Abel vs. Oliveira: «Palmeirense como a gente» defronta «o Tonhão da Fiel»
Abel Ferreira (foto Imago)

ANTEVISÃO Abel vs. Oliveira: «Palmeirense como a gente» defronta «o Tonhão da Fiel»

INTERNACIONAL18.02.202407:30

Abel, o treinador mais amado da história do Verdão, e Oliveira, já abraçado pela impulsiva torcida corintiana, estarão hoje, frente a frente, no dérbi paulista. É às 21h, em Barueri, para o Paulistão

«Minha senhora, a senhora não sabe o que é um Palmeiras-Corinthians», diz o treinador do Palmeiras, personagem vivida por Lima Duarte, para uma hóspede do hotel, interpretada por Marisa Orth, que se preparava para «desencaminhar» o craque do Verdão, em plena véspera de dérbi com o Corinthians, no filme «Boleiros», de 1998. E Lima Duarte e Marisa Orth, por acaso adeptos do São Paulo, o terceiro vértice do triângulo de gigantes da maior cidade do hemisfério sul, não sabem mesmo: um Palmeiras-Corinthians é além do imaginável.

«Cara, na véspera você não dorme», disse um dia o ex-benfiquista Amaral, que passou pelos dois gigantes, «porque, nesse dérbi, se você acerta ou se você erra, pode ficar marcado para sempre». «Foi o maior clássico que disputei», completou Paulo Nunes, também ex-benfiquista e também ex-atleta de Verdão e de Timão, clubes que se defrontam hoje, às 21 horas, de Lisboa, em Barueri, cidade a cerca de 30 km do centro de São Paulo, para o Paulistão. Nas bancadas, como manda a lei de segurança estadual, só adeptos alviverdes. No banco, dois portugueses.

De um lado, Abel Ferreira, nascido em Penafiel há 45 anos, e do outro, António Oliveira, natural de Lisboa, onde nasceu há 41. O primeiro já ganhou nove títulos pelo Verdão, quase tantos como Oswaldo Brandão, o recordista, mas seguramente mais relevantes, como a Libertadore de 2020 e 2021 ou o Brasileirão de 2022 e 2023. Por essas e por outras, «o amor e a idolatria que a torcida tem por ele é ainda maior do que a que tinha pelos demais, não é exagero achá-lo o maior treinador de sempre do clube», resume Gian Oddi, jornalista da ESPN.

Esses títulos todos em três anos e meio de trabalho e o ímpeto demonstrado na defesa do clube, levam a Mancha Verde, claque oficial do clube, a cantar «cabeça fria, coração quente, Abel Ferreira é palmeirense como a gente», a cada entrada do treinador em campo. «Sou palmeirense mesmo, dificilmente treinaria outro clube no Brasil», reage Abel. Mas se ainda não teve tempo ou motivação para inventar um cântico para António Oliveira, a Gaviões da Fiel na internet já trata o português como um dos seus.

O «filho do Toni», para os portugueses que ainda o associam ao pai, é, para a enorme e apaixonada massa corintiana, o «Tonhão da Fiel«, em comentários e hashtags no mundo digital, depois de em menos de uma semana ter ganho dois jogos, arrumado a equipa e o balneário e acarinhado plantel e adeptos. «Sou mais um no ‘bando de loucos’», disse Oliveira na apresentação, mostrando identificação com a «República Popular do Corinthians», clube fundado, em 1910, por operário do bairro do Bom Retiro, em homenagem ao londrino Corinthian.

Em 1917, o Corinthians enfrentou pela primeira de 378 vezes o Palestra Italia, fundado em 1914 pela colónia italiana de São Paulo, que se tornaria Palmeiras após o governo brasileiro proibir alusões a inimigos na 2ª guerra mundial. Desde então, a rivalidade tornou-se tão shakespeareana que inspirou «O Casamento de Romeu e Julieta», filme de 2005 em que Luana Piovani interpreta uma palmeirense fanática que se apaixona pelo ultracorintiano Marco Ricca para desespero das famílias. Como se vê, esta rivalidade não dava um filme – já deu e muitos. 

EQUIPAS PROVÁVEIS

Palmeiras: Weverton; Gómez, Luan, Murilo; Marcos Rocha, Zé Rafael, Ríos, Raphael Veiga, Piquerez; Rony e Flaco López

Corinthians: Cássio; Fágner, Gustavo Henrique, Félix Torres, Caetano; Raniele, Maycon, Garro; Romero, Yuri Alberto, Wesley