Nuno Mendes realizou exibição monumental em Munique
Nuno Mendes realizou exibição monumental em Munique

Os jogadores da Seleção responderam a Proença

Houve genes Conceição e um Nuno Mendes avassalador. Desmontou-se a fórmula PSG, separando Neves de Vitinha, com consistência. Mas foram os jogadores, sobretudo, que falaram

É uma das maiores vitórias da Seleção. Talvez mesmo a maior, pela forma como foi alcançada, com o melhor guarda-redes da atualidade a evitar ser goleado na casa-forte de Munique, ainda que a de Saint Denis, há nove anos, tenha valido o caneco. É para triunfos desta dimensão que Roberto Martínez foi contratado. O passo em frente na natural evolução de um grupo a transbordar de qualidade, criando inveja até a rivais como o de hoje.

É também a resposta cabal dos jogadores às não desmentidas intenções de Proença – nem na zona de entrevistas rápidas, em que primeiro tentou justificar o próprio silêncio e depois se revelou incapaz de disferir uma negação plausível e veemente do que tem sido publicado desde que praticamente chegou à Cidade do Futebol – em antecipar o fim de ciclo, algo que não faz sentido após uma Liga das Nações, mas sim na sequência de um Mundial. Porque é para essa prova, a maior de todas, que se trabalha, e por esta se deve ser julgado. Também os jogadores entendem que não é o momento adequado ou bem fácil teria sido, com a pressão à volta, terem deixado cair o treinador.

Não quer dizer isto que se tenham resolvido todos os problemas e um deles Martínez até de certa forma transporta desde a passagem pela Bélgica, o do frágil ataque posicional. Todavia, se o técnico soube ir a Birmingham e trazer um especialista de bolas paradas, o escocês MacPhee, não percebo porque não faz o mesmo para esse momento do jogo, fundamental para quem quer ser e jogar como grande. Infelizmente, ser espanhol não lhe garante por inerência tal conhecimento, ainda que o juego de posición tenha no seu país o máximo expoente.Também não é pela vitória que o discurso dos dez triunfos em dez encontros passa a fazer sentido. Ou que Rúben Neves mereça ser uma única vez titular em vez de Vitinha, ainda que concorde, em tese, com a ideia de que um jogo se ganha em 90 minutos. Ou ainda que João Neves, obrigado a passar pela casa da partida sempre que não se tinha a bola, tenha sido mais do que jogada para baralhar alemães.

Ainda faltará ver mais tempo o Portugal afirmativo da 2.ª parte e com o resultado a zeros ou em vantagem, mas acredito que Martínez se tenha aproximado do que esperam dele – ainda que o presidente da FPF esteja sim focado em mudar para alguém com outro estatuto, num intervalo tão lato que coloca o Mourinho pós-Real e o Jesus pós-Flamengo no mesmo plano para sucessores. Eu começaria por definir o rumo.