Faltam 11 jornadas (e 'meia') de emoção. Vamos continuar a dizer mal do nosso campeonato?
Luís Freire (Foto: IMAGO)
Foto: IMAGO

Faltam 11 jornadas (e 'meia') de emoção. Vamos continuar a dizer mal do nosso campeonato?

OPINIÃO26.02.202410:00

Um dia aprenderemos que nem tudo gira em torno de três clubes; é que os 'os outros' também ganham pontos

Podemos continuar a carpir as mágoas de não ser um dos Big 5 e vermo-nos atrapalhados, muito provavelmente, para vender direitos televisivos que, por acaso, ainda não conseguimos centralizar, e portanto a venda em bloco não é sequer hipótese em cima da mesa.

Podemos - e devemos - queixar-nos dos sucessivos lamentos sobre arbitragens e processos judiciais que marcam a intervenção de boa parte dos dirigentes, funcionários e por vezes treinadores e jogadores da nossa Liga. Poluem o ambiente e, invariavelmente, desviam as atenções do essencial.

Mas, por favor, não continuemos a queixar-nos da competitividade do campeonato, a vários níveis da tabela, só porque nos habituámos a dizer mal do que é português.

O Rio Ave apresenta, neste ano de 2024, uma das melhores propostas futebolísticas dos últimos anos. Já perdeu e empatou jogos do seu campeonato, mas empatou no Dragão e ontem travou o Sporting. Perdeu na Luz, até com ligeiro estrondo (1-4), mas foi dono e senhor desse jogo até ficar com dez elementos.

A equipa de Luís Freire quer jogar futebol e joga. Olha para os poderosos de frente e consegue brilhar. Tem 22 pontos após uma jornada gloriosa (quebrou ciclo de oito vitórias consecutivas daquele que era até este domingo um dos líderes), mas tem a corda na garganta.

Onde quero chegar? Se uma equipa que (ainda) luta pela manutenção consegue impor-se desta forma perante os três crónicos candidatos ao título, parece-me difícil defender que temos uma Liga pouco competitiva e desinteressante.

Estádio: Estádio dos Arcos

Árbitro: André Narciso

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E que dizer do Gil Vicente? A perder em casa com o FC Porto conseguiu reunir energias e empatar no período de compensação. Isto é sinal de um campeonato demasiadamente desnivelado e previsível?

Estádio: Estádio Cidade de Barcelos

Árbitro: Fábio Veríssimo

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O que se passa em Portugal, e há muitos, muitos anos - quiçá desde sempre - é que tudo gira em torno de três emblemas. Se o Sporting e o FC Porto empataram em Vila do Conde e em Barcelos é porque não foram suficientemente competentes, raramente porque um Rio Ave ou um Gil Vicente fizeram pela vida e merecem o prémio dos pontos.

Se o Benfica não tivesse arrancado para três minutos épicos diante do Portimonense, resolvendo um jogo num ápice com eficácia raramente vista, já todos estaríamos de dedo em riste, prontinho a ser apontado a Roger Schmidt porque jogou com mais pontas de lança ou menos pontas de lança.

Estádio: Estádio da Luz

Árbitro: Miguel Nogueira

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Na realidade parecemos pouco preparados para uma Liga em que os grandes perdem pontos. Ou melhor (e cá estava eu, sem querer, a embarcar na onda da narrativa habitual): onde os menos ricos e teoricamente menos fortes ganham pontos aos maiores.

Um ponto interessante: o Sporting viu fugir o Benfica na classificação e não se ouviu de Amorim ou dos jogadores um ai sobre arbitragem. Será que algo está a mudar na nossa mentalidade?

Venham dai essas 11 jornadas (mais o Famalicão-Sporting) que faltam!