«Vamos em busca de mais», diz Matheus Reis
— Qual a sensação de ter chegado aos 200 jogos pelo Sporting?
— É uma marca muito importante. Lembro-me perfeitamente, como se fosse ontem, da minha apresentação, da minha chegada aqui e não imaginava que chegaria a essa marca em tão pouco tempo. Dá uma média de 50 jogos por época; são muitos jogos, muitas emoções; muitas batalhas; muitos títulos mas com o sentimento que o dever está a ser cumprido.
— O que significa ser o segundo jogador do plantel com mais jogos?
— Para mim, cada jogo é único, é aquele sentimento de friozinho na barriga que vai aumentando, até porque a cada jogo que passa a responsabilidade é maior. Vai-se ficando mais experiente e passando conselhos ao mais novos e sinto-me muito feliz por isso.
— Como foi passar de ouvir conselhos para dar conselhos?
— É passar para os mais novos a grandeza do clube. O Biel chegou agora do Brasil e está a perceber a grandeza do clube. É o dia a dia, o não deixar a peteca cair. É saber que no Sporting é entrar em todos os jogos para vencer. Essa é a responsabilidade mas uma pressão boa que todos os jogadores querem de estar num clube tão grande como este.
— Quer ficar para sempre na história do clube…
— É o que quero deixar aqui no clube, deixar uma marca de trabalho, de dedicação, de nunca se entregar, de nunca desistir, mas ao mesmo tempo saber que quero mais, tenho fome de conquistar cada vez mais.
— O que o Sporting já simboliza para si?
— Tudo, tudo…, até conversei com a minha mulher que o Sporting é a extensão da nossa família. Todos somos virados para o Sporting, até o meu filho. Todas as músicas são do clube, em casa tudo é verde. Somos muito felizes aqui e queremos ficar por muito tempo.
— Pode-se falar de família leonina?
— Toda a gente que chega aqui fala dum clube diferente. O Sporting respeita as famílias, une. Há sempre coisas a pensar nas famílias, nos filhos e é isso que nos faz ser diferentes. Nos jogos vê-se a nossa união mas é muito mais do que isso. A união é diária, tanto aqui no clube como fora. Isso reflete-se para dentro do campo e mostra toda a nossa força.
— Quais as melhores memórias?
— Muitas histórias que vão ficar guardadas para sempre. Vou ser sempre um adepto ferrenho, tanto eu como a minha família, o meu filho e não páro por aqui. Vamos continuar a escrever esta história.
— Qual a sensação de já ter sido capitão?
— É demais, demais. Quando tive a oportunidade, porque não estava nos quaisquer dos capitães; o mister chamou-me e disse-me que ia ser um o capitão. Passou-me um frio na cabeça. Quando se chega aqui queremos conquistar coisas grandes, mas não se imagina que se vai chegar tão longe: ser capitão, chegar aos 200 jogos, conquistar títulos importantes. E à medida que isso vai acontecendo vamos tendo a sensação de realização e de querer mais, de continuar a escrever uma história bonita no Sporting e inscrever o meu nome na história do clube.
— Como foi a estreia ao serviço do Sporting?
— Foi em Barcelos, frente ao Gil Vicente. Estávamos a perder num jogo complicado, com muita chuva e tive oportunidade de entrar. Era a minha segunda semana de treinos e vinha duma paragem de seis meses. Treinava mas não tinha bola. O Amorim disse-me que me ida dar um tempo para me readaptar e fui para o jogo e não esperava entrar. Mas como estou sempre fisicamente e mentalmente e ele decidiu colocar-me e estava pronto e conseguimos virar o jogo pelo Seba [Coates]. Não podia ter começado melhor. Foi marcante para todos.
— Qual o jogo mais especial?
— Foi na final da Taça da Liga frente ao Benfica, que conquistámos. Consegui fazer um grande jogo. Começámos a perder, virámos e foi uma conquista muito importante. E lembro-me sempre dos jogos do título, como aquele frente ao Boavista em que ganhámos depois de 19 anos. São sempre jogos especiais. Houve também a Supertaça frente ao SC Braga. Ficam sempre esses, mas também o encontro no ano passado frente ao Benfica, com o golo do Geny. Estava ali com o St. Juste e quando ele marcou saímos a correr, pois sentimos que tínhamos dado um grande passo rumo ao título. Já nesta temporada, o golo do Quaresma com o Gil Vicente, em que toda a gente que estava no banco começou a correr, até a equipa técnica. Isso mostra a união e a força que temos.
— Qual o golo para mais tarde recordar?
— O mais bonito acho que foi contra ao SC Braga, em que recebi a bola do Pote e dei aquela ‘chapada’. Fico com esse.
— Qual a sensação de jogar na Champions?
— É incrível. Lembro-me que o meu primeiro jogo – e desta geração de jogadores – foi frente ao Ajax, em que perdemos por 1-5, foi pesado para todos e depois fomos a Dortmund, mas, apesar da derrota, jogámos com outra atitude e o chip mudou. Sentimos que tínhamos capacidade e a seguir fizemos duas vitórias importantes contra o Besiktas e qualificámo-nos frente ao Borussia Dortmund em casa. A partir daí, fizemos boas campanhas e o objetivo passa sempre por fazer melhor.
— Como é sentir a paixão dos adeptos?
— Os nossos adeptos jogam connosco, estão sempre a apoiar-nos e a empurrar-nos. Tenho muitos amigos sportinguistas e sinto bem o amor deles, fazem os filhos sócios mal nascem e acho isso incrível. É um amor que vai passando mesmo de geração em geração. Sempre que entro em campo, é lindo ver o estádio cheio de adeptos, assim como receber o carinho deles no dia-a-dia. São a nossa força e nós queremos sempre fazer história por nós e também por eles. Eles apoiam-nos em todos os lugares, são uma força a mais e fazem-nos jogar sempre em casa.
— O que ainda o surpreende no clube?
— Muita coisa. O ambiente, independentemente dos resultados por exemplo. Mantemos sempre a mesma fé, acreditamos sempre, não deixamos entrar pressão negativa, nem tão pouco nos empolgamos muito com as vitórias e com isso mantemos sempre o nível de trabalho e exigência que este clube merece. O empenho de todos os funcionários, que se dedicam para que todas as conquistas sejam possíveis. Podem pensar que as vitórias só acontecem em campo, mas há todo um contexto por trás para chegarmos aos jogos e só termos de os vencer. Os adeptos, a paixão e o amor deles pelo clube.
— Quais são as próximas metas a atingir?
— Ir sempre em busca de mais. É isso que o Sporting merece e que tem de ser a mentalidade dos jogadores que vêm para cá. Vencer, vencer e conquistar títulos é isso que temos de procurar e que o clube merece.
— Que mensagem deixa ao sportinguistas?
— Continuamos a precisar deles. Precisamos que continuem a acreditar, a estar connosco e a passar a energia de sempre para finalizarmos esta época. Agradeço-lhos a força que nos têm dado e, como disse, vamos em busca de mais.