Quando a diferença é assim tão grande é difícil não sonhar (crónica)
Dois golos e uma assistência: se ainda restassem dúvidas, Quenda mostrou porque é que já é jogador de outro nível (UEFA)

Portugal-Polónia, 5-0 Quando a diferença é assim tão grande é difícil não sonhar (crónica)

SELEÇÃO14.06.202522:32

Exibição demolidora da Seleção Nacional vale goleada frente à turma polaca. Assim que o espaço abriu um bocadinho, Geovany Quenda e Roger Fernandes trataram de causar estragos (e Henrique Araújo também contribuiu). Portugal volta a sonhar com um título nos sub-21, mas ainda há arestas a limar...

Às vezes, 15 minutos bastam para mostrar a diferença entre equipas. 15 minutos bastaram para transformar um 0-0 em 3-0, que cavou assim o fosso já evidente entre Portugal e Polónia. A Seleção Nacional, que já tinha deixado uma bela imagem frente a França, voltou a mostrar o porquê de ser uma grande candidata à conquista deste torneio, com goleada que juntou o génio individual, a demolição coletiva e o controlo quando, após o intervalo, teve a noção de que só precisava de gerir a vantagem — e mesmo assim aumentou-a, com o 5-0 como resultado final neste jogo da jornada 2 da fase de grupos do Euro sub-21.

A grande diferença está mesmo na qualidade individual de cada equipa e nunca houve dúvidas dessa divergência. É que, a partir do momento em que, após o primeiro quarto de hora, a Seleção conseguiu explorar os espaços deixados nas costas do bloco baixo da Polónia, a história do jogo ficou por aí. A Seleção mostrou-se paciente no momento de analisar a forma como o adversário ia jogar, construindo a partir de trás até encontrar a chave para desmontar a muralha: encontrar os espaços nas alas e os raros momentos de abertura nas costas. Com um bloco tão fechado como o até então apresentado, podia ser difícil. Só que, quando há aquela tripla na frente… tudo se torna mais fácil.

É mesmo um trio maravilha!

A aposta de Rui Jorge, que tirou Tiago Tomás, titular frente à França, e colocou Henrique Araújo no onze titular ao lado de Roger Fernandes e Geovany Quenda, foi certeira. O avançado do Benfica, que jogou a última época no Arouca, foi peça-chave para desbloquear o encontro: ao minuto 16, cabeceou num lançamento para isolar Roger, que serviu Quenda de bandeja para o 1-0.

Roger Fernandes foi, de resto, o mais ativo dos três avançados no primeiro tempo. Foi sobretudo pelo lado esquerdo que Portugal criou perigo, com Marczuk e Peda, lateral e central, a viverem um autêntico pesadelo perante a vertigem do camisola 21 destes sub-21. Só que, do outro lado, esteve a grande estrela. Geovany Quenda já não é jogador para estes sub-21 e voltou a mostrar porquê. Não agiu tantas vezes com bola — teve menos duelos, toques e passes que Roger — mas mostrou a frieza dos melhores. Oito minutos depois de abrir a contagem, recebeu novamente de Roger Fernandes, bailou sobre dois adversários e, com o pior pé, colocou a bola no ângulo superior da baliza. E quando o ataque à baliza foi má opção, temporizou e soltou na perfeição para Henrique Araújo se desmarcar e encostar para o terceiro.

O extremo do Sporting, que daqui a um ano já será o extremo do Chelsea, deixou um vislumbre sobre o que valem os €52 milhões que os blues investiram. Ainda antes do intervalo, Paulo Bernardo fez o 4-0, que permitia a Seleção respirar e voltar para o segundo tempo sem os dois extremos. O segundo tempo foi… para gerir. Pouca velocidade, pouco risco e ainda um ou outro susto, com Samuel Soares a impedir o golo de honra com um belo voo aos 68’. Nessa altura, porém, já estava fixado o resultado final, com Gustavo Sá a servir Rodrigo Gomes num contra-ataque perfeito para fazer o 5-0.

Ainda há acertos a fazer

Que se desengane quem pensar que a Polónia não criou dificuldades. João Muniz que o diga: mesmo com a linha de cinco defesas, a turma polaca apostou sobretudo pelo lado direito do ataque para explorar, com cruzamentos, o segundo poste da Seleção Nacional. Marczuk e Kozlowski foram mais que uma vez um problema para Muniz e Nazinho, com Fornalczyk e Szymczak a aproveitarem algum espaço ao segundo poste para tentarem faturar. E ainda houve um remate ao poste, desviado pelo lateral-esquerdo para o ferro. Situações que Rui Jorge analisará certamente com a equipa, mas que em nada puseram em causa a justiça do resultado: a Seleção Nacional foi melhor porque Portugal é, claramente, melhor que esta Polónia. Veremos se também o será até ao final do torneio.

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