João Simões Foto: IMAGO
João Simões Foto: IMAGO

Sporting: Simões reclama lugar no onze em Tondela

Médio perfila-se para voltar a ser parceiro do intocável Hjulmand, naquela que poderá ser a primeira titularidade na Liga. Morita e Kochorashvili geram dúvidas

Olhando ao que foi a promissora época de João Simões no ano passado, antes de ter fraturado o quinto metatarso do pé direito, já em fevereiro último, diante do Borussia Dortmund, que o levou a ser operado e, consequentemente, a falhar o resto da temporada, era pouco expectável que nos 13 jogos do Sporting em 2025/2026 somasse apenas 145 minutos, em quatro jogos, dos quais uns meros três são na Liga.

O jovem médio, de 18 anos, aposta de Ruben Amorim, foi sete vezes suplente não utilizado, jogou dois minutos com o Famalicão e um com o Moreirense, mas foi surpresa no onze dos verdes e brancos em casa do Nápoles, na 2.ª jornada da fase de liga da Liga dos Campeões, tendo sido substituído aos 78 minutos, e voltou a surgiu como titular na receção ao Marselha, jogando 68' para depois ser lançado Ioannidis. Aquando da substituição, Rui Borges dirigiu-lhe algumas palavras, tendo sido perceptível a resposta do camisola 52: «Bora, bora, bora», dando umas palmadinhas nas costas do treinador, como que a dizer que entendia a alteração.

Agora, em vésperas da deslocação a Tondela, João Simões reclama a titularidade ao lado do intocável Hjulmand. A BOLA falou com Augusto Inácio, antigo treinador campeão pelo Sporting, para aferir o que pode pesar nos pratos da balança para o jovem ser incluído no onze.

Augusto Inácio foi jogador e treinador campeão ao serviço do clube
Augusto Inácio, nas instalações de A BOLA, foi jogador e treinador campeão ao serviço do Sporting

«Só o Rui Borges pode dizer o que nos está a escapar, porque quando se lança um miúdo, em Nápoles, em jogo da Champions, num estádio que não é o de Alvalade, e mostrou aquela personalidade toda, pensava que ia ter mais oportunidades. O certo é que no jogo seguinte nem foi convocado, depois tem andado para ali, mas não tem tido minutos, e, curiosamente, aparece com o Marselha, em Alvalade, e joga a titular. O Rui Borges é que sabe com o que conta, mas o que é certo é que Morita não atingiu o nível, desde o princípio da época, o Kochorashvili ainda não deu indicações de segurança para render o Morita na equipa titular, mas acho que pelo jogo que fez em Nápoles, o Simões é aquele que me parece melhor para jogar ao lado do Hjulmand, mas o Rui Borges não tem pensado assim. Vamos ver se neste próximo jogo, até porque o Simões também jogou bem com o Marselha, pode ter oportunidade de ser titular no campeonato», realçou.

«Um jogador box-to-box»

Augusto Inácio enumerou, ainda, as mais-valias de João Simões em relação aos concorrentes na corrida ao onze: «Vemos que parece que está melhor do que Morita e Kochorashvili. Além da personalidade, também é aquele que apoia o ponta de lança, que aparece na área muitas vezes, no espaço vazio, é um jogador box-to-box, mas, acima de tudo, que quando tem a bola nos pés não a perde com facilidade e isso é muito bom para a equipa. Claro que tudo depende daquilo que o treinador está a pedir, o que vemos é que os outros médios entram muito pouco, é verdade que no sistema de 3x4x3 havia essa possibilidade, e o Morita aparecia muitas vezes na área, e o Kochorashvili já está no sistema 4x2x3x1 e, se calhar, não tem ordens para aparecer tanto na área. É tudo aquilo que é a estratégia de jogo do Rui Borges.»

Certo é que o georgiano não tem deslumbrado e o japonês por força de lesões e paragens tem denotado pouco ritmo.
«Com este sistema acho que aquele que se aproxima mais do ataque do Sporting, que dá mais alguma coisa, é o João Simões, ele faz isso muito bem», reforçou.

O João Simões, realmente, cada vez que o vejo jogar sinto essa empatia, até eu tenho empatia por ele. Porque, além da pessoa, parece ser bem formado, é um jogador dentro do campo que parece que o Sporting está dentro do seu coração

O jovem tem também grande empatia com os adeptos, que lhe reconhecem sentir o Sporting como um verdadeiro leão, o que faz com que as vozes se levantem a reclamar mais presença do miúdo.

João Simões tem motivos para sorrir
João Simões tem motivos para sorrir - Foto: IMAGO

«Normalmente, as bancadas têm esse carinho por quem é da formação. E, quando esse jogador, ainda por cima, corresponde e joga bem, mais carinho têm. Temos também o caso do Eduardo Quaresma, de quem os adeptos gostam muito, mas que, neste sistema de jogo, tem tido mais dificuldades em se impor. O João Simões, realmente, cada vez que o vejo jogar sinto essa empatia, até eu tenho empatia por ele. Porque, além da pessoa, parece ser bem formado, é um jogador dentro do campo que parece que o Sporting está dentro do seu coração», disse.

«Hjulmand com menos fulgor»

Sendo certo que a titularidade de Hjulmand é indiscutível, o treinador campeão pelo Sporting apontou mudanças na ação do capitão: «Este ano ainda não apareceu com aquele fulgor e carisma como jogava no outro sistema, em que tinha outra importância. Às vezes parece-me que não sabe se há de esticar um bocadinho mais o jogo, se há de ficar, mas dá-se bem com quem estiver ao seu lado, é ele e mais dez, mas a sua performance e qualidade de jogo tem a ver com o que o treinador lhe diz. Agora, de certeza, que dá conselhos ao seu parceiro do lado, assim como aos outros colegas. Mas, para mim, a importância de Hjulmand na equipa era muito maior no outro sistema do que agora. Às vezes, até parece-me algo perdido, que não ocupa tanto espaço, precisamente porque os médios interiores talvez não estejam tão metidos, tão dentro, como era no 3x4x3, e isso talvez seja uma forma de ele não ter tanta influência. Foi muito tempo a jogar numa linha de três defesas», analisou.

«O Trincão e Pote também já não estão a marcar aquela diferença, estão a adaptar-se, até porque há o estigma de crise, que para mim nunca houve, é certo que o Sporting ganhou ao Marselha, mas não podemos pôr uma venda e não ver o que se estava a passar. Claramente que com o Marselha a jogar com 11 o Sporting estava com imensas dificuldades, não só a defender como também a criar, o que é certo é que aqueles 45+2 minutos foram uma bênção, com o Rui Borges a ter mérito ao encostar o Marselha lá atrás e não deixou pensar o jogo e tentou tudo para ganhar. Mas se o Marselha estivesse com onze teria ganho, mas pode ser o clique para que a confiança dos jogadores neste sistema seja cada vez mais vincada», finalizou.