Seis baixas importantes para o Tour
A três dias da Grande Partida da Volta a França, no sábado, em Lille, há seis baixas de vulto de última hora para a maior corrida de ciclismo do mundo.
A principal é a de Richard Carapaz, recente terceiro classificado do Giro de Itália. O equatoriano estava a ter uma das melhores temporadas desde a de 2019, em que venceu a corsa rosa, e ambicionava, com legitimidade, no mínimo, repetir o bom desempenho no Tour de 2024, em que ganhou uma etapa alpina (17.ª, entre Saint-Paul-Trois-Châteaux e Superdévoluy) e conquistou a camisola às bolinhas de melhor trepador da competição. Todavia, o apontado líder da equipa norte-americana EF Education-EasyPost desenvolveu uma infeção gastrointestinal há alguns dias, que o impede de participar no terceiro Tour consecutivo.
«Na semana passada, Carapaz começou a sentir dores abdominais e febre alta. Foi submetido a vários exames que revelaram uma infeção gastrointestinal, confirmada por tomografias computorizadas e exames de imagem adicionais. A nossa equipa médica administrou-lhe antibióticos para controlar a dor e a febre, e depois de terem reunido com os médicos do corredor no Equador, desaconselham a que o Carapaz faça viagens tão longas e a competir neste momento. Como resultado, Richard não participará no Tour este ano», afirmou a EF Education em comunicado.
A informação foi confirmada pelo próprio Carapaz nas suas redes sociais: «É com grande tristeza que comunico que uma infeção gastrointestinal obriga-me a perder o Tour. Não são as melhores notícias, mas a saúde está sempre em primeiro lugar. Obrigado a todos pelas mensagens e apoio. Boa sorte EF Education».
Jonathan Vaughters, fundador e diretor-geral da EF Education, lamentou a ausência de Richard Carapaz. «Ele saiu do Giro em grande forma e estabeleceu recordes pessoais nos treinos para o Tour. Fez muitos sacrifícios para chegar a este nível, por isso o momento era ideal. Sabemos o quanto o Tour significa para ele, e perdê-lo tão perto da corrida é um rude golpe. Carapaz é um campeão em todos os sentidos e, conhecendo-o, estou confiante de que este revés só o motivará a regressar mais forte»
O norte-americano já revelou o próximo objetivo do campeão olímpico de fundo em Tóquio 2020. «O Richard vai tirar umas semanas de férias para que o seu corpo recupere totalmente da infeção e, depois de curado, voltará aos treinos. O seu objetivo esta temporada será vencer a Volta a Espanha».
Richard Carapaz não é o único vencedor do Giro a falhar o Tour 2025. Tao Geoghegan Hart, que triunfou na grande Volta italiana em 2020 (um ano após o equatoriano, na edição em que João Almeida foi quarto classificado e envergou a camisola rosa durante 15 dias), também não alinhará na Grande Boucle este ano. O britânico da Lidl-Trek adoeceu durante a Volta à Suíça e só deve regressar à competição em agosto, e não correrá nas estradas do Tour pelo segundo ano consecutivo.
«Infelizmente, adoeci com uma leve infecção respiratória nos últimos 5 dias da Volta à Suíça, e senti-me cada vez pior no final, mesmo que fosse apenas para terminar a corrida», explicou Hart, que foi 25.º na classificação geral da corrida helvética, ganha por João Almeida.
Refira-se que há outro vencedor da Volta a Itália que é baixa para o Tour, mas já confirmada desde 15 de maio. Sabe-se desde esse dia em que sofreu uma queda grave durante o Giro (6.ª etapa) que o australiano Jai Hindley estaria impossibilitado de correr a Volta a França. O australiano da Red Bull-Bora-hangrohe, ganhador da corsa rosa em 2022, voltaria a ser um dos tenentes de montanha de Primoz Roglic, esloveno que é o líder da equipa alemã e que também acabou por desistir no último Giro devido a queda.
Também acidentado na última Volta a Itália, Mikel Landa é outro indisponível importante para o Tour. O espanhol, que fraturou uma vértebra em consequência de queda logo na primeira etapa do Giro, ainda na Albânia, é uma baixa irreparável para Remco Evenepoel, líder da Soudal Quick-Step, do qual voltaria a ser o principal escudeiro na montanha, tal como na edição de 2024. De resto, Landa foi quinto classificado da geral, atrás de João Almeida.
A lista de ausências forçadas completa-se com a de dois franceses, David Gaudu e Benoît Cosnefroy. O primeiro, esperança adiada do ciclismo francês após Thibaut Pinot, Romain Bardet e Julian Alaphilippe, está fora de forma e não foi selecionado pela sua equipa, Groupama-FDJ. Decisão que, segundo o corredor de 28 anos, foi tomada em comum acordo.
«Devido o meu nível atual, tenho sido transparente com a equipa e decidimos juntos que não eu participarei no Tour este ano», disse Gaudu, que esta temporada já fez o Giro de Itália, com um desempenho discretíssimo (66.º da geral, a mais de três horas do vencedor, Simon Yates).
«Infelizmente, os meus últimos treinos não foram conclusivos. Para competir no Tour, ao longo de três semanas intensas, é preciso estar a 100%. Apesar de todos os meus esforços desde o Giro, não encontrei a energia necessária. Tivemos uma boa conversa e tomámos uma difícil decisão: vou saltar esta edição de 2025. É obviamente uma grande deceção, especialmente porque a partida do Tour é na Bretanha este ano e os meus entes queridos podiam vir ver-me. Mas ir só para terminar não faz sentido. Por vezes, é preciso dar um passo atrás para dar dois à frente», declarou o trepador, longe aos tempos áureos em que foi quarto classificado no Tour 2022.
Também más notícias para a equipa Decathlon AG2R La Mondiale. A equipa francesa anunciou que um dos seus líderes, Benoît Cosnefroy, não participará no Tour.
O motivo da ausência de Benoît Cosnefroy é diferente do de David Gaudu: o corredor que era uma das apostas da equipa Decathlon AG2R La Mondiale para vencer etapas sofreu uma queda durante a Volta à Suíça, de que resultou uma contusão num joelho e não estará em condições de competir nas próximas semanas. Este é um rude golpe para o normando, cuja primeira semana do Tour se adequaria às suas características de corredor explosivo.