André Villas-Boas, presidente do FC Porto
André Villas-Boas, presidente do FC Porto - Foto: IMAGO

Villas-Boas carregou no 'off'

Passaram 37 dias sobre o anúncio da averiguação interna ao caso dos vídeos no balneário de Fábio Veríssimo mas aparentemente o presidente do FC Porto ainda não sabe o que se passou em casa naquele dia. Este é o 'Nunca mais é sábado', espaço de opinião de Nuno Raposo

1 Passaram 40 dias sobre o jogo entre FC Porto e SC Braga, aquele da 10.ª jornada do campeonato em que ficámos a saber que ao intervalo o árbitro Fábio Veríssimo, que registou o caso no relatório, foi obrigado a ver no balneário, em loop e sem possibilidade de mudar de canal, imagens do lance do golo que anulara a Victor Froholdt, ao minuto 31, entre outros momentos em que os dragões se consideravam prejudicados, e até lance de jogo do infantil Torneio da Pontinha (!) entre dragões e águias apitado pelo juiz da AF Leiria.

Passaram 37 dias sobre a reação de André Villas-Boas à situação. «O FC Porto foi o último a ser informado relativamente a esse relatório, que é simples. Vamos ajudar os órgãos competentes na sua avaliação. O FC Porto fará a sua averiguação interna relativamente aos factos e tomará as devidas consequências», anunciou pomposamente o presidente dos azuis e brancos, aproveitando também para apontar o dedo a Veríssimo sobre alegadas ameaças por ele feitas num anterior jogos dos dragões em Arouca.

Passaram 40 dias sobre o jogo e 37 sobre o anúncio da averiguação interna mas aparentemente o líder dos dragões ainda não sabe o que se passou na sua casa naquele dia. O que não deixa de ser extraordinário, quando se teve rapidez tamanha a editar o vídeo exibido ao intervalo do jogo com um lance aos 31'. Uma conclusão a que se pode chegar é que os editores de vídeo do FC Porto são os Maradonas da edição, já o gabinete a quem foi delegada a averiguação… uma espécie de craques da Liga dos Últimos. Ou então estão todos à espera que nos esqueçamos das palavras de Villas-Boas para se clicar no botão do off e desligar. Tem é de aparecer o comando.

2 O sorteio do Campeonato do Mundo foi um espetáculo deprimente. Não propriamente uma surpresa que o tenha sido e não pelo tirar das bolinhas com os papelinhos a que até achamos piada, mas pela bajulação ao presidente dos Estados Unidos, quase merecedor do Prémio Nobel da bajulice. À falta do Nobel da Paz para Trump, Gianni Infantino inventou o FIFA da Paz para lhe oferecer. Um prémio inaugurado agora, destinado a «indivíduos que tomaram medidas excecionais e extraordinárias para a paz e que, ao fazê-lo, uniram pessoas em todo o mundo»… (alguém pode mesmo considerar Trump merecedor de tal desígnio?!)

Têm passado muitos bajuladores a lamber as botas ao líder norte-americano pela Casa Branca, outros a fazer figura de idiotas úteis também, mas o papel a que o presidente da FIFA se prestou no palco do Centro John F. Kennedy para as Artes Performativas, em Washington, é ele mesmo merecedor de um prémio tão grande (em tamanho mesmo) como o que ofereceu a Trump. Talvez o Oscar para maior bajulador.