A perceção leonina e o Benfica

O tempo é de mercado e de decisões, as últimas nem sempre relacionadas com o primeiro. O Sporting, por exemplo, emitiu um comunicado sobre decisões da justiça desportiva, em resposta ao que foram os acórdãos do Conselho de Disciplina aos sucessivos eventos da final da Taça de Portugal no Jamor. Os leões responderam, quase ponto por ponto, a tudo o que foi acórdão do CD, falaram em injustiças e desigualdades de tratamento para com jogadores e presidente e ainda deram testemunhos de prova de incompetência dentro daquele órgão.

Não achemos que o Sporting e aquele comunicado exprimem, por si só, a verdade, ou que dê aos leões maioria de razão. Haverá, seguramente, quem tenha boa memória para ir ao baú das coisas e contrapor argumentos.

Essa é uma discussão que se pode ter, mas como em todas as outras, não interessa quem tem razão, mas sim quem é percecionado como o dono dela e, como tal, o vencedor. Frederico Varandas foi «acusado» - o termo é feio e forte, porque, confessemos, não se pode tratar como defeito aquilo que simplesmente não é uma virtude, senão todos teríamos um dedo a olhar para nós - de não ser bom comunicador, mas nos últimos tempos o presidente do Sporting e o clube souberam falar o certo, na altura certa.

Toda a novela Viktor Gyokeres é um exemplo disso e o que se vê? Um clube unido em torno do que disse o seu presidente, mesmo que ainda não se tenha percebido, ou apurado, a veracidade do que foi dito e não dito, por quem, numa determinada reunião ou em mensagens. Talvez nunca o saibamos, mas a perceção que fica é que Varandas ganhou o duelo ao Arsenal e ao empresário do sueco, a não ser que novos factos venham a público.

O futebol português é presidencialista na comunicação e seja de viva voz ou por comunicado no Sporting, entendo, que em Alvalade há algum tempo que se percebeu esta ideia: sair sempre por cima. Foi assim nos confrontos com o FC Porto de Pinto da Costa, com a arbitragem durante a época, com o Benfica na fase final da temporada e agora com o CD da FPF, o que inclui também os encarnados.

O momento na Luz é bastante diferente, pelas mudanças na estrutura, pelas eleições, por dois anos sem título de campeão.

Uma coisa é certa, no entanto: o Benfica vai ter muito trabalho em mudar a perceção no futebol português. Pior ainda se ela corresponder à realidade vigente.