Carta aberta a um anónimo!...

Gostava de lembrar que as últimas vezes que o Sporting foi campeão o sistema de designação dos árbitros era o sorteio. Acabaram com ele

ACUSO a recepção, na minha caixa de correio, de uma carta a mim dirigida, mas sem remetente. O senhor sabe que eu não frequento as redes sociais e, portanto, não leio as suas críticas ou pseudo-críticas, refugiadas no anonimato, e por isso recorreu a este meio, no convencimento de que assim eu tomaria conhecimento dessas tentativas de diminuição do mérito da vitória do Sporting Clube de Portugal na Liga NOS, com a qual terminou uma época assaz brilhante! Verdade seja dita que a sua carta não tem qualquer novidade pelo que o anonimato se não justificaria, não fossem algumas das baboseiras que mandou cá para fora e que por certo mereceriam alguns comentários pouco agradáveis para si, caso desse a sua cara às afirmações que faz.
Uma das idiotices que diz é que fomos protegidos pelas arbitragens, coisa que só pode ser dita por um cretino, dando razão à velha máxima do treinador Manuel Machado de que um cretino é sempre um cretino, como aliás lembrei a ele quando do maior roubo deste campeonato protagonizado por um homem e um árbitro sem qualquer classe para arbitrar sequer um jogo de solteiros e casados. Aliás, nesta longa seca do Sporting colaboraram exactamente os árbitros e a sua associação de classe, sem classe, que, quando decretaram greve, numa ofensa ao direito à greve dos trabalhadores, foi sempre por causa do Sporting, e nunca por causa dos rivais, perante os quais recuam ou fazem de conta que não ouviram, justamente porque uns jantares ou uns almoços de borla dão sempre jeito! Lembro-me de dois campeonatos - um que foi para o Porto e o outro para o Benfica - em que um tal não sei quantos validou um golo com a mão metido pelo Paços de Ferreira e outro não assinalou uma falta sobre o Ricardo. Para não falar daquele roubo do Lucílio que deu nome à Taça da Liga! Isto para só falar nos grandes roubos, pondo de lado os pequenos furtos. E, já agora, gostava de lhe lembrar que as últimas vezes que o Sporting foi campeão o sistema de designação dos árbitros era o sorteio. Pois foi: acabaram com ele!
Uma dúvida que me ficou da leitura da sua carta é se você tem algum clube ou se percebe alguma coisa do que escreve. Diz tanto disparate, e alguns tão contraditórios, que chego a pensar que você é um simples cartilheiro a duas ou três vozes. Cartilheiro, de resto, arrogante e vaidoso, porque insiste que tinha todas as condições para arrasar e jogar o triplo, mas ao mesmo tempo culpa o treinador do Benfica e PT de Luís Filipe Vieira de estabelecer a divisão do balneário por o mesmo ter afirmado, mais ou menos na mesma altura, que o Benfica tinha melhorado muito nos anos em que tinha estado fora, em termos de estádio, do Seixal, da estrutura e que agora eram necessários também bons jogadores. Aí estou consigo: acho mesmo que os jogadores ficaram arrasados! Não posso, porém, estar de acordo consigo quando justifica as duas caras que o Benfica apresentou de um jogo para o outro, ou da primeira para a segunda parte, com desunião no balneário. A menos que tenha tido alguma informação privilegiada, que obviamente eu não tenho, e nunca acreditei, como por vezes foi alvitrado por certa comunicação social, que houvesse alguma escuta ou toupeira entre os chuveiros dos balneários da Luz ou dos adversários. Humana ou não!...
Deve ter sido aliás uma dessas escutas que detectou o Covid nos balneários do Dragão e que terá levado, como você diz, LFV à Comissão Parlamentar de Inquérito. Por aqui se vê, quando outros não houvesse, os disparates que você diz na sua carta. Pena é que você não possa ser julgado pelo Conselho de Disciplina, porque, ao contrário de outros, não seria punido, antes louvado! Mas tem razão quando diz que o Braga foi prejudicado com a expulsão de Helton Leite porque, segundo o próprio Jorge Jesus, é mais difícil quando se joga contra dez!...
Outra coisa você diz que admito possa ter razão: que a gestão do Covid não terá sido perfeita, designadamente, quando foi aquela permanência de toda a gente num hotel do norte do País, por ocasião de dois jogos. Pelo menos achei temerária tal atitude e de muito mau gosto para quem acha que não pode usar os balneários dos outros. Em vez de me dirigir a carta a mim, devia dirigi-la aos outros. De qualquer forma compreendo o seu orgulho em ter sido o campeão da segunda volta, embora não consiga explicar a ninguém como é que se vai à Liga dos Campeões directamente, ganhando só a primeira volta, ainda por cima sem derrotas!...
Outro dos seus disparates, em que aliás incorreram também alguns elementos da comunicação social, foi a tentativa de fazer o Sporting perder pontos por ter recorrido aos tribunais civis no caso Palhinha. Quiseram ganhar na secretaria o que não conseguiram no campo. Só que o Sporting não recorreu a uma secretaria qualquer, mas sim, de acordo com a lei vigente, aos tribunais adequados. Na verdade, ao contrário do que você pensa, o Sporting recorreu às vias desportivas para obter a verdade desportiva, enquanto outros são alvo dos tribunais civis porque se trata de matéria criminal. Há uma certa diferença, que não sei se está ao seu alcance mental!...
E quando pensava que você já tinha esgotado as palermices todas ainda vem falar no caso do Rúben Amorim não ter as habilitações para ser treinador. Logo você que, além de anónimo, não sabe ler, nem escrever, já que não assinar não é uma questão de instrução, mas de carácter!...
Não, não estou eufórico com a vitória! Apenas feliz e com os pés assentes na terra, mantendo a humildade que nos deu a vitória e consciente que há muito para fazer. Você não é sportinguista, embora se calhar, em muitas coisas, pense como certas pessoas que se dizem do Sporting, sem ter aquela qualidade! É apenas um anónimo que não dá a cara, como há milhões de sportinguistas anónimos que sofrem o seu clube em silêncio e que agora saltaram à rua numa festa linda aquém e além-mar, por mais que a queiram denegrir para disfarçar a incompetência!
A esses leões eu agora me dirijo para mantermos uma linha e um rumo que nos conduza ao sucesso continuado no futebol, tal como é o sucesso nacional e internacional nas outras modalidades: o caminho da união e união no caminho
Em Maio de 2020 terminei um dos meus artigos, dizendo: «É tempo de encontrar um rumo! É tempo de criar uma onda verde nesse rumo. É tempo de remarmos todos para o mesmo lado. É tempo de REMAR UNIDOS!»
Rúben Amorim traduziu isto numa mensagem fortíssima que nos levou à vitória: para onde vai um vão todos! Sem dúvida: tem de ser este o nosso caminho!...
 

«É tempo de remar unidos. Rúben Amorim traduziu isto numa mensagem fortíssima»

CARTA ABERTA A UM DIRIGENTE DE ELITE

HOUVE um tempo da minha infância e início da adolescência em que a minha modalidade preferida era o hóquei. Não o hóquei em patins, porque não sabia patinar, nem tinha patins, nem era hóquei em campo, embora jogado no quintal. Mas eu tinha tudo: balizas, bolas, sticks e o equipamento completo de guarda-redes que era o meu posto e daí a minha admiração fanática pelo Girão.
Não era fã de nenhum clube de hóquei, mas seguia com atenção e entusiasmo os relatos dos jogos de hóquei da nossa selecção nacional feitos por Amadeu José de Freitas. Os jogos, na voz dele, eram como se fossem televisionados!
O meu interesse depois esmoreceu um pouco, mas a paixão voltou quando o Sporting começou a ditar cartas na modalidade, com a famosa equipa Ramalhete, Júlio Rendeiro, Sobrinho, Chana e Livramento - a selecção nacional na teoria e na prática. Uma grande amizade com eles todos e em particular com o Sobrinho e o Chana, com quem estive no serviço militar. O Júlio Rendeiro, por força deles e de amigos comuns, também se tornou meu amigo, e tive a honra de fazer juntamente com e outros parte da direcção do Dr. Amado de Freitas. É ainda hoje, para mim e todos os portugueses amantes do hóquei, uma referência de atleta e dirigente!
Mas um dia o hóquei acabou no Sporting. E passaram alguns anos até que o Sporting voltasse à modalidade. E voltou com sucesso pela mão de um dirigente de elite, daqueles que com esforço, dedicação e devoção alcançam a glória, mas mantêm-se discretos, porque a competência está dentro de si e a humildade faz parte do seu carácter. Está na linha dos grandes dirigentes que o Sporting sempre teve e continua a ter - Gilberto Borges de seu nome, de quem tenho a honra de ser consócio e companheiro do Grupo Stromp e o privilégio de ser amigo. Que tenhas saúde e muitos anos de vida, porque são homens e dirigentes como tu que cumprem o sonho do Visconde de Alvalade: «Queremos que o Sporting seja um clube tão grande como os maiores da Europa.» Somos bicampeões europeus! Obrigado Gilberto e a quem te acompanha!