«Benfica não pode defrontar o FC Porto com medo»

NACIONAL08.11.202406:00

António Simões, campeão europeu pelo Benfica, não gostou da forma como os encarnados se apresentaram em Munique e já deixa fórmula para os jogadores atacarem o clássico

António Simões, campeão europeu pelo Benfica em 1961/62, é voz autorizada para analisar o Benfica europeu que saiu derrotado em Munique, pelo Bayern (0-1), esta quarta-feira, na Liga dos Campeões.

O antigo extremo dos encarnados e da Seleção Nacional não aprova a forma como a equipa se apresentou em Munique: «Alguns aspetos caíram mal, quem conhece o clube e a história diz que parece que estamos com medo de jogar. É excesso de zelo, é demasiado, temos de ter cautelas, o adversário é de grande valor, mas era preciso tanto?»

António Simões, antigo avançado do Benfica. Foto: Miguel Nunes

Simões reforça: «Houve planeamento e organização, o plano parece que foi cumprido, mas houve excesso de zelo na estratégia, a equipa não se libertou. Toda a gente ficou agarrada à estratégia e ao plano de jogo. Benfica jogou em 40 metros e não jogou em 80 metros, assim não é possível. Por isso diria que a estratégia não resultou, a parte defensiva foi cumprida, a parte ofensiva não aconteceu.»

Um histórico do clube, Simões diz que os benfiquistas não gostam de ver a equipa jogar assim: «É questão cultural, não é questão futebolística. Benfica a fazer figura de clube mais pequeno, inferior, não é consentâneo com pensamento e história do adepto e do clube.»

Há um clássico com o FC Porto à porta. «Será seguramente diferente, mas não é por frases feitas, como mudar o chip ou dizer que são competições diferentes. É questão de jogadores e treinador se libertarem e pensarem que o talento tem de estar presente. Não é só planeamento e estratégia, tem de ser talento e capacidade dos jogadores. Neste jogo com o FC Porto, todos os medos têm de desaparecer, Benfica não pode entrar em campo a 50 metros da área adversária. Benfica tem de jogar mais perto da área do FC Porto», alerta.

António Simões deixa, pois, uma mensagem: «A responsabilidade pelo que aconteceu tem de ser distribuída, fui jogador e tive vários treinadores e nunca tive um treinador que tivesse de dizer-me como deveria jogar, sabia a minha função e o que fazer. Quando as coisas não estão bem há que ajudar o treinador, a estratégia não funcionou, mas também não vimos jogador algum a tentar mudar isso. Por isso, agora há que fazer as coisas de maneira diferente com o FC Porto. O Benfica não pode defrontar o FC Porto com medo.»