Holsgrove e Froholdt (Foto: Rogério Teixeira/Kapta+)
Holsgrove e Froholdt (Foto: Rogério Teixeira/Kapta+)

Só o escocês de Edimburgo 'traiu' o escocês de Dundee (a crónica do FC Porto-Estoril)

Jogo decidido por falha tremenda de Holsgrove. Estoril de Cathro deu 'bailarico' (sem golos) no Dragão. A verdade é que o FC Porto joga muito bem e ganha; joga bem e ganha; joga assim-assim e ganha; joga mal e ganha

As armadilhas são coisas com as quais não se conta, disse Francesco Farioli no pré-jogo. E houve muitas no arranque do jogo, uma delas dando golo e três pontos ao FC Porto. Falhou Jordan Holsgrove, escocês de Edimburgo, no passe-armadilha que permitiu o remate de William Gomes que terminou no único golo do jogo.

O Estoril jogou tão bem, tão assustadoramente bem em casa do líder da Liga, que só mesmo Holsgrove ‘traiu’, se assim podemos escrever, a filosofia ousada e bem atrevida de Ian Cathro, o escocês de Dundee. A verdade, porém, é que os três pontos ficam no Dragão. Tem sido assim a época do FC Porto: joga muito bem e ganha; joga bem e ganha; joga assim-assim e ganha; joga mal e ganha. Só o Benfica impediu os 36 pontos à 12.ª jornada.

A primeira armadilha do jogo veio da parte de Diogo Costa. Estava o guarda-redes demasiado adiantado, a meio do seu meio-campo, quando, logo aos 5’, Begraoui recebeu a bola e aproveitou para, a cerca de 45 metros, tentar o golo na baliza deserta. Felizmente para o FC Porto o remate saiu ao lado. Logo a seguir, Samu caiu na armadilha do fora de jogo e, mesmo marcando, tornou-se claro e evidente que partira de posição irregular: golo anulado. Instantes depois, nova armadilha a aparecer no Dragão, desta vez num erro grave de Holsgrove. O escocês quis atrasar a bola para Bacher em zona delicada. William apareceu no espaço vazio, recolheu a bola e, com o guarda-redes Robles a tentar fazer a mancha, rematou rasteiro e inaugurou o marcador.

A perder, o Estoril desinibiu-se ainda mais e, a jogar em 4x3x3, ao contrário do habitual 3x4x3, começou a impor algum respeito ao FC Porto. Primeiro, na sequência de uma tentativa falhada de Diogo Costa num lançamento com os pés, mais tarde numa bela iniciativa de Holsgrove, com João Carvalho a fazer o mais difícil: rematar ao lado da baliza portista. Farioli, sentindo o impacto da estratégia de Ian Cathro no jogo do Estoril, forçou uma espécie de desconto de tempo, pedindo a Diogo Costa para se agarrar ao pé esquerdo. Melhor elogio do que este não haveria para a primeira parte dos canarinhos. A finalizar a etapa inicial, sobre a direita, Guitane foi mais forte do que Froholdt, cruzou rasteiro para a marca de penálti, com Begraoui a desperdiçar nova oportunidade de golo para o Estoril.

O FC Porto regressou poderoso do balneário e não pela troca de Francisco Moura por Zaidu. Entrou com maior dinâmica, velocidade e intensidade. Duraria ou acabaria por tornar-se, como no arranque do jogo, numa espécie de fogo de artifício? Assim foi: apenas foguetório que durou 15 minutinhos, se tanto. Cathro aumentou o risco e trocou os laterais: Ricard Sánchez por Gonçalo Costa e Pedro Amaral por Pedro Carvalho.

O Estoril continuava sem autocarros à frente de Robles e começou a obrigar o FC Porto a colocar mini-autocarros na frente de Diogo Costa. Os dragões não tinham bola e, quando a tinham, perdiam-na. Uma, duas, três, quase infinitas vezes. A culpa era de uma equipa e de um homem: Estoril e Ian Cathro.

A meio da segunda parte, o escocês de Dundee arrisca ainda mais: Orellana por Ferro. Os canarinhos regressam ao habitual 3x4x3, com Boma, Bacher e Ferro como centrais e Pedro Carvalho e Gonçalo Costa como laterais projetados. E nada mudou. Ou antes: a filosofia de jogo do Estoril continuou exatamente igual. Mais bola, sempre mais perto da baliza adversária e com bastante perigo. O FC Porto não acertava as marcações, recuperava poucas bolas e perdia-as todas. Pertinho do fim, já no período de compensação, os mais de 40 mil espectadores no Dragão tremeram: a bola caiu na frente de Ferro, à entrada da área e, no ar, o remate do ex-Benfica saiu fortíssimo e bem colocado. Ia entrar, quase anteciparam o golo do empate. Todos menos um: Bednarek cortou, de cabeça, o remate que era quase golo.