Sporting: Rui Silva ao nível dos gigantes Neuer e Courtois na Champions
A posição do guarda-redes dizem ser das mais ingratas. Pode fazer um punhado de defesas, mas são os erros que perduram na memória. E, neste capítulo, Rui Silva também não escapa. Está bem presente na memória dos sportinguistas o jogo com o Nápoles, em que o camisola 1 teve um deslize que acabou por ter consequências negativas. Uma má abordagem no lance que valeu golo a Hojlund, em cima do apito final, e que haveria de sentenciar a derrota leonina em solo transalpino (1-2).
Na terça-feira, de novo em Itália, com o Sporting a tentar quebrar a malapata de nunca ter vencido no país do sul da Europa — aumentou para 20 as tentativas —, o que ficou na retina foi a excelente performance do guardião, de 31 anos. Diga-se que, a nível estatístico, foi mesmo a melhor prestação da presente temporada.
No total foram oito defesas, superando as cinco que havia realizado no jogo com o FC Porto, a 30 de agosto, na 4.ª jornada da Liga, em Alvalade, com os leões a saírem derrotados por 1-2, e dessas oito quatro foram na sequência de remates dentro da área, com selo de golo, acabando mesmo por segurar o empate e garantir um importante ponto para os verdes e brancos nesta caminhada de apuramento na fase de liga da Liga dos Campeões.
A título de curiosidade diga-se que o guardião esteve à altura de dois gigantes das redes: Manuel Neuer também fez oito defesas no jogo do Bayern Munique na vitória em casa do PSG (2-1) — sofreu um golo de João Neves — e Thibaut Courtois que, com oito defesas, não conseguiu evitar a derrota do Real Madrid na deslocação a Liverpool (0-1).
O Sporting marcou primeiro — Maxi Araújo concluiu uma triangulação perfeita com Ioannidis e Trincão —, mas teve dificuldades em travar o ímpeto da Juventus e Vlahovic chegou ao empate 22 minutos depois e, diga-se, a vecchia signora só não conseguiu a reviravolta no marcador por causa de Rui Silva.
«Tento fazer o meu trabalho. Há momentos em que consigo e outros em que pode não correr tão bem, como por exemplo no jogo de Nápoles, são coisas que acontecem. O importante é estar sempre preparado para estes momentos, poder jogar estes jogos, estas competições, que é a mais bonita de clubes», disse Rui Silva, após o jogo com a Juventus. O seu nome foi elogiado pela imprensa italiana e até a UEFA o coloca no lote de guardiões em destaque nesta jornada.
Líder e exemplo no balneário
Pedro Gonçalves recebeu o prémio de MVP que lhe foi atribuído pela UEFA, mas deu-o a Rui Silva, considerando que o merecia muito mais do que ele próprio. «Nem sei porque me deram o prémio», realçou. O guardião mostrou-se grato pelo gesto e fez questão de enaltecer, realçando «a resiliência e a união que temos neste grupo».
Rui Silva, recorde-se, chegou a Alvalade em janeiro último, oriundo dos espanhóis do Betis, após oito anos a jogar fora de Portugal, assumindo-se como número 1 e depressa conquistou o balneário. A experiência e o perfil de liderança fazem com que seja um exemplo para os seus pares e também para os mais novos.
Esta época soma 1080 minutos em 12 jogos, tendo sofrido nove golos (quatro na Liga, outros tantos na Champions e um na Supertaça).