Episódio 102

Vuelta 2025: queixa contra carga policial no contrarrelógio

A corrida foi afetada praticamente desde o início pelos persistentes protestos pela Palestina, levando à alteração das chegadas previstas em duas etapas e ao cancelamento da última, no domingo, em Madrid. Em causa nesta denúncia a 18.ª etapa

A Izquierda Castellana apresentou esta terça-feira uma denúncia no tribunal de Valladolid contra «as cargas policiais e agressões» sofridas por vários manifestantes durante a 18.ª etapa da Volta a Espanha.

A denúncia diz respeito ao que aconteceu no dia 11 de setembro, quando a 18.ª etapa da Vuelta, um contrarrelógio individual, foi mais uma vez palco de protestos «contra o genocídio cometido sobre o povo palestiniano e a presença na corrida da equipa Israel-Premier Tech», explica o comunicado da Izquierda Castellana.

Em Valladolid, segundo a organização, foi utilizada «força desproporcional contra pessoas que pacificamente se solidarizavam com o povo palestiniano», que sofre com a ofensiva militar de Israel em Gaza.

Centenas de manifestantes saltaram para o traçado da corrida antes da passagem de um ciclista da Israel-Premier Tech, tendo então sido alvo de carga policial por agentes à paisana.

«Dois foram detidos e um ficou inconsciente, depois de ser atirado por polícias contra as baias e sofrer um golpe de cabeça contra o solo. Exigimos uma investigação judicial sobre estas ocorrências», reclama os dirigentes políticos do movimento.

Na altura, o contrarrelógio já tinha sido reduzido de 27 para 12 quilómetros, precisamente para assegurar que os protestos não iriam interferir com o desenrolar da etapa.

Já este domingo, milhares de manifestantes invadiram o circuito final da 21.ª e última etapa da prova espanhola e travaram o pelotão a 56 quilómetros da meta, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech e solidários com a causa palestiniana.

Duas pessoas foram detidas por desordem pública, após os incidentes, que causaram ferimentos a 22 polícias, com a última tirada da Vuelta a ser cancelada pela organização, assim como as cerimónias de pódio, numa ação elogiada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e criticada pela oposição.

O governo espanhol e a organização da prova sugeriram à equipa israelita que se retirasse da Vuelta, o que esta recusou fazer para não abrir um «precedente perigoso», e a União Ciclista Internacional (UCI), que em 2021 baniu equipas da Rússia russas e retirou a bandeira dos ciclistas russos, condenou os incidentes, sem tomar qualquer decisão.

Israel, que anunciou uma operação para tomar a cidade de Gaza, no norte do enclave, tem sido acusado de genocídio e de usar a fome como arma de guerra, que nega. A ONU declarou em agosto uma situação de fome no norte de Gaza, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente e hoje mesmo uma comissão de investigação acusa Israel de genocídio.