Gyokeres festejou golos atrás de golo, sempre de 'máscara', uma imagem que os adeptos leoninos não esquecerão
Viktor Gyokeres, avançado do Sporting - Foto: IMAGO

Sporting recebe menos por Gyokeres que por… Quenda

Extremo rendeu 52,1 milhões de euros e não acredito que sueco seja transferido por mais de 80... Este é o 'Livre sem barreira', espaço de opinião de Hugo do Carmo

Há muito que escrevo neste espaço que a saída de Gyokeres é inevitável, o que está cada vez mais próximo de se concretizar. O sueco fez duas temporadas fantásticas em Portugal, coroadas com dois títulos de campeão nacional. Um casamento perfeito entre o ponta de lança e os leões. 

Gyokeres é um jogador diferenciado, daqueles que surgem de 20 em 20 anos no futebol nacional. Aos 27 anos está no auge da carreira e é perfeitamente natural que procure outros desafios e também outras condições financeiras, às quais nenhum clube português está em condições de corresponder. Por isso, considero que não será possível os leões segurarem-no. Resta agora saber por que valores deixará Alvalade.

Frederico Varandas esteve muito bem ao dar um murro na mesa. Gyokeres pode sair, sim, mas não a qualquer preço. Para já, sabemos que não mudará de clube por 60+10 milhões de euros, como garantiu o presidente dos leões. 

Já se percebeu que Frederico Varandas tem um caso bicudo para resolver, mas nunca abdicará de defender os interesses do Sporting. Daí a mensagem clara que deixou, avisando os representantes do internacional sueco que não vai ceder a chantagens. Até porque, na minha ótica, a negociação tem um problema associado: Geovany Quenda.

O Sporting fez um negócio fantástico com o extremo, recebendo 52,1 milhões com a transferência para o Chelsea e garantindo-o ainda por mais uma época de verde e branco. O internacional sub-21 foi formado na Academia de Alcochete, pelo que toda aquela verba é uma mais-valia para os cofres da Administração leonina, bem diferente do que sucederá com Gyokeres.

O passe do sueco já custou aos verde e brancos 24 milhões de euros, com os ingleses do Coventry a deterem ainda 10 por cento da mais-valia de uma futura transferência, pelo que no dia em que se fizerem todas as contas não acredito que o Sporting encaixe uma verba superior aos tais 52,1 milhões de Quenda. Para tal, seria necessário que o goleador fosse transferido por valores acima dos €80 milhões, o que, no atual contexto, não me parece possível. E por duas razões fundamentais: os 27 anos do sueco — Quenda tem apenas 18… — e a vontade deste em jogar num dos principais campeonatos europeus. 

É esta a nossa realidade. Portugal continua a ter uma Liga periférica e, não me canso de o escrever, muito fazem os clubes cá do burgo, que ano após ano ora lançam para o estrelato enormes talentos criados em casa ora descobrem autênticos craques por esse mundo fora, que depois potenciam como ninguém e aos quais os tubarões europeus não resistem. 

Gyokeres é só o caso mais recente. E certamente outros se seguirão, já na próxima época, ou mesmo ainda neste defeso…

A título de curiosidade, e sem alargar o leque para fora da esfera leonina, repare-se nos jogadores que Rui Borges poderia ter à disposição caso o Sporting fosse um clube com outra capacidade financeira, o que lhe teria permitido até minimizar ainda mais os estragos após o ataque a Alcochete. Defesa constituída por Pedro Porro, Diomande, Gonçalo Inácio e Nuno Mendes; meio-campo com Matheus Nunes, Hjulmand e Bruno Fernandes; Raphinha, Gyokeres e Rafael Leão no ataque. O que diz?...