Rui Costa e Luís Filipe Vieira em 2019 (André Alves)

Como Vieira baralha o Benfica

Antigo líder tem pairado como uma sombra. Aproveitando processo interno no clube, apontou para atingir, de novo, a atual gestão. Mas pode atingir toda a gente

Luís Filipe Vieira decidiu jogar ao ataque. O antigo presidente do Benfica já o tinha feito em setembro do ano passado, aquando de uma entrevista em que pouco ou nada terá ganho, mas que tinha um objetivo claro: atingir Rui Costa.

O antigo líder tem pairado como uma sombra. Nesta terça-feira, aproveitando processo interno no clube – que pode levar à sua expulsão de sócio – Vieira apontou para atingir, de novo, a atual direção.

A gestão destas intervenções parecem momentos escolhidos com precisão para se manter ativo na memória dos sócios, enquanto trabalha nos bastidores possível anúncio de candidatura. Vieira, note-se, tem obviamente direito à sua defesa.

Ninguém pense, porém, que o antigo presidente será cauteloso. Não, Vieira joga sempre com tudo e se isso significa voltar a candidatar-se, é o que fará - a dúvida persiste devido a processos a decorrer na Justiça. Vieira, candidato, é um problema para Rui Costa. Como será para todos os outros. Inclusive os que davam a certeza de que se candidatavam depois do Mundial de Clubes e agora recuam perante a sombra de Vieira (não estou a falar do maestro).

Rui Costa ainda não anunciou a recandidatura, mas um possível confronto entre os dois muda todo o cenário eleitoral. Desde logo, pelas trocas de acusações que se preveem entre ambos. Pode não ser bonito, pode até nem ser benéfico para o Benfica, mas dificilmente não será o que teremos. Já os restantes candidatos passarão a ter dois alvos e não apenas um.

A ideia da continuidade do Vieirismo com Rui Costa perderá força pelo confronto direto entre o antecessor e o presidente em exercício. Basta ver a entrevista de Varandas Fernandes, ex-vice de Vieira, ao DN para se perceber argumentos a ser usados, sem, claro, aquela pontinha de populismo: «Quem vier tem de vir com os objetivos muito bem definidos, que é fortalecer a marca, investir nas infraestruturas, desenvolver os jovens talentos na sua academia, dominar o campeonato português e conquistar uma Champions League.»

Não menos importante, quem, fora Rui Costa e Luís Filipe Vieira, terá capacidade para criar espaço mediático no qual se faça ouvir e, mais ainda, convencer de que nem um, nem outro são melhor opção do que si próprio? Numa visão global, quem consegue apresentar ideias que não sejam as enunciadas por Varandas Fernandes? Correr-se-á o risco de todos dizerem o mesmo, e ganhar quem o disser mais alto e/ou melhor? Ou…simplesmente, quem disser que tem o treinador A, B, ou C para o futebol? Parece redutor para a dimensão do universo Benfica, mas que pode funcionar, pode. Haverá quem saiba disso…

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