Quatro anos no Benfica, goleador na distrital e internacional de... futebol de praia
Nascido a 17 de maio de 1996, teve desde sempre o futebol a correr-lhe nas veias. Mas se os progenitores o registaram como Vasco Rafael Ribeiro Gonçalves, esqueceram-se de acrescentar outro nome: golo. Porque esse momento confunde-se com a história de vida do protagonista desta rubrica.
Natural de Leiria, Vasco (golo) Gonçalves deu os primeiros passos no futebol ao serviço do Sport Clube Leiria e Marrazes, histórico emblema do distrito leiriense. As suas qualidades vieram imediatamente ao de cima e o avançado caiu de pronto no radar do Benfica, clube que representou durante quatro anos. Voltaria a casa para terminar a formação, vestindo as camisolas de UD Leiria e GRAP. Os festejos foram sempre comuns a todas as realidades por que foi passando e a celebrar continuou ao serviço de Fátima, Ginásio de Alcobaça, Alqueidão da Serra e Guiense. Golos em catadupa e constantes distinções de melhor marcador da AF Leiria. Aquilo a que na gíria futebolística convencionou chamar-se de um autêntico matador.
Mas não é apenas dos relvados (e no passado muitas vezes pelados...) que reza a história de Vasco Gonçalves. Porque o destino reservou-lhe um desafio: a areia. O futebol de praia.
«Fui desafiado a integrar a equipa de futebol de praia do GRAP [Grupo Recreativo e Amigos da Paz, clube dos Pousos, em Leiria] e gostei. Adaptei-me, as coisas foram correndo bem e tudo acabou por acontecer naturalmente», começa por dizer Vasco Gonçalves a A BOLA. Mas o que o foi, afinal, natural? Contamos-lhe, caro leitor: passado algum tempo (e muitos golos depois), o avançado foi chamado... à Seleção Nacional de futebol de praia.
«Uma honra e um privilégio que não consigo descrever. Vestir a camisola de Portugal é chegar ao topo dos topos, ouvir o hino é arrepiante, uma sensação absolutamente indescritível», confessa.
A estreia de Quinas ao peito aconteceu em meados de 2024, num jogo frente ao Japão, sendo que, atualmente, o leiriense já contabiliza 10 internacionalizações. E também na areia já teve a possibilidade de deixar bem vincada a sua imagem de marca: o golo. Marcou diante da seleção de Itália, na fase final da Liga Europeia realizada este ano, em Viareggio, precisamente em solo transalpino.
«Naturalmente que esse golo também é outro dos momentos que jamais irei esquecer. Ser internacional português, repito, é uma honra, pelo que não há nada mais distintivo para um jogador do que representar o seu país, seja qual for a modalidade. Mas marcar um golo por Portugal também é uma sensação de explosão. Nem consigo relatar o que me passou na alma depois da bola entrar, é uma mistura de sentimentos incrível», recorda o... internacional luso.
Aos 29 anos, Vasco Gonçalves ainda tem muito para dar ao futebol, quer seja na realidade atual do distrital, espaço competitivo pelo qual assume nutrir «muito carinho», ou nos areais. Dependerá sempre da questão profissional.
«Sou comercial numa empresa de produtos de higiene e limpeza e de máquinas e equipamentos, pelo que o meu plano de vida, por esta altura, está muito mais centrado na vertente profissional do que propriamente no futebol. No entanto, e desde que consiga ir conciliando as duas coisas, jogarei até o corpo me deixar», admite o goleador, que não esconde, ainda assim, a ambição de conquistar um título por Portugal: «Se tudo o que já referi é mais do que suficiente para me encher de orgulho, não faço ideia do que poderei vir a sentir caso tenha a oportunidade de vencer um troféu em representação do meu país. Não vivo obcecado com isso, até porque temos muitos bons jogadores que fazem parte do espaço da Seleção Nacional e outros que estão na forja para jogarem pela equipa de todos nós, mas caso consiga conquistar um título por Portugal chegarei ao cume da montanha.»
Para a história ficará eternamente o Benfica: «A honra de jogar no clube do meu coração»
O trajeto de Vasco Gonçalves contemplou vários símbolos, o respeito que tem por todos os clubes que representou é enorme, mas houve um emblema que o tocou particularmente: o do Benfica.
E a explicação é simples: estamos a falar do clube do qual é adepto e pelo qual vibra desde que se conhece. «Nasci benfiquista, nunca o escondi, e sempre sofri muito pelo clube. Com total equilíbrio, naturalmente, mas desde muito novo que vibro com o Benfica. Assim sendo, e mesmo tendo sido quando ainda era muito pequeno, a grande verdade é que ter tido o privilégio de jogar no Benfica durante quatro anos [dos sub-10 aos sub-14] é algo que jamais será apagado da minha história», recorda, carregado de saudosismo.
Hoje, já homem feito, Vasco Gonçalves continua a ser... vermelho, mas reforça o sentimento que viveu: «Será para sempre um orgulho poder dizer que tive a honra de jogar no clube do meu coração.»