A inteligência artificial no futebol
U MA empresa especializada no aconselhamento com base na Inteligência Artificial “disse” ao diário Marca que o jogador ideal para jogar ao lado de Benzema no ataque do Real Madrid seria o português Gonçalo Ramos. Entretanto, um jornal português fez uma edição completa com artigos de atualidade com base no chat GPT e muitas universidades, pelo mundo inteiro, procuram encontrar formas de controlar testes e exames de alunos que já usam a Inteligência Artificial como formas de apoio e de complementaridade do seu escasso conhecimento. Parece, de facto, assustador. Mas será?
O perigo que muitos sentem tem uma razão evidente e que se traduz, afinal, por uma questão que se vai levantando e resolvendo ao longo dos séculos: pode a máquina substituir o Homem? E esta elementar pergunta, coloca, em si mesma, outras questões essenciais em matéria de proteção do emprego, de risco do fim da humanização das sociedades, de aumento profundo das distâncias sociais e económicas, entre as elites pensadoras e os “cidadãos normais” e, em última instância, coloca problemas reais no que respeita à liberdade dos cidadãos, muito especialmente, de quem, no futuro, se irá atrever a pensar diferente, a ser diferente, a agir diferente.
Inteligência sem emoções
A automatização da socieadade é hoje estudada por novos filósofos preocupados com as teorias que defendem as vantagens - sempre e sempre a economia! - de haver cada vez mais gostos, costumes, modos de vida iguais. É a contradição absoluta da condição humana e da sua natural e atraente diversidade. E será, isto, um argumento que, no fundo, contraria o crescimento das novas tecnologias? Não, de todo. As novas tecnologias são tão importantes como inevitáveis. O problema está no dominante e no dominado. O Homem deve dominar e saber usar as novas tecnologias e não se deixar dominar por elas, seja por razões económicas, seja por razões sociais, seja por razões políticas.
O pensamento humano e a liberdade de pensar, de ter sentido crítico e de agir têm de continuar a ser defendidos e garantidos.
Vejamos, o “assunto menor” do futebol. Vamos pensar que será possível, no futuro, formar um plantel com as “decisões” tomadas pela Inteligência Artificial, dentro das disponibilidades financeiras e de acordo com parâmetros diversos introduzidos. E vamos ainda admitir que o “onze” para cada jogo é decidido pela razão objetiva e matemática da Inteligência Artificial. Tal como o sistema de jogo a utilizar. Tal como a melhor forma de travar os maiores méritos do adversário. Seguindo em frente com a lógica, tanto o árbitro como o VAR poderiam ser infalíveis na decisão dos lances disputados. Haver ou não haver falta, segundo uma certa determinação de base logarítmica e trigonométrica, o que, na prática, dispensaria a presença humana com o velho e ultrapassado apito.
Não falemos de equipas robots, que, esse, seria outro jogo e outro campeonato, mas falemos de um futebol dominado pela Inteligência Artificial e, portanto, criando a desresponsabilização da decisão humana e a diminuição de tendência zero para o erro próprio da natureza subjetiva do Homem.
Se assim fosse, o que restava do futebol? O futebol definitivamente limpo da pressão sobre os árbitros, das contestações do treinador, das críticas à administração, da imprevisibilidade e do eterno sonho do mais pequeno vencer o maior e o mais forte? Quem gostaria de ver um futebol assim? Quem gostaria de assistir a um espetáculo que não gera nem discussões, nem emoções, nem,s equer, uma pequena janela de fuga para as aborrecidas rotinas da vida?
DENTRO DA ÁREA – POR FAVOR NÃO SE LEMBREM DE NÓS
Este poderia ser o sorrateiro pedido de António Salvador, presidente do SC Braga. É que anda tanta gente eufórica com a luta entre Benfica e FC Porto para a conquista do título, que o SC Braga continua esquecido e ignorado no seu firme caminhar na sombra do título. A seis pontos do Benfica e apenas a dois do FC Porto, o SC Braga, que está a fazer uma época nacional do “outro mundo”, corre sem se dar por ele. Ninguém parece, sequer, notar a ameaça e essa é uma posição muito favorável. Não causa stress e cria condições de surpresa.
FORA DA ÁREA – ESTÁ MUITO CALOR VAMOS À PRAIA...
Calor. O regresso às preocupações da falta de água no sul português, que caminha para o deserto, e às cíclicas inquietações com as alterações climáticas. Para dizer a verdade, acho que não é uma inquietação muito grande, porque a maioria parece estar-se nas tintas para o que irá suceder ao mundo daqui por cem ou duzentos anos. A começar pelos donos do mundo, sim, mas também pelos cidadãos. Está calor a mais? Ótimo, mais cedo vamos para a praia. Estão cheias, mesmo nos dias de semana. Com o desemprego nos mínimos, como é?