João Félix não foi o único: os jogadores que festejaram efusivamente golos contra ex-clubes
Simão Sabrosa (IMAGO)

João Félix não foi o único: os jogadores que festejaram efusivamente golos contra ex-clubes

INTERNACIONAL04.12.202318:33

Avançado português não se cansou de celebrar diante do Atlético de Madrid e fez recordar outros jogadores que, ao enfrentaram uma equipa que já tinham representado, não hesitaram em correr, saltar, gritar ou beijar o símbolo do novo clube

Mais do que a exibição inspirada de João Félix contra o Atlético de Madrid, o avançado deu que falar pela celebração que fez, após marcar à equipa que despendeu 126 milhões de euros pela sua contratação em 2019. Correu, pôs-se em cima do placar publicitário e abriu os braços para receber a louvação dos adeptos blaugrana. Cerrou depois os punhos e ainda mandou um beijo na direção dos adeptos colchoneros

O português foi mais um exemplo de um jogador que não hesitou em celebrar um golo contra uma antiga equipa sua. Desde Portugal até Inglaterra e Itália, são vários aqueles que deixaram o passado para trás e não se importaram de festejarem contra um emblema que outrora foi seu, esfregando sal em feridas que, em várias ocasiões, ainda não haviam sarado. 

Simão Sabrosa – o leão que ganhou asas

Criado para o futebol no Sporting, Simão Sabrosa estreou-se aos 17 anos, marcou no seu primeiro jogo e rapidamente foi acarinhado pelos adeptos dos leões, que o viram sair para o Barcelona por um então valor recorde para uma venda do clube - 14 milhões de euros. A aventura catalã não foi feliz e em 2001 regressou ao futebol português pela porta do Benfica, que apresentou maior fulgor financeiro do que o Sporting. Assim começou um casamento muito frutuoso entre as águias e o extremo, que o fizeram persona non grata no outro lado da 2.ª Circular lisboeta.

Simão fez 13 jogos contra a sua primeira casa no futebol sénior, marcou cinco golos, sendo um dos mais memoráveis um remate de fora da área nos oitavos de final da Taça de Portugal de 2004/05. Sabrosa foi imediatamente engolido pelos colegas de equipa, até porque esse golo fez o 3-3 final, já aos 118 minutos, enviou o jogo para as grandes penalidades, onde o Benfica venceu. 

Robin van Persie – o romantismo frente à glória

Durante oito anos, Robin van Persie fez as delícias dos adeptos do Arsenal, marcando 133 golos e chegando a capitão dos gunners, tornou-se num ídolo do emblema londrino. No entanto, só ganhou uma Taça de Inglaterra e com o desejo de conquistar a Premier League a crescer com cada ano que passava, em 2012, van Persie anunciou que não iria continuar com o Arsenal. O Man. United estava a chamar.

«Ouvi o pequeno rapaz dentro de mim, ele estava a gritar pelo Man. United», contou mais tarde, citado pelo Daily Mirror.

Mudou-se então para os red devils e foi feliz logo na primeira época, a última de Sir Alex Ferguson, ao ajudar a equipa a ganhar a sua última Premier League até hoje, com 28 golos marcados – dois deles ao Arsenal. Na época seguinte, repetiu o feito e a forma como celebrou mostrou, para a tristeza dos fãs do Arsenal, que van Persie era mais feliz do que nunca na sua nova casa.

Maxi Pereira sempre gostou da Luz

Chegado ao Benfica em 2007, Maxi Pereira tornou-se no segundo estrangeiro com mais jogos de sempre pelo clube (333, apenas atrás de Luisão) e ganhou tudo o que havia por ganhar em Portugal. Mas após um desentendimento com a direção encarnada, o lateral uruguaio mudou de ares e chegou ao FC Porto em 2015. 

Rapidamente se tornou numa figura importante nos dragões e, na sua segunda época, num Estádio da Luz em que tantas vezes celebrou, fê-lo pela primeira vez com uma camisola azul e branca ao marcar o único golo do FC Porto num empate com o Benfica (1-1). Para além de castigar a sua antiga equipa, levou a mão ao ouvido, com vontade de ouvir os assobios dos adeptos que muitas vezes o haviam exultado.

A corrida interminável de Adebayor

As três temporadas de Emmanuel Adebayor no Arsenal foram repletas de altos e baixos, com destaque para a época 2007/08, quando fez 30 golos, atraindo assim a atenção de alguns tubarões do futebol europeu, o que o levou a dizer, citado pelo The Guardian: «Sonhava em jogar pelo Arsenal, mas agora tenho a hipótese de jogar em alguns dos maiores clubes do mundo.» Os adeptos dos gunners não gostaram deste comentário e, após uma temporada em que não deixou saudades, o avançado mudou-se para o Man. City

O primeiro jogo de Adebayor frente à sua antiga equipa foi na casa do City, ele marcou de cabeça e não hesitou – com uma velocidade estonteante, correu o comprimento de todo o campo para poder deslizar e posar perante os adeptos do Arsenal, que estavam completamente possessos, atirando garrafas e moedas na direção do jogador.

Adebayor disse que os seus antigos fãs haviam insultado a sua família e acabou por pedir desculpa pelo festejo, mas este, para o bem ou para o mal, tornou-se numa imagem marcante da história da Premier League. 

Bonucci e uma traição perdoada

Foram 13 épocas de Leonardo Bonucci a representar a Juventus – 502 jogos pela vecchia signora, o quinto registo mais alto da história do clube – e dezenas de troféus partilhados. Mas, estranhamente, essa união foi interrompia numa época (2017/18), quando central assinou pelo AC Milan.

E quis o destino que, na primeira vez em que enfrentou a Juventus pelos rossonerri, Bonucci marcasse de cabeça e não hesitasse em deslizar pelo relvado, sem compaixão pelos sentimentos dos adeptos da Juventus. No entanto, tudo foi perdoado e o defesa voltou no final dessa época aos bianconeri, onde ficou até 2023. 

Wayne Rooney – o Simão Sabrosa inglês

Formado no Everton, Wayne Rooney deu-se a conhecer ao mundo do futebol com 18 anos, quando despontou nos seniores dos toffees. As suas exibições chamaram a atenção do Man. United, clube que o contratou em 2004 e onde faria 559 jogos, ganharia tudo o que havia para ganhar e se tornou numa lenda moderna dos red devils

Os adeptos do Everton viram o “seu” miúdo a ser felicíssimo noutro lado, sem trazer nada em retorno para o clube de Liverpool. E o pior de tudo foram as cinco vezes em que Rooney marcou ao Everton, tendo numa delas, em 2007, celebrado em Goodison Park ao saltar perante os adeptos irados da casa e beijar o símbolo do Man. United, o emblema onde sempre foi mais Feliz.