Conheça a bolha digital que influencia(rá) as eleições do FC Porto
André Villas-Boas e Pinto da Costa são adversários nas eleições. Foto: EDUARDO OLIVEIRA/ASF

Conheça a bolha digital que influencia(rá) as eleições do FC Porto

NACIONAL02.01.202408:46

Redes sociais usadas como veículo de propaganda, tudo à distância de um clique, like ou comentário; conquista de votos na autoestrada do ciberespaço; mensagens de ódio e ameaças de violência são o fator mais negativo

É tudo fruto de uma nova era digital, mas é uma verdade insofismável que as redes sociais têm hoje em dia um papel relevante no plano eleitoral – diríamos mesmo decisivo – na altura em que quem vota é influenciado por tudo o que lê, vê ou comenta nas redes sociais. Esse fenómeno, dizem os estudos, pode mudar a opinião das pessoas em relação aos candidatos.

Feito este introito, A BOLA procura comprovar que o Facebook, Instagram, X, Tik Tok ou Linkedin terão um papel de relevo nas próximas eleições, em abril, nas quais André Villas-Boas e Pinto da Costa, este último ainda sem desvendar publicamente a sua intenção de avançar para um novo mandato no cadeirão presidencial do FC Porto e o ex-treinador também em processo de intenções, devem esgrimir argumentos para convencer os sócios a votarem nos projetos para o clube. Nuno Lobo é o único que já anunciou a sua recandidatura, depois de ter sido derrotado em 2020, sendo o terceiro mais votado, atrás do atual presidente e de José Fernando Rio.

Nos últimos anos, as redes sociais passaram a ocupar um papel muito importante na política, assim como em todos os outros ramos da sociedade. A internet passou a ser, através das redes sociais mais usadas em todo o Mundo, um meio de transmissão de pensamento e ideias, ainda que exista muita desinformação, criada sobretudo pelas ‘fakes news’ e pelo discurso de ódio e de violência.

Já deu para notar o poder que as redes sociais têm no pensamento e opinião das pessoas, ao ponto de se criar um clima de grande tensão como aquele que aconteceu no Dragão Arena, numa Assembleia Geral que fica marcada pelos piores motivos na história do clube azul e branco. No rescaldo da polémica reunião magna, Pinto da Costa, em entrevista à SIC, apontou o ambiente hostil que se criou antes do evento nas redes sociais.

«O que tenho a dizer é o que todos sentem. Foi um momento muito desagradável, muito mau mesmo. Ver sócios contra sócios… Tenho de lamentar tudo o que aconteceu e já tomámos todas as providências para que não se volte a repetir na próxima Assembleia Geral. Estão a decorrer dois inquéritos, um nosso e outro do Ministério Público, para apurar os responsáveis por aquilo que se passou. Agora resta aguardar calmamente. Não vou dizer quem são os principais responsáveis, porque me estaria a antecipar aos inquéritos. Houve fatores, através das redes sociais, houve incitamento para que as pessoas viessem em grupos, se colocassem nos cantos e filmassem tudo o que pudessem. Não percebi a intenção», contestou na altura.

 

DEBATES OU ATAQUES?

Ao passo que Pinto da Costa sempre usou os canais do clube e a SIC para passar as suas mensagens, André Villas-Boas recorreu às suas redes sociais para responder e criticar a atual Direção do clube e a Administração da SAD. É, portanto, no mundo digital, visto por muitos como o grande futuro de toda a comunicação social, já que o papel impresso perde a cada dia mais leitores, que o putativo candidato comunica com o universo portista, numa altura em que, sem sombra de dúvidas, estão criadas duas fações: a do ex-treinador e do atual presidente.

Esta denominada bolha digital poderá ter um peso decisivo nas eleições do FC Porto, numa batalha que será levada aos extremos e que promete ser titânica no mundo das redes sociais. As ferramentas em si nunca são um problema, pois todos podem usá-las; o problema está na forma como é usada, na maioria das vezes com o recurso a manipulações, ataques pessoais, ódio e até ao incitamento à violência.

No caso dos dois mais fortes candidatos, há claramente comunidades para gerir desinformação de parte a parte, manipulação de ideias, causando o caos e polarização entre os internautas. Será uma espécie de ecossistema que neste caso concreto tem mais contras do que prós, com armadilhas constantes em que a função é inflamar grupos de pessoas, apoiar o compartilhamento de conteúdos falsos sempre em prejuízo do adversário.

PORTAL DOS DRAGÕES E PORTO 'ON TOUR'

Para se ter uma ideia de como as movimentações nas redes sociais alusivas a tudo o que diga respeito ao FC Porto estão ao rubro basta seguir com atenção algumas das páginas que habitualmente são mais ativas. Uma delas é o Portal dos Dragões, que também tem agora extensão no X e que está a ser acusado de ter tomado a posição de apoiar incondicionalmente a recandidatura de Pinto da Costa, tendo em conta algumas recentes publicações que provocaram enorme divisão no universo portista, como por exemplo uma em que se atacou o comportamento de Jorge Costa, expulso num jogo por bocas enviadas a um árbitro. O antigo capitão do clube é, alegadamente, apoiante de André Villas-Boas.

Por outro lado, há uma página com muitos seguidores chamada Porto On Tour, que assume estar ao lado de André Villas-Boas e que contesta bastante a gestão da SAD e lança sucessivos ataques ao facto de os responsáveis portistas estarem reféns de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões.

É, portanto, neste emaranhado de opiniões polémicas e perigosas que se vive no reino digital azul e branco. E a verdade é que, para um lado ou para outro, esta bolha digital terá enorme peso na hora do escrutínio dos associados. Com discursos de ódio ou de incitamento à violência, é o FC Porto que fica literalmente a perder.

WISE PIRATES 'APOIA' PINTO DA COSTA

Pinto da Costa já reiterou muitas vezes publicamente que não tem redes sociais e que desconhece o que se escreve sobre si nessas plataformas. Ainda assim, pessoas do círculo próximo do presidente do FC Porto dão-lhe a conhecer tudo o que se passa nesse veículo de transmissão de ideias e pensamentos. A BOLA sabe que a empresa Wise Pirates, interpelada por membros da fação Pinto da Costa, está no terreno a elaborar um plano de marketing digital, que inclui naturalmente a dinamização das redes sociais, para ajudar Pinto da Costa a ter sucesso na corrida presidencial, pois o dirigente e os seus apoiantes já perceberam que André Villas-Boas move-se bem na autoestrada digital.

Os ‘comícios digitais’ são feitos através de mensagens concisas e assertivas, para que o eleitorado a receba sem qualquer filtro e entre imediatamente no seu subconsciente. Nesse sentido, Pedro Barbosa, CEO da empresa em questão, disse numa entrevista «em tempos pandémicos o que representa a Wise Pirates no mercado digital. «O nome Wise Pirates baseia-se em duas vertentes que assentam no princípio de diferenciação e disrupção que trouxemos para o mercado português – uma vertente de conhecimento e outra de atitude. No conhecimento, sabemos que nos dias de hoje a única possibilidade de realmente acrescentar valor é ter grande maturidade digital e conhecimento profundo que misture negócio, com marketing e parte de engenharia. É nessa fusão que acrescentamos valor. Na atitude, porque viemos trazer uma abordagem ao mercado de partilha de risco e total transparência, misturada com grande proximidade dos clientes e agilidade extrema. A coesão da nossa equipa é um elemento central de todo este posicionamento estratégico e o facto de sermos independentes é crítico para nos divertirmos, enquanto contribuímos de forma decisiva para a maior maturidade do ecossistema digital em Portugal», disse à Human Resorces.

«O core da nossa atividade é o marketing de performance. Desenhamos, operacionalizamos e executamos estratégias de comunicação digital multicanal, que incluem, além da liderança de expertise em áreas como redes sociais e Google, áreas como automação de marketing, e-commerce end-to-end, Marketplaces (Amazon, Worten, etc), Customer Relationship Management (CRM) e Customer Data Platform (CDP), Search Engine Optimization (SEO) e Search Engine Marketing (SEM), projetos de data e produção de sites de e-commerce em Shopify, além de uma alargada oferta de GMP e Cloud. Na prática, mais que ajudar as empresas só no digital, usamos o melhor do digital para ajudar as empresas em todos os domínios do seu negócio», explicou Pedro Barbosa ainda.