Rodrigo já cá não Mora

OPINIÃO20.04.202510:00

Tubarões europeus começam a salivar pela nova coqueluche do futebol português. Será uma tarefa hercúlea André Villas-Boas manter o prodígio no plantel para além do próximo verão...

Rodrigo Mora é o nome em voga no futebol português. Com a renovação de contrato praticamente fechada — faltam acertar apenas ligeiros detalhes que se prendem com o valor da cláusula de rescisão —, o prodígio do FC Porto continua a dar autênticos recitais, como aconteceu em Rio Maior, com o Casa Pia, e também no Estádio do Dragão, frente ao Famalicão, num jogo em que bisou e deixou em gáudio as bancadas.

A menos de 15 dias de atingir a maioridade, o médio ofensivo dos dragões ganha cada vez mais protagonismo na equipa de Martín Anselmi, que não teve receio de o lançar com regularidade na equipa principal e os resultados estão à vista.

Estamos perante um diamante em bruto, com uma margem de progressão enorme, um talento sem dimensão, ao nível dos predestinados, como o espanhol Yamal e tantos outros que proliferam no futebol europeu.

A fama não parece subir à cabeça do jovem formado no Olival, que tem tido um suporte muito forte por parte dos pais, que o procuram encaminhar na carreira através do trilho mais correto, sem pressas, avessos à tentação do dinheiro. Como não podia deixar de ser, o jovem futebolista já é agenciado por Jorge Mendes, que vê nesta joia rara mais uma oportunidade de assegurar um negócio milionário.

Há quem defenda a ideia de que seria vantajoso, sob vários prismas, para Rodrigo Mora continuar mais um ano de dragão ao peito, ele que se apresta para assinar novo contrato até 2030. André Villas-Boas pretende apostar forte no plantel para a época 2024/2025 e o jovem prodígio encaixa na perfeição no perfil de jogadores idealizados para montar uma equipa forte, competitiva, capaz de ombrear com os rivais de Lisboa na luta pelo título.

Na sua ainda curta carreira, Rodrigo Mora andou sempre à frente no tempo, tal como é em campo, antecipando as jogadas, pensando mais rápido do que os adversários. Sente-se que está nas nuvens, mas os pais seguram-lhe os pés no chão.

Não restam dúvidas de que o próximo verão promete ser agitado para o talentoso jogador da nova fornada do Olival. A continuar neste registo exibicional, o poder económico de clubes mais endinheirados poderá fazer a diferença, sabendo-se de antemão que ao ser representado pela Gestifute a possibilidade de emigrar a breve trecho é enorme.

Real Madrid, Barcelona, PSG, Bayern, Manchester City, entre outros, têm argumentos de sobra para chegar ao Dragão e bater a cláusula de rescisão de 70 ou 80 milhões de euros para levar um jogador que consegue fazer coisas inacreditáveis, que joga um futebol apaixonante e cativante. Rodrigo Mora vai participar no próximo Mundial de Clubes, uma montra enorme, e a continuar a protagonizar autênticos tratados de bola em campo será um alvo apetecível para os tubarões europeus.

Os adeptos do FC Porto fazem figas para que Rodrigo Mora permaneça pelo menos mais uma época de dragão ao peito, ganhando outra maturidade competitiva que lhe permita sair em 2026 com o estatuto reforçado. Há exemplos no passado de que emigrar à pressa foi uma aposta falhada na carreira. Por muito talento que se possua, há contextos em que o brilho deixa de aparecer. E Rodrigo Mora está a ser alertado para esse facto indesmentível.