Tão fácil que até o Salvador se antecipou à crise (crónica)
Com o jogo diante do Tondela ainda a pesar, 50 horas depois, nas pernas nos jogadores, Rui Borges voltou aos três centrais e responsabilizou as segundas linhas, ao retirar do banco qualquer salvaguarda caso as coisas começassem a correr mal: os habituais titulares foram ver a partida para a plateia. Não havia margem de erro. Não havia hipótese de relaxar.
Os onze que entraram em campo, entre segundas opções, quase-titulares como Quenda ou Morita e ainda a surpresa Salvador Blopa, assumiram o seu dever e dominaram a partida territorialmente desde o primeiro minuto, ainda que inicialmente com poucas jogadas de perigo. Com as equipas a organizarem-se no mesmo sistema (3x4x2x1), o corredor interior ficou inflacionado. Nada que demovesse o Sporting, que, depois de um ou outro ensaio, ultrapassou pelo ar o bloqueio. Matheus Reis bateu para o movimento vertical surpresa de Vagiannidis — da posição de central à direita até à entrada da grande área — o grego cabeceou na diagonal para Quenda que, em posição regular, fez a bola passar entre as pernas do guarda-redes Matheus Mendes. Aos 21 minutos, estava desfeito o nulo. Uma jogada pouco habitual, todavia eficaz.
Nove minutos depois, o 2-0 praticamente sentenciava a eliminatória. Ioannidis, através da sua maior envergadura, ganhou ascendente sobre Meupiyou e entregou a Blopa. O ala fletiu para dentro, tirando Chissumba com facilidade da jogada, e juntou um primeiro golo à estreia.
UM POUCO MAIS DE ALVERCA
Os leões baixaram um pouco os níveis de agressividade e o Alverca aproveitou para subir linhas, ainda que Virgínia não tenha tido grande trabalho. Apenas um remate enquadrado de Abulai, perto do intervalo.
Um choque entre Kalky Naves e Steven Baseya abriu caminho ao terceiro do Sporting, numa altura em que o ritmo estava ainda mais baixo do que no final do primeiro tempo. Alisson conduziu o ataque rápido, ignorou Ioannidis sobre a sua esquerda e escolheu a opção menos favorável: Quenda. O esquerdino procurou, no entanto, o seu melhor pé e mesmo com alguns rivais à volta conseguiu achar espaço para meter o remate com sucesso. Pouco depois da festa, saiu para a ovação e para permitir a estreia de Flávio Gonçalves.
Ioannidis ainda ameaçou o 4-0, aos 68 minutos, depois de um canto curto, mas acertou na figura do guarda-redes.
4-0 MADE IN ALCOCHETE
Aos 71 minutos, surgiria mesmo o quarto leonino, numa jogada com carimbo de Alcochete. Flávio Gonçalves libertou na direita já na área a bola em Salvador Blopa e o ala voltou a rematar simples, sem hipótese para Matheus Mendes.
Com a goleada a salvaguardar qualquer acidente, graças à seriedade com que a partida foi encarada, Rui Borges não teve qualquer receio em abrir a porta a mais quatro estreias, duas absolutas. Rayan Lucas e Chris Grombahi vestiram pela primeira vez a camisola da equipa principal, e Rodrigo Ribeiro e João Muniz jogaram finalmente esta época.
A partida não acabaria sem mais dois grandes golos, um para cada lado. Primeiro, a obra de arte de Ioannidis com o pior pé. Um remate em curva, a entrar junto ao poste direito, que premiava, aos 81 minutos, sobretudo uma noite de trabalho. Depois, castigando um erro de Matheus Reis, Sandro Lima cavalgou para o tento de honra. Mesmo assim tudo fácil, num jogo que cedo o Sporting soube descomplicar.