V. Guimarães-Benfica, 0-3 Águias dão lição de eficácia e mostram que sabem sofrer (crónica)
Encarnados conseguem vitória gorda na 30.ª jornada em duelo muito difícil
O jogo entre o Vitória e o Benfica começou ligado à corrente, com o terreno pesado em algumas zonas e rápido noutras, em consequência da chuva.
Num 4x3x3 agressivo, a equipa de Luís Freire entrou muito melhor, a querer e a conseguir pressionar a saída de bola das águias e a conseguir, também, ganhar a segunda e terceiras bolas. Tomou conta do corredor interior e nesta altura projetava-se sobretudo pelo flanco esquerdo, colocando dificuldades a Tomás Araújo, que via à frente dele Di María errar passes e dribles e sem capacidade para defender bem. O perigo rondava a baliza de Trubin, mas sem muitos lances de golo iminente à exceção de um, logo aos 2', em que Telmo Arcanjo teve tudo para marcar mas atirou ao lado.
O Benfica — no habitual 4x3x3 que se transforma num 4x4x2 no momento de defender, com Aursnes a juntar-se a Pavlidis na pressão alta e Kokçu e ligar-se a Florentino para fechar ao meio — ia resistindo e pareceu ter na cabeça a estratégia de chamar, dar protagonismo ao Vitória para depois se lançar em transições rápidas. O problema é que a equipa ia ficando refém de maus passes e más decisões. Até que, aos 21', soube construir uma jogada fantástica que começou em Trubin e acabou no festejo de Pavlidis — Tomás Araújo combinou com Florentino junto à linha, à direita, este deu para Aursnes, devolução, Florentino passou para Pavlidis, o grego fez grande variação para a esquerda, onde Akturkoglu ganhou metros com a bola nos pés e lançou Kokçu; remate, defesa de Bruno Varela e Pavlidis com um timing perfeito fez o 1-0 para os encarnados.
O Benfica ganhou confiança e mais tranquilidade quando tinha a bola. Kokçu conseguiu finalmente ter tempo para respirar, levantar a cabeça e ligar um pouco melhor a equipa. Mas a resposta do Vitória foi à altura da exigência. Até ao intervalo, Trubin fez duas grandes defesas (especialmente a primeira, brutal), a remates de cabeça de Filipe Relvas e de fora da área de Nélson Oliveira. Deu claro sinal que não iria entregar o resultado com tanta facilidade.
Previa-se um jogo difícil para o Benfica em Guimarães, mas a primeira parte foi realmente de muito aperto para os homens liderados por Bruno Lage. O Benfica construiu muito pouco e teve de sofrer bastante até ao intervalo.
A segunda parte devolveu um Benfica com dificuldade para ter bola, a errar passes de transição. E um Vitória a querer mais vertigem, mas mais desequilibrado.
Equipa melhorou com a saída de Di María e a entrada de Schjelderup
Ao minuto 50, Di María ficou agarrado à coxa e pediu substituição, o que enervou um pouco a equipa. Entrou Schjelderup e o Benfica melhorou substancialmente, o norueguês deu mais consistência defensiva, velocidade e imprevisibilidade ao ataque. Porém, quase de seguida, aos 54', Gustavo Silva quase fez golo, depois de abordagem em esforço de António Silva. Os sinais aumentavam a incerteza sobre quem poderia vencer o jogo.
Freire lançou em campo Nuno Santos e a aposta trouxe coisas novas ao Vitória. Poderia ter trazido o golo, mas Nuno Santos rematou de cabeça por cima da trave.
Ao minuto 67 novo problema para os encarnados: Tomás Araújo ficou estendido no relvado. Ainda aguentou mais uns minutos, mas saiu aos 72'; Lage fez entrar Leandro Barreiro e Aursnes passou para lateral-direito.
Tomás Araújo saiu e Aursnes voltou a ser lateral-direito
A partir desta altura o Vitória pareceu perder energia e o Benfica ganhou-a, instalou-se mais em zonas de potencial perigo. Em consequência dessa oscilação, Schjelderup teve nos pés o golo, mas Bruno Varela fez uma grande defesa. O guarda-redes, porém, não conseguiu parar a finalização de Carreras, aos 77', depois de grande trabalho do lateral espanhol.
Até final, mais uma defesa enorme de Trubin, a remate de Jesús Ramírez, e mais um golo do Benfica, marcado por Pavlidis na recarga a livre de Kokçu e na sequência de má intervenção de Varela.
O Benfica terminou com um resultado gordo e improvável tendo em conta o que foi contando o jogo. Mas lutou muito, sofreu, defendeu bem e mereceu, sendo muito eficaz, a conquista dos três pontos. E faltam 4 finais, para Benfica e Sporting, no caminho para a conquista do campeonato...
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Este triunfo foi de extrema importância e a equipa estava ciente dessa responsabilidade num muito difícil e perante uma formação que tem efetuado uma grande época. Este foi o triunfo que requereu sofrimento, muito trabalho e momentos de aflição, que foram suplantados por uma rara eficácia explicada pot 8 remates, dos quais 7 foram à baliza e 3 deram golo. Não menos importante foi a exibição de Trubin, que manteve a baliza inviolada com grandes defesas. Os melhores em campo: Trubin, Florentino e Pavlidis. O árbitro está na linhagem da arbitragem à portuguesa ao assinalar faltas e faltinhas que culminam numa mais que justificada e natural ausência do Mundial de Clubes.