Desejo concretizou-se: «Sonho de criança era estar num campo a cantar o hino»
- Depois está durante alguns anos na elite nacional, antes de rumar ao Torreense, onde vence um título nacional de clubes.
- Quando o Sérgio, que era um diretor do clube e que agora, curiosamente, está lá novamente, veio apresentar-me o projeto, que passava pela subida de divisão, fiquei seduzido. Nessa altura, junho/julho, os jogadores estavam todos a ajudar um colega de equipa a fazer uma piscina, e esse sentimento de união que eu constatei fez-me gostar ainda mais do conceito. Já no passado o [Marçal] me tinha dito que o Torreense andava a subir de divisão. E quando eu assinei, liguei-lhe logo a contar porque tinha-me lembrado do que ele me tinha dito.
- Vamos abrir o espaço Seleção Nacional. Mas além de poder dizer que é internacional, tem ainda a honra de poder dizer que é campeão da Europa. Foi o momento mais marcante da sua carreira?
- Claro que sim, sem dúvida. O título pelo Torreense também foi marcante, mas este Europeu pela Seleção… [suspiro]. Cheguei à Seleção Nacional com 33 anos e isso vai bater no que já disse, que os jovens podem ver a minha carreira como exemplo. Tanto colegas como outras pessoas diziam que depois dos 30 anos já não chegaria à Seleção Nacional, mas eu tinha esse sonho. E se eu acabasse a carreira e não fizesse de tudo para que esse sonho se concretizasse, eu não me perdoaria. Quando era criança, o meu sonho era estar num campo a cantar o hino. Nunca pensei em ser campeão europeu. Nunca na vida.
- Foram vocês que escreveram a primeira página de uma história dourada que ainda hoje perdura, felizmente. Como é que recebeu a notícia dessa primeira convocatória?
- Foi o mister [Carlos] Teixeira, com quem estive no Torreense, onde fomos campeões. Também lhe devo isso a ele. Depois de um ano em que não me correu tão bem ele disse-me ‘preocupa-te mais contigo e não tanto com os outros’. Essa frase foi a chave. Fui buscar a minha mulher ao trabalho, já depois das 23 horas, e ele ligou-me a dar a notícia. A minha reação? Bolas, finalmente consegui. Depois fui para casa e continuei a conversar com a minha mulher sobre isso, foi muito interessante.
- Terminada a carreira enquanto jogador, a pergunta impõe-se: como será o futuro? Ligado ao futsal?
- Pelo futsal passará sem dúvida alguma. Ainda não tenho nada planeado. Acabei o meu curso de Personal Trainer e quero trabalhar com jogadores.
- E como treinador?
- Não, isso esqueça. Eu não vou conseguir lidar com personalidades. Será mais na componente física, na preparação, trabalhar o detalhe, até com crianças. Quando tiver mesmo a certeza, anunciarei. Mas será sempre ligado ao futsal, isso sem dúvida. Não faria sentido criar uma carreira num desporto que me diz muito e depois trabalhar numa coisa que não tivesse nada a ver com isso. Iria sentir-me triste e incompleto.
Família e amigos juntaram-se a A BOLA
O momento era convidativo, a equipa de reportagem de A BOLA colocou-se ao caminho e o resultado foi um misto de sorrisos e lágrimas (de felicidade). Falamos dos vários vídeos que a produção do nosso jornal conseguiu recolher para, durante a entrevista, mostrar a Tunha. Familiares e amigos de uma vida não faltaram à chamada e todos eles receberam o «muito obrigado» sentido do antigo craque.
Também por isso, A BOLA faz questão de agradecer publicamente a Isabel Fortes (mãe), Edite (tia), Jonathan (irmão), Lia (esposa) e filhos, Alex (primo), Jorge Brás (Selecionador Nacional), Pany Varela, Bebé e André Coelho (antigos companheiros de Tunha).
Com o contributo de todos, o trabalho do lado de cá ficou (bem) mais facilitado e Tunha teve mais uma possibilidade de reforçar o carinho que tantos e tantos lhe têm. Foi um gigante dentro das quadras, continuará a sê-lo fora delas. Muitos parabéns pela bonita carreira, Tunha.
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