez. Quando começou a jogar a titular, mostrou que tinha disciplina tática e que era confiável, não só em termos de golos mas também por tudo o que fazia em campo, dependendo sempre do papel que tinha nos jogos. É muito bom a definir os momentos de pressão e nas transições ofensivas», elogiou o treinador alemão do Benfica, no final do jogo frente ao Vizela, da 22.ª jornada do campeonato e que os encarnados venceram por 6-1.

Tengstedt esteve 76 minutos em campo frente ao Vizela e 45 com o Toulouse, sendo que neste último desafio cedeu o lugar precisamente a Arthur Cabral.

As escolhas recentes de Schmidt voltam a baralhar a hierarquia dos pontas de lança do onze, não se percebendo quem avançará na receção deste domingo ao Portimonense, na 23.ª jornada da Liga.

Mas o que dá, afinal, Tengstedt à equipa que Arthur Cabral não dá? Olhando para o que fizeram um e outro apenas em jogos do campeonato, os dados são muito parecidos, tendo em perspetiva que Arthur Cabral tem 18 na Liga e Casper Tengstedt, que esteve cerca de um mês a recuperar de lesão, esteve apenas em 12.

Como ponto de partida, Arthur Cabral tem quatro golos marcados no campeonato e Tengstedt três. Depois, com base nos dados do site de análise estatística Sofascore, vejamos alguns parâmetros do jogo em que os dois se aproximam.

Arthur Cabral marca a cada 222 minutos e Tengstedt precisa de 148 minutos

Arthur Cabral tem uma média de 49 minutos por jogo, demora 222 minutos a marcar, faz 1,9 remates/jogo, dá 16,9 toques/jogo, criou uma oportunidade de golo, fez uma assistência... Tengstedt tem 37 minutos de média por jogo, marca a cada 148 minutos, faz 1,7 remates/jogo, dá 14,3 toques por jogo, criou ele quatro oportunidades de golo e foi responsável por uma assistência. Os dois surgem com aproximada frequência nas mesmas zonas do campo — isto depois do esforço de adaptação de Arthur Cabral para se movimentar de forma diferente àquela de quando chegou ao Benfica.

Por jogo, Arthur tem 4,8 (69%) de passes acertados no meio-campo adversário, 1,4 recuperações de bola, 0,2 dribles, 2,6 duelos ganhos (37%), 5,6 perdas de bola. Tengstedt, também por jogo, regista 3,9 (39%) de passes certos, 1,1 recuperações de bola, 0,3 dribles, 1,8 duelos ganhos (44%), 4,5 bolas perdidas.

Números gerais, em todas as competições, Arthur Cabral tem nove golos e três assistências em 30 jogos e Tengstedt três golos e quatro assistências, mas em 21 jogos.

Os números suportam a tese de que há forte concorrência. E na corrida está também Marcos Leonardo, jovem de 20 que foi contratado em janeiro e fez apenas nove jogos mas já marcou quatro golos.

Vítor Manuel, antigo treinador e agora comentador desportivo, analisou para A BOLA o comportamento de Tengstedt e de Arthur Cabral.

Vítor Manuel

«Se Tengstedt melhorar no golo...»

«Ainda não conseguimos perceber a hierarquia dos pontas de lança e sinceramente parece-me que a equipa continua um pouco refém dos equívocos de Roger Schmidt. Entre Casper Tengstedt e Arthur Cabral... parece-me que Arthur é mais de área, que se sente mais confortável em espaços reduzidos e que é tecnicamente superior a Tengstedt, tem outro pormenor. Agora... Tengstedt tem uma mobilidade diferente, maior agressividade nos momentos defensivos, dá-se mais à equipa, mas revela algum problema no golo, na finalização. Daquilo que é a dinâmica da equipa do Benfica, o modelo de jogo, diria que Tengstedt se adapta melhor, é mais coletivista e depois há Rafa, Di María, Neres para marcarem os golos. No plano individual, Arthur Cabral tem mais qualidade técnica e move-se melhor nas zonas de finalização. Mas se Tengstedt conseguir evoluir no capítulo da finalização... Não podemos esquecer que Tengstedt foi sete jogos seguidos titular antes de se lesionar e já lá estava Arthur Cabral. Mas há mais um elemento que ainda não entrou totalmente na equação, provavelmente porque ainda não tem a melhor forma: Marcos Leonardo. Marca sempre que entra e não precisa de muito tempo para isso. Dos três parece poder ser o mais diferenciado e que poderá vir a encaixar-se melhor na forma de jogar do Benfica. Mas ainda não o vimos jogar tempo suficiente para podermos fazer uma análise correta.»