Ausência de Israel e a equipa de dois sistemas: tudo o que disse Rui Borges
– Julga que a vitória do Sporting foi justa?
– Mais do que justa. Com o resultado em 2-0, o jogo estava controlado, apesar de estar repartido. Encaixámos alguma pressão devido ao facto de os nossos médios estarem um bocadinho desconfiados de saltarem na frente, o Hjulmand também não está a 100%. Tirando isso, fomos capazes e competentes, depois, não podemos sofrer o 2-1 num lance que está completamente controlado, a acabar a 1.ª parte. Num segundo de falta de rigor, sofremos o golo e deixamos o adversário acreditar, quando este não fizera nada para que isso a acontecesse. Na 2.ª parte, eles entraram a acreditar na reviravolta do resultado. Foi um início competitivo, o Rui Silva faz uma boa defesa num livre, tirando isso, fomos crescendo e melhorando, as substituições ajudaram muito, Morita e Geny entraram muito bem. Chegámos ao 3-1 e depois disso, o Casa Pia e perdeu energia. Tentaram mais bolas longas que nos controlámos. Por isso, foi uma vitória mais do que justa.
– A entrada de Morita mudou por completo o jogo?
– Sim, foi importante, mas o Geny também, que deu uma energia no poderio ofensivo que o Quenda não estava a dar. Foram dois jogadores importantes naquilo que foi o acalmar o jogo e termos mais posse de bola. Em termos de intensidade, as duas equipas são competentes e do outro lado estava uma equipa que não perdia em casa desde agosto. Quando nos faltou essa pressão mais perfeita, fomos competentes e fortes nos duelos. Tirando o golo, num lance que nós tínhamos controlado, o Esgaio está no lance, demorou um segundo a atacar a bola e acabámos por sermos penalizados por isso, e o jogo estava controlado, o Casa Pia não nos criou grande perigo. O início de 2.ª parte é que foi mais competitivo, com menos qualidade, não tínhamos tanta bola como gostaríamos, mas fomos crescendo e as substituições de Morita e Geny foram muito importantes nesse sentido.
– A luta pelo título está reduzida ao Benfica e ao Sporting?
– Não sei. A minha leitura é que temos de nos focar no que controlamos. É natural que se veja que o Benfica está perto, tem os mesmos pontos se vencer o jogo em atraso, mas tirando isso é sermos nós e controlarmos os nossos jogos. Faltam nove jogos muito difíceis para todos, para nós, para o Benfica, o FC Porto e o SC Braga, que não convém esquecer, está num crescendo de forma, mas temos de nos focar nos nossos jogos e sermos capazes de perceber que a equipa está a crescer em termos de confiança, de energia. Os adeptos corresponderam ao nosso apelo de virem aqui, sentimos que jogámos em casa dada a moldura humana sportinguista que foi fantástica. É isto que importa, é sentirmos que estamos todos ligados, mesmo quando as coisas não correrem tão bem, que os adeptos se mantenham sempre a apoiar a equipa.
– Qual é o impacto de ter Gyokeres disponível na preparação dos jogos?
– Não fugimos à importância do Viktor, é impossível, por tudo o que ele dá a equipa. É um fenómeno, tem tudo, técnica, força, velocidade, é impressionante, antes de trabalhar com ele já achava que era um dos melhores avançados que já passou no nosso campeonato. E é clara a importância dele na nossa equipa, que é demonstrada também pela sua capacidade de fazer golos e a equipa também se agarra a isso nalguns momentos e faz parte. São as nossas características enquanto equipa, de forma coletiva e individual, e saber aproveitar aquilo que cada um dá de forma individual, o Gyokeres, o Trincão, o Geny. O Morita também tem uma capacidade de leitura jogo muito à frente, o Hjulmand é igual, são muito experientes e por tudo o que é o passado deles no clube, são jogadores muito importantes.
– O Sporting marcou um golo de bola parada em três jogos consecutivos, o que é que mudou neste aspeto?
– Nada, nós já tínhamos uma percentagem alta de duelos ganhos nesses lances, só faltava a finalização. Eles acreditam no que trabalhámos, mais do que o rácio de finalização, a percentagem de bolas ganhas nesses lances era muito alta. Era uma questão de melhorarmos a finalização.
– Sentiu que Hjulmand precisava de ganhar ritmo neste jogo e foi por isso que o colocou no onze inicial? E porque é que Franco Israel esteve ausente da convocatória?
– O Franco teve um pequeno problema e não estava disponível. Acredito que não seja nada demais e que volte em breve. Em relação ao Hjulmand, sabíamos que não estava a 100%, mais a nível de performance física, ele não voltou assim há tantos dias quanto isso, mas a importância dele em campo é grande. O Eduardo Felicíssimo tinha feito um grande jogo contra o Estoril e hoje também entrou muito bem, mas tem muito a ver com a capacidade da liderança em campo, o quanto representa para os colegas, é importante ter esta malta em campo, que liga a equipa. E depois, é um jogador muito bom, eu já dizia que ele e o Gyokeres são os dois melhores jogadores do campeonato, com todo o respeito por todos os outros.
– Agora que venceu o terceiro jogo consecutivo ao serviço do Sporting, esta é uma equipa cada vez mais à sua imagem?
– Mesmo quando as coisas não correrem tão bem, vou dizer que a equipa está à minha imagem. Dentro daquilo que é a ideia de jogo, estamos melhores em termos de confiança, energia, competitividade, gosto que as minhas equipas sejam competitivas, e nesta fase temos de nos focar no que vamos ser em termos competitivos. Todas as equipas vão querer ganhar nesta reta final, dão sempre o triplo quando jogarem contra equipas grandes. Agora, começa a ficar à nossa imagem, os jogadores começam a perceber alguns comportamentos e no futuro, acredito que será uma equipa capaz de iniciar um jogo tanto num sistema como no outro. E quando tivermos todos disponíveis, será claramente uma equipa diferente, com outra qualidade no processo ofensivo. Geny, Hjulmand e Morita estão a voltar, esperemos que o Pedro Gonçalves volte em breve. Foram jogadores muito importantes em campeonatos que o Sporting já venceu no passado.