Vasco Matos e o Sporting: «Isto vai ser uma história nova»
40 dias depois, o Santa Clara volta a receber o Sporting no Estádio de São Miguel, agora para a Taça de Portugal. Polémico e intenso na parte final, Vasco Matos rejeita vinganças ou comparações com esse duelo da Liga e espera um desafio com «nova história». O treinador do clube açoriano queixou-se também do pouco tempo de descanso que os seus jogadores terão entre jogos – o Santa Clara jogou na segunda-feira em Braga e volta a jogar no domingo com o Arouca – e espera que a sua equipa esteja focada para tentar surpreender o leão nesta quinta-feira [18h45]. Fique com tudo o que Vasco Matosa disse na conferência de imprensa de antevisão ao encontro.
-A questão do calendário, que no caso de Santa Clara é bem mais exigente, os intervalos de descanso entre os jogos são muito poucos. Isso pode de alguma maneira afetar o desempenho da equipa?
«Claramente sentimo-nos prejudicados, isso é claro. Bastante prejudicados, mas a partir daí temos de trabalhar e montar a melhor estratégia, escolher os melhores jogadores, os mais frescos para o jogo e esse é o nosso trabalho. Mas claramente que nos sentimos bastante prejudicados por isso»
- Visto que tem apenas três dias de intervalo em relação ao jogo disputado na segunda-feira com o SC Braga, vai dar minutos aos jogadores menos utilizados?
«Não. Devemos escolher os melhores jogadores. Ainda estamos a perceber o estado físico de cada um deles, para podermos amanhã entrar em campo na máxima força. Obviamente que não é o cenário ideal, mas até amanhã iremos escolher aqueles que estão mais preparados para o jogo, para aquilo que é a nossa estratégia e para aquilo que é a nossa identidade. Não a podemos perder, a equipa está a crescer, e amanhã temos de meter tudo isso em campo, a nossa força, a nossa energia, e para isso acontecer os jogadores têm de estar frescos fisicamente e mentalmente. Por isso, até à hora do jogo, iremos tomar as decisões mais acertadas.»
- Que diferenças há entre este jogo e o jogo do campeonato? E pegando nessa parte dos jogadores mais frescos e também nessa parte de se sentirem claramente prejudicados, poderá isso, e porque também existe muitas vezes muita parte psicológica a funcionar, tentar reverter isso para dentro das quatro linhas, não com um espírito de vingança, mas como um boost extra para os jogadores?
«Sim. Não queremos polémicas nem esse tipo de situações de vinganças, queremos jogar o jogo de uma forma séria e honesta, com a nossa identidade, e isso vai estar sempre presente, uma equipa superagressiva, disputar cada duelo como fosse o último, como em todos os jogos, somos uma equipa com uma imagem de marca forte. Obviamente que é um jogo diferente porque não tivemos o tempo que o Sporting que teve, e o tempo normal de preparação para um jogo desta dimensão. E, volto a repetir, aí claramente prejudicados. Obviamente que é um jogo especial, enfrentamos o detentor do título, uma equipa muito forte, com muita qualidade individual, com um excelente treinador também, mas vamos olhar muito para dentro, para o nosso processo, o nosso jogo, e os nossos jogadores. E acreditamos muito que amanhã vamos ter um onze e mais sete jogadores de fora, com capacidade de dar uma grande resposta. E só o facto de termos este jogo da Taça contra o Sporting é um motivo extra de superação também. Olhamos para dentro, resiliência, e temos de nos focar naquilo que nós controlamos, que é o nosso trabalho, e nos afastarmos das polémicas. Percebemos claramente tudo, não ficamos contentes com a situação, mas resta-nos trabalhar, focar-nos, concentrar-nos e darmos o máximo amanhã e, obviamente, que isso depende daquilo que é o nosso trabalho e daquilo que vai ser até à hora do jogo, da análise detalhada da questão física e mental dos nossos jogadores, porque queremos dar uma grande resposta, representamos uma região, e temos de dar à altura amanhã.»
- É inevitável não se falar da arbitragem do último jogo com o Sporting para o campeonato. Já se passou algum tempo, acha que foi o suficiente para dos dois lados ter havido um apagar de borracha e não deixar que isso tenha algum tipo de influência no jogo de amanhã?
« Foi um jogo extremamente competitivo. Obviamente que aqueles minutos finais criam emoções e com os nervos à flor da pele que por vezes nos levam a ter alguns comportamentos que nem sempre são os melhores. Mas depois, também mais a frio, acho que todos temos essa capacidade de superar essas questões, é o jogo, é o ganhar, é o perder, e obviamente que são duas equipas que querem muito ganhar, extremamente competitivas, mas temos de ter a capacidade de ultrapassar isso e de nos afastarmos dessas questões, deixar para trás isso, foi o que foi, obviamente que naquele momento, no calor do jogo, vão sempre acontecer coisas que sabemos que se calhar, mais a frio, não aconteceriam. Mas temos essa capacidade de superar e esquecer isso e nos afastarmos dessas polémicas e focarmos a 100% naquilo que é o nosso jogo e naquilo que é o processo. Acredito que do outro lado também vai ser assim, mas obviamente durante o jogo são duas equipas que querem ganhar. Somos uma equipa muito competitiva, acreditamos muito naquilo que é o nosso trabalho e é isso que vamos fazer amanhã. Obviamente que quando começar o jogo vamos esquecer tudo aquilo que aconteceu, porque isto vai ser uma história nova, mas temos de estar prontos para cada minuto e cada lance lutarmos até à exaustão e querer vencer esses lances e o jogo. Mas claramente para nós isso são questões que foram ultrapassadas, foi ali no momento do jogo e acabou.
- É um jogo que num dia de trabalho e poderá não trazer ao estádio a massa adepta que seria desejável…
«Esperamos ter o maior número de adeptos possível, se calhar a hora do jogo não é a melhor, mas esperamos que os nossos adeptos compareçam em massa, porque precisamos do apoio deles, ficamos mais fortes e esse apoio é extremamente importante. Vamos acreditar que venha muita gente apoiar o Santa Clara.»
- Em termos de dinâmicas, como é que o Santa Clara pode ferir o Sporting? Pode passar, por exemplo, de um ponto de vista ofensivo, de promover o Gabriel Silva à titularidade?
«Não nos focamos em questões individuais, mas sim em coletivas e dinâmicas coletivas, mais por aí. Obviamente sabemos o poderio do adversário, mas também sabemos onde é que poderemos aproveitar alguns espaços e tirar partido desses mesmos espaços, dentro daquilo que é o nosso posicionamento e da nossa estratégia. Muito mais importante do que individualizar é olhar para o coletivo e a equipa perceber claramente como o fizemos, e bem, no primeiro jogo aqui. Lembro-me perfeitamente das situações claras de golo que criámos e é nisso que temos de nos focar. Olhar para o nosso coletivo, os nossos posicionamentos, porque um bom posicionamento defensivo leva-nos a um bom posicionamento ofensivo. A equipa estar toda a pensar a mesma coisa ao mesmo tempo, e depois tirar partido das características individuais dos nossos jogadores, para que possamos tirar partido de algum espaço que está identificado, e tentar explorá-lo. Se vai ser com o Gabriel [Silva], com o Vinícius [Lopes], vamos ver. Até a hora do jogo ainda vamos ter de perceber bem como é que está a questão física da nossa equipa.»
- O Sporting não tem alguns jogadores, isso também tem influência nessas escolhas que acabou de referir?
«Não. Sabemos que o Sporting tem um grande plantel, se calhar às vezes até nestes momentos surgem oportunidades para outros jogadores que vêm com muita fome e com muita vontade, e é nisso que nós temos de nos focar, não olhar para o facto de. Nós também temos algumas ausências. Temos de nos focar no nosso trabalho e olhar muito para dentro e para a nossa estratégia, e para o nosso trabalho individual e coletivo. Acima de tudo o nosso trabalho coletivo vai ser muito importante para que amanhã possamos dar uma boa resposta.»