Vlachodimos e a frieza de olhar o futuro
SOBRE Odysseas Vlachodimos abateu-se a tempestade perfeita: coincidindo com a chegada de um rival de peso, por quem o Benfica realizou importante investimento, chegou uma hesitação fatal no segundo golo do Boavista, que o fragilizou. Num momento que devia ser de afirmação, o internacional grego abriu a porta a muitas dúvidas que andavam no ar, e perdeu lucidez emocional, confrontando o treinador numa matéria que só a este diz respeito, escolher quem joga, quem fica no banco e quem vai para a bancada. E nesta matéria devo dizer que nunca vi algum treinador que não escalasse aqueles que para ele eram os melhores, nem qualquer jogador que achasse justo ficar de fora.
Em termos práticos, e quando o mercado está a 10 dias de fechar (são 30 se pensarmos na península arábica), seria avisado que o Benfica e Vlachodimos se entendessem na separação de caminhos, porque Schmidt não parece ser de dar o braço a torcer, nem o internacional grego lida bem com ficar fora do onze (como se viu com Jorge Jesus). A isto acresce Anatoliy Trubin que, mais dia menos dia, vai tomar conta das redes encarnadas, com Vlachodimos ou sem Vlachodimos. Devo dizer que, a partir do momento em que os encarnados pagaram o que pagaram por Trubin, não o terão feito a pensar que seria para jogar os últimos cinco minutos da Liga para, em caso de título, receber a medalha e a faixa, o que transformava a situação de Vlachodimos numa bomba-relógio, que explodiu logo na primeira jornada. Nesta altura, controlar os danos, por parte dos encarnados é colocar (definitivamente ou por empréstimo) o guarda-redes grego, e ir em busca de um outro elemento que se junte a Anatoliy Trubin e Samuel Soares. Qualquer outra solução será sempre ineficaz, por desinteressante para ambas as partes, e potencialmente desestabilizadora.
Vlachodimos, vencedor de duas Ligas e duas Supertaças, peça importante no percurso do Benfica nos últimos anos, merece uma saída limpa da Luz. Tratando-se de um guarda redes, que joga essencialmente com as mãos, acaba por ser paradoxal que seja no jogo com os pés que radicam quase todas as críticas (justificadas, reconheça-se) que lhe são dirigidas.
Há um tempo para tudo, e a sensação que fica é que o tempo de Ody de águia ao peito esgotou-se.
ÁS – FONTELAS GOMES
O Conselho de Arbitragem esteve à altura das responsabilidades, e assumiu - desarmadilhando, teorias da conspiração - o erro do VAR no Casa Pia-Sporting. Sem transparência, e sem responsabilização de quem prevarica, a arbitragem torna-se numa espécie de ‘Clube de Amigos Disney’, em que o Pateta é o adepto.
ÁS – FILIPE MARTINS
Houve grandeza na reação do treinador do Casa Pia ao erro do VAR do jogo de Rio Maior. Amorim também esteve bem, mas estava numa posição, ganhadora, mais confortável. É uma pena que o Casa Pia tenha de jogar em ‘casa’ longe de casa, porque tem futebol interessante e moderno, que recomenda o Filipe Martins...
ÁS – DAVID NERES
Decisivo na vitória do Benfica sobre o Estrela da Amadora, deixou água na boca quanto ao Benfica poder passar a jogar em 4x3x3, com ele à esquerda e Di María à direita, sistema que parece muito mais de acordo com as características do atual plantel. Para já, Neres disse que tem lugar nas primeiras contas de Schmidt.