Vitória justa e derrota para refletir

OPINIÃO25.08.201918:11

1O Futebol Clube do Porto ganhou com justiça ontem ao Benfica. Foi melhor. Fez uma grande exibição e com um impressionante espírito coletivo. Os jogadores acabados de chegar - como Zé Luís ou o Luis Díaz - mostraram qualidade e evidenciaram que já sentem o que é o Porto. E Sérgio Conceição ganhou claramente a Bruno Lage. Montou a equipa com o necessário duplo sentido. Pressionou o Benfica e manietou o Benfica. O Benfica fez apenas um remate enquadrado à baliza do Porto. Mas o que ficou, numa vitória plenamente justa, foram as fraquezas do Benfica. Elas existem e ainda podem ser colmatadas. E importa assumir que o Futebol Clube do Porto foi melhor. E a derrota do Benfica evidencia que a Liga vai ser renhida e que a euforia não conquista pontos. Esta foi a primeira derrota de Bruno Lage para a Liga NOS. Acredito que não será a última. Mas desejo que a próxima seja bem distante. Com a vontade que domingo próximo regresse em Braga às vitórias. E que os largos momentos menos bons de ontem sejam bem analisados, claramente ponderados e suficientemente ultrapassados. Ontem o Porto mereceu ganhar. Tudo fez para conquistar os três pontos. E a vitória foi justa. Bem justa! E permitam sublinhar que o Benfica foi ansioso e o Futebol Clube do Porto meticuloso. O Benfica mostrou ansiedade e o Futebol Clube do Porto vontade. E se o Futebol Clube Porto fez o clique o Benfica foi, pela primeira vez, claramente parado. Na sua habitual construção. Nos seus modelo e sistema de jogo. É uma derrota justa e que exige reflexão e estudo. Com a certeza que depois desta dor regressaremos a largos momentos de prazer. Ontem o Porto foi justamente melhor. Ontem ficou uma dor. Que já passou. Mas que fica. Fica mesmo!


2Ontem foi um outro Benfica-Futebol Clube do Porto. Mais um. E com uma semana sem grandes disputas verbais. E com os dois treinadores a anteverem o jogo com mútua elevação. Mas este tempo de férias leva-nos à nossa infância. A Espinho e à Figueira da Foz, à Costa Nova e à Granja. E recordo, relendo cartas escritas e sabiamente guardadas, o meu primeiro Benfica-Porto sozinho! Tinha entrado, com honra e orgulho, há cerca de um mês no Colégio Militar. Ali mesmo em frente ao Estádio da Luz. Do velho e, também, deste novo que esgotamos múltiplas vezes. Como uma vez mais ontem. Em 27 de Novembro de 1966 - há quase cinquenta e três anos - vi o Benfica, sob o comando do chileno Fernando Riera, derrotar o Futebol Clube do Porto por três a zero. Com dois golos do saudoso Senhor Eusébio da Silva Ferreira e o outro do Senhor José Augusto. Nunca pensei conhecê-los nem privar com eles. A vida, sempre imprevista mas sempre vivida, proporcionou-me a honra - sim, a honra - de os conhecer, de os abraçar e de conhecer algumas das suas deliciosas estórias do futebol e do Benfica, da Seleção Nacional e, até, de rivalidades e ciúmes. Esse dia de Novembro de 1966 foi o primeiro a sós. Fardado a rigor vibrei com o meu Benfica. E ficou para minha memória o onze do Benfica: Nascimento na baliza. Na defesa Cavém, Raúl, Jacinto e Augusto Silva. E depois seis nomes que haviam deslumbrado Inglaterra poucos meses antes num Mundial que fica para a história do futebol português e para a afirmação do saudoso Senhor Eusébio da Silva Ferreira. Seis nomes de ouro: Jaime Graça, Mário Coluna, José Augusto, Torres, Eusébio e Simões. E esta recordação leva-me a um momento extraordinário de Jaime Graça, um nome justamente sempre referenciado por Bruno Lage. Nessa época houve um curto-circuito no espaço da hidromassagem do Estádio da Luz. Infelizmente morre Luciano, um jovem central que era, aliás, titular na defesa. E que estivera no onze em 9 de outubro na vitória igualmente por três a zero frente ao Sporting. Mas foi a rápida e lúcida intervenção de Jaime Graça ao desligar o quadro elétrico do balneário que salva os jogadores Malta  da Silva, Carmo País e... Eusébio da Silva Ferreira. Esse instante de Jaime Graça foi determinante. Nele estão momentos de vida! E a vida é sempre para ser vivida já que cada um de nós é um ser que não se repete. Neste tempo de férias nada como este regresso à infância. Como, em outro prisma, nos proporcionou Cristiano Ronaldo numa entrevista afetuosa e comovente, educativamente forte e emocionalmente contagiante. E as memórias, as minhas e as do Sousa Martins, merecem ser partilhadas! E sentidas. E vividas!

3A semana que agora arranca é a semana dos sorteios das competições europeias, da convocatória de Fernando Santos para os determinantes encontros para o Europeu-2020 face à Sérvia e à Lituânia e, também, de dias importantes para as transferências de jogadores. Quinta-feira saberemos quantas equipas teremos na Liga Europa e seria uma grande e estimulante notícia para Portugal se Sporting de Braga e Vitória de Guimarães conseguissem ultrapassar russos e romenos. Seria o pleno português: cinco equipas apuradas e seria muito bom para o ranking da UEFA. O Benfica quinta-feira fica a conhecer os seus adversários para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Do pote 1 acredito que todos ambicionam o Zenit! Do pote 3 gostaria de defrontar ou o Olympiakos ou o Dínamo de Zagreb, acreditando que ambos conquistam o acesso à bem atrativa fase de grupos da liga milionária. E no pote 4 gostaria em razão do Renato Sanches - e também do José Fonte e do Xeka - de visitar Lille. Ou então de regressar a Istambul para reencontrar o Galatasaray. E com a nota que uma semana após o Lituânia-Portugal teremos a 17/18 de setembro a primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Com os plantéis fechados. Salvo os mercados extra europeus. Mas por ora quinta-feira 29 agosto é um dia de tripla vivência. Sorteio, convocatória para a Seleção e jogos da Liga Europa! Quinta forte e rica. Motivante e estimulante. Acredito que para Sá Pinto e Ivo Vieira. Crença e convicção. E como escreveu Miguel de Cervantes «contento-me com pouco, mas desejo muito»!