Solskjaer recorda episódio com Ancelotti: «Treinar o United? Não não, demasiada pressão»
Ole Gunnar Solskjaer, antigo treinador do Manchester United, recordou um episódio curioso com Carlo Ancelotti, que na altura orientava o Everton. Segundo o norueguês, o técnico italiano confessou que não gostaria de assumir o comando em Old Trafford devido à enorme pressão associada ao cargo.
Solskjaer esteve quase três anos à frente dos destinos do clube antes de ser demitido. Foi o primeiro ex-jogador do United a assumir o posto a tempo inteiro após a retirada de Sir Alex Ferguson, tendo obtido resultados mistos durante o seu mandato.
Apesar do declínio da equipa na era pós-Ferguson, a expectativa em torno do clube de Manchester continua a ser imensa. Ancelotti, por sua vez, já liderou alguns dos maiores clubes da Europa, com destaque para o Real Madrid, mas também com passagens por Bayern, Milan, PSG e Chelsea.
No entanto, Solskjaer afirma que, durante um jogo entre o Everton e os red devils, o italiano lhe disse abertamente que não cobiçava o seu lugar.
Em declarações à BBC, o norueguês de 52 anos relatou o momento: «Lembro-me de um jogo contra o Everton. Estava na minha área técnica e o Carlo Ancelotti aproxima-se, ficando praticamente dentro do meu espaço. O quarto árbitro diz-lhe: 'Carlo, tem de voltar para a sua área técnica, a não ser que queira o lugar do Ole'.»
«E ele respondeu: 'Não, não, não, demasiada pressão. Esse cargo tem demasiada pressão'. Ele sempre disse que a pressão é um privilégio, e eu sentia-me privilegiado por ser treinador do Man. United. Mas, claro, somos a cara de tudo o que rodeia o clube», acrescentou Solskjaer.
«Essa pressão é um privilégio porque me foi permitido geri-la à minha maneira, com uma excelente equipa técnica e um ambiente muito positivo no clube. No final, porém, são precisos resultados. Infelizmente, tivemos um período muito mau de seis semanas, o que é demasiado tempo num clube como o Man. United», concluiu.
Durante a sua passagem por Old Trafford, Solskjaer conseguiu alguns progressos, mas nunca conquistou um troféu, tendo perdido várias meias-finais e uma final da Liga Europa. Uma série de maus resultados, que incluiu uma humilhante derrota por 5-0 em casa contra o Liverpool, acabou por ditar o seu despedimento.
O norueguês considera que, tendo em conta os adversários que enfrentou, não poderia ter escolhido uma altura pior para liderar o clube que representou como jogador.
«Não se trata de receber o mérito», afirmou. «Foi a pior altura para ser treinador do Man. United. Tínhamos o Jurgen Klopp com a sua equipa do Liverpool e o Pep Guardiola com o seu Man. City. Provavelmente os dois melhores treinadores e as duas melhores equipas do mundo na altura. Mesmo assim, conseguimos um segundo e um terceiro lugar. Com a equipa que tínhamos, estávamos a construir algo, mas não conseguimos dar o passo seguinte», concluiu.