Fernando Gomes, 72 anos, discursa enquanto presidente da Federação Portuguesa de Futebol, cargo para o qual foi eleito a 110 de dezembro de 2011
Fernando Gomes, 72 anos, foi eleito para a presidência da FPF a 10 de dezembro de 2011 (Foto: MIGUEL NUNES)

Tempo de gratidão

Tribuna Livre é um espaço de opinião de A BOLA, este da autoria de José Neto, Metodólogo de Treino Desportivo; Mestre em Psicologia Desportiva; Doutorado em Ciências do Desporto; Formador de Treinadores FPF/UEFA; Docente Universitário – Universidade da Maia; Embaixador Nacional para a Ética e 'Fair Play' no Desporto

Somos, por vezes, um povo de costumes muito brandos, frágeis e descoloridos em que os arcos-íris da vida estão muito para além do horizonte dos nossos sentimentos.

A honorabilidade que no passado tinha de ser conquistada a ferro e fogo, hoje, por vezes é servida a frio e em qualquer esquina, ouvindo gemidos inconsequentes de ocasião.

Há palavras e palavras: umas aproximam, elevam, formam e iluminam os caminhos para o sucesso, mobilizando a atenção para o belo e verdadeiro. Outras, porém, fazem rir, emocionam, fazem corar de sentimento e até por vezes verter lágrimas. Outras ainda escondem, encobrem, enganam, disfarçam com a falta de vergonha como são expostas.

Irei procurar neste postulado, emitir por palavras o meu sentimento de gratidão por quem ao longo do tempo foi capaz de fazer do Futebol uma força mobilizadora para a aproximação dum povo capaz da exaltação do sucesso pela generosidade e honestidade de processos no encontro da discussão das ideias, servindo um expoente de cultura, visando sempre a dignidade da pessoa e a autenticidade do cidadão, de forma inteira.

Neste final de mandato na qualidade de Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, quero exprimir o meu sentido de gratidão ao nosso campeão dos campeões, Dr. Fernando Gomes. Uma figura ímpar onde se enquadra a civilidade do homem na nobreza do cidadão. O arquiteto da consciência federativa autenticamente responsável e responsabilizadora e que fez erguer o castelo dos sonhos com obra no terreno e fora dele também. Revelou no seu magistério de influência, uma imagem forte, atenta e serena, cujos traços de identidade roçaram a fidalguia, negligenciaram a apatia e fortaleceram o entusiasmo. Como líder exemplar, ajudou a catapultar a história do tempo com astúcia, inteligência e perseverança, colocando o Futebol português na rota do sucesso, jamais alcançado.

Outra figura de distinção e estimável apreço e que vê, de certeza imbuído duma agrura de sentimento já revisitado de saudade, o presidente da Liga de Futebol Profissional Dr. Pedro Proença. Ainda recordo, quando nos finais dos anos 90 do pretérito século, para a formação e restruturação dos Centros de Treino da Arbitragem, quanta a mais valia dos seus propósitos firmes de conceitos e atuantes em atitudes, muito me ajudou, naturalmente com a diretiva do então presidente e distinto amigo Luís Guilherme e revigorado pela fidelidade intrínseca de mais gente de nobreza de atitudes, a exemplo de outra figura que muito estimo, Duarte Gomes, o que se revelou uma mudança absoluta no apoio para a prestação de competências a quem tanto se lhe exige de julgar o jogo, usando a coerência, decoro, honestidade, firmeza, coragem, integridade, etc, valores que se foram evidenciando no trânsito da sua qualificável liderança.

Creio mesmo que a sua formação académica na área da Gestão Empresarial, associada à função exercida na arbitragem, tendo atingido a bitola máxima da sua identidade e classificação exemplar, formaram a que cognomino de coerência ética, tendo a prática de função como critério da verdade, fazendo da firmeza das ideias e duma exigência partilhada o seu foco dinamizador para uma NOVA LIGA PORTUGAL.

Não apenas na reconquista de novo espaço, onde se revela uma plena funcionalidade operante, mas a elevada qualificação de mestrias para as diversas funções, assumindo, quer no apoio aos Clubes, quer na formação pedagógica entre pares de nível universitário, uma verdadeira identidade coletiva de magnitude universal, como o atestam os Fóruns de esmerada qualificação técnico científica, de nível internacional e que muito orgulha quem teve e tem a oportunidade e honra em neles participar.

Os grandes líderes, por vezes transformam-se em pessoas insatisfeitas. Não se acomodam. Irradiam energia. Transpiram rigor. Fazem do compromisso uma inegociável intransigência. Transportam na alma as pegadas da experiência vivida e nos olhos um sinal de esperança … para continuar a conquistar o futuro!...

Àqueles a quem hoje dediquei o meu tempo explorando este sentimento de gratidão, permito-me citar Vítor Hugo (1802-1885): o futuro tem 3 nomes: «PARA OS FRACOS, INATINGÍVEL … PARA OS MEDÍOCRES, DESCONHECIDO … PARA OS VALENTES — A OPORTUNIDADE».

Observação 1: Não gostaria de terminar esta minha nota de reflexão, sem deixar de saudar outras listas, outras ideias que possam servir de contraste no combate à mestria de liderança em diversos palcos do poder, quer a nível do Comité Olímpico, quer a nível da Federação Portuguesa de Futebol, quer a níveis de UEFA/FIFA, sinais duma democracia autenticada por valores onde pelo respeito se exige uma necessária, porque generosa humildade intelectual.

Observação 2: Mesmo para finalizar não posso deixar de referir o Mestre Dr. Jerry Silva, alguém que faz parte duma lista sujeita ao código eleitoral e que pelo mapa de recordações voltei a encontrar um jurista consagrado e de sagaz opinião, um honrado ex aluno, sempre disponível para a descoberta generosa da arma das ideias, incorporando na sua personalidade uma serena fonte inspiradora de elevada conduta cívica, moral e espiritual, ajudando-me a descobrir algumas perguntas para muitas das minhas incertezas.

Estaremos brevemente em ato eleitoral. HONRA E GLÓRIA PARA OS VENCEDORES … RESPEITO PARA OS VENCIDOS!...

BEM HAJAM.