Um verão de recordes e grandes desafios
O mercado de transferências nacional encerrou à meia-noite de 1 de setembro de 2025, deixando um rasto de cifras inéditas e estratégias díspares entre os principais protagonistas. Os três grandes delinearam janelas bastante distintas — umas bem-sucedidas, outras marcadas por hesitações —, enquanto SC Braga e Vitória de Guimarães também mostraram ambição. Este foi, acima de tudo, um verão de oportunidades... e de riscos calculados.
O FC Porto, sob a liderança de André Villas-Boas, protagonizou o mercado mais audacioso da sua história. Investiu cerca de 111,35 milhões de euros em dez reforços, com destaque para Victor Froholdt (€20 M), Gabri Veiga (€15 M), Alberto Costa (€15 M), Borja Sainz (€13,3 M), Nehuén Pérez (€13,3 M, agora em definitivo), Jan Bednarek (€7,5 M) e Dominik Prpic (€4,5 M).
Villas-Boas comprometeu-se com uma verdadeira revolução no plantel — agora cabe aos dragões demonstrar, em campo, que o investimento foi equilibrado e sustentável.
O Benfica, mesmo sem bater recordes nacionais, não ficou atrás. Aplicou cerca de 105,55 milhões de euros, assegurando reforços de peso como Richard Ríos (€27 M), Ivanovic (€22,8 M), Dodi Lukebakio (€20 M), Amar Dedic (€12 M), Samuel Dahl (€9 M) e Rafael Obrador (€5 M).
A abordagem encarnada privilegiou a manutenção de talento interno, complementada por um crescimento pontual com visão europeia.
Já o Sporting foi o mais contido entre os três grandes, com um investimento total de 79,8 milhões de euros. Destacaram-se as contratações de Fotis Ioannidis (€22 M), Luis Suárez (€22,2 M), Vagiannidis (€12 M), Kochorashvili (€5,5 M), Alisson Santos (€2,1 M) e Mangas (€0,3 M). O clube leonino investiu ainda €11 M para adquirir os restantes 50% do passe de Trincão (totalizando €21 M).
Contudo, a falha na inscrição de Jota Silva — que chegou por empréstimo, com opção de compra, já após o fecho — manchou o encerramento da janela, evidenciando possíveis lacunas operacionais ou estratégicas.
Este defeso ficou ainda marcado por um recorde histórico na Liga, com um investimento total superior a 350 milhões de euros — ultrapassando, com folga, o anterior máximo de €280 M.
E o SC Braga, o V. Guimarães e os restantes?
O SC Braga voltou a superar-se: investiu 28,57 milhões de euros, renovando o seu recorde de investimento — o terceiro consecutivo. Pau Víctor (€12 M) e Mario Dorgeles (€11 M) tornaram-se nas contratações mais caras da história do clube. Chegaram também Gustaf Lagerbielke (€2,57 M), Alaa Bellaarouch, Leonardo Lelo e o experiente Florian Grillitsch (a custo zero).
A permanência definitiva de Fran Navarro (€2,7 M) e o empréstimo de Gabriel Moscardo completaram uma janela ambiciosa. Para um clube com presença europeia regular, os guerreiros do Minho demonstraram critério e ambição.
Também o Vitória de Guimarães mostrou solidez no planeamento, reforçando-se com equilíbrio entre juventude e experiência, embora com menor capacidade de investimento.
Entre os restantes, destaca-se o Rio Ave, que apresenta cinco jogadores portugueses no plantel — resta perceber a eficácia dessa aposta.
Já o Estrela da Amadora continua a funcionar como um entreposto de jogadores, com elevado volume de entradas e saídas, mas com resultados modestos.
A I Liga consolidou-se como a sétima maior investidora da Europa, elevando Portugal a um patamar de reforço pujante e atraente — não apenas sazonal, mas como modelo competitivo sustentável e global.
A grande incógnita? A capacidade de converter esse investimento em resultados desportivos e valorização futura.
Conclusão
Este mercado não foi apenas intenso — foi transformador.
O FC Porto liderou, com um projeto ambicioso e agressivo; o Benfica reforçou-se com equilíbrio e visão internacional; e o Sporting deixou dúvidas, prejudicado por falhas administrativas no fecho da janela.
O SC Braga mostrou que está pronto para sonhar ainda mais alto. O V. Guimarães e outros emblemas apostaram numa gestão prudente, mas eficaz, valorizando os recursos internos e as suas comunidades locais.
Resta agora ver se o talento e o investimento se traduzem em títulos e em performances europeias à altura.
A Liga valorizou-se — e este mercado foi a prova – mas será que a competitividade aumenta? A ver vamos, nas cenas dos próximos capítulos…
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