A atitude do Gil Vicente, Quaresma e o dérbi: tudo o que disse Rui Borges
Qual a sua análise a um jogo difícil?
Um jogo onde nos faltou alguma inspiração. O jogo do Gil acabou por nos deixar algo tensos. Fomos criando pouca mobilidade, tomadas de decisão muito erradas, sem necessidade nenhuma, bola muito lenta. Notava-se que faltava ali alguma inspiração. Um jogo difícil, a equipa a defender a baliza, 11 jogadores atrás da linha da bola, pouco espaço. Depois das substituições também acabámos por tranquilizar mais jogo, o Morten também nos dá mais essa capacidade. Era um jogo que tínhamos que insistir. Melhorámos um bocadinho nas reações à perda. Acabámos por ser felizes, com todo o mérito, e com todo o acreditar deste grupo.
Como justifica que o Sporting tenha tido tão poucos remates à baliza? Porque mexeu tão tarde? Impacto emocional desta vitória?
O Gil jogou dentro da área, com 11 jogadores. É tão simples quanto isso. A equipa adversária, se tivesse esta parte competitiva noutros jogos, de certeza que teria mais pontos no campeonato. Tivemos poucos remates enquadrados, mas vencemos. É esse o objetivo.
O impacto emocional é o mesmo. A equipa tem sido incrível, o acreditar deles, o acreditar e de toda a família Sporting é tão grande que, em termos emocionais, a equipa está muito forte.
O que o Sporting tem de fazer de diferente contra o Benfica?
Trabalhar e focar-se no jogo, naquilo que controla. É um jogo tal como os outros, decisivo, como era o de hoje, como será o último, se calhar. Resta-nos focarmos naquilo que é o jogo, naquilo que controlamos, e tentar fazer o nosso melhor.
Concorda com as declarações de Quaresma, que disse que «o Sporting não pode dar uma parte de avanço»?
Normal, estávamos desinspirados. Não fomos capazes de ultrapassar um Gil, com um bloco médio-baixo. Ficámos algo desconfiados uns dos outros, depois de sofrer o golo. Mas é natural, a equipa nem sempre vai estar a mil à hora. Importa-me frisar a alma e a atitude.
Teve a estrelinha hoje? Já sente a pressão do dérbi?
A estrelinha é o meu avô, que está no céu. Se calhar ganhei por ele. Se for esse a estrelinha, agradeço-lhe muito. De resto, é acreditar no trabalho. A pressão existe desde o primeiro dia que vim para aqui. Desde que sou treinador, são os jogos em que eu menos sinto a pressão. Os jogadores já estão motivados por eles próprios. Foco no que consigo controlar. Tentar ao máximo que a equipa esteja preparada, para que consigamos sair de lá com os três pontos.
Sentiu-se emocionado com o golo de Quaresma? O que lhe disse César Peixoto no final do jogo?
Não me disse nada, nem tinha de o fazer. Em relação ao Edu, acabei por ir festejar com o grupo. Foi um extravasar de emoções que às vezes acontece. Foi um aliviar de emoções, não só por aquilo, que estava a ser a dificuldade do jogo, mas também de tudo que tem envolvido este grupo. Acredito que para o Edu também. A energia que sente é incrível e o golo levou a aliviar essas emoções. Feliz com a vitória, feliz com o golo do Edu, porque é um menino especial.
O que quis dizer com «se o Gil tivesse mais atitude competitiva, teria mais pontos»?
Só estou a dizer que se o Gil tivesse a atitude competitiva que teve hoje, teria mais pontos. Foi bem explicita a atitude competitiva dele, até o final do jogo, até quando a bola estava parada. Por isso, levem para onde quiserem.
Sente o peso de poder ser campeão na próxima semana?
Não há peso. Trabalhei muito para estar aqui. A felicidade de treinar o Sporting é muito maior que a pressão que falam. De resto, é intensidade e ansiedade do jogo, mas depois começa o jogo e é viver o jogo. Nasci para o futebol.
Como tem sido trabalhar com Quaresma?
Tem sido espetacular. Não só com ele, mas com tudo o grupo. É um grande grupo, merece muito ser feliz. O Edu é um miúdo especial, tem crescido muito. Adoro todos neste grupo.
Conseguiu identificar o que o Gil Vicente fez para «secar» Gyokeres?
Defendeu à frente da área, é difícil para o Viktor e para qualquer avançado. Dois centrais competitivos, rápidos, que criaram essa dificuldade. Sempre com coberturas de dois para um. Por isso é que eu disse, se tivessem essa parte competitiva durante outros jogos, teriam mais pontos. Foram competentes, foram competitivos e criaram muitas dificuldades. Faz parte do jogo, nem sempre o Viktor vai resolver.