Sporting e a responsabilidade do futuro

É mais do que tempo de subir a palco um debate pragmático e intelectualmente honesto sobre a entrada de investidores na SAD

OSporting festejou no passado sábado o 117.º aniversário mergulhado em dúvidas. Não se tratam, porém, nem de dúvidas existenciais, porque o clube fundado por José Alvalade tem uma implantação sólida e representa uma marca indelével na sociedade portuguesa, muito menos de dúvidas sobre a identidade, já que estamos perante uma matriz genética bem definida, capaz de suportar, ultrapassar e vencer as circunstâncias da vida. Através destas características explica-se que os leões, que apenas venceram, nas últimas quatro décadas, três campeonatos nacionais, não sofram de sintomas de desmobilização. O Sporting é uma entidade demasiado enraizada para ceder à espuma dos tempos, mostrando, até, depois de tudo o que aprendeu com Bruno de Carvalho, e do que sucedeu na Academia, uma capacidade de regeneração com base na vontade dos sócios, que só por si é garante do futuro.

Mas então, a que dúvidas me referi, no início deste artigo? São dúvidas que têm a ver, sobretudo, com a melhor forma de criar condições para que o clube se mantenha competitivo. Aqui chegados, já se percebeu que, mesmo num contexto de venda centralizada dos direitos televisivos, não é previsível que o retorno dos grandes aumente significativamente; sabe-se que as receitas da bilhética, da quotização e da sponsorização são insuficientes para manter uma equipa que lute sistematicamente pelo título; não é novidade que, depois da redução de clubes portugueses com acesso à Liga dos Campeões, o risco de os leões ficarem fora da divisão deste espólio europeu, como sucede na época que vai começar, é muito grande; finalmente, o recurso às receitas extraordinárias através da venda de jogadores, não só é incerto, como ainda obriga a demasiados recomeços da estaca zero.

Perante este estado de coisas, é ou não tempo, de o Sporting (e não só), mantendo-se maioritário no capital da SAD, pensar seriamente em parceiros externos, que possam trazer argumentos financeiros que assegurem o desígnio proposto por José Alvalade em 1906? Este é um debate fundamental nos dias de hoje, que exige honestidade intelectual e pragmatismo, quando todos os dias surgem, no universo do futebol, novos riscos e novos players, das mais variadas latitudes, que exigem respostas que não fiquem agarradas às brumas da memória.
 

ÁS – MANUEL SÉRGIO

O filósofo que mudou a forma de vermos o futebol,  concedeu uma notável entrevista a Vítor Serpa, que A BOLA TV colocou ontem no ar. Trata-se de uma conversa imperdível, entre dois monstros sagrados, um daqueles  registos para a posteridade em que Manuel Sérgio, 90 anos, mostra uma total frescura do pensamento.

REI – RUI JORGE

A parte boa da participação de Portugal no Campeonato da Europa de sub-21 foi, em primeiro lugar, a qualificação para a fase final; e depois a superação da fase de grupos, deixando para trás a Bélgica e os Países Baixos. A parte má foram as exibições descoloridas, de uma equipa que  falhou os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
 

DUQUE – ENRIC MAS

O chefe-de-fila da Movistar, 28 anos, maiorquino que nasceu a 20 quilómetros da terra natal de Rafa Nadal, preparou-se duramente para o Tour, que começou em Espanha, e na primeira etapa, disputada em estradas bascas, teve de desistir devido a uma queda. A vida de um desportista de elite pode ser, por vezes, demasiado cruel...