O Puerto de Vega resistiu até ao intervalo, mas acabou eliminado da Taça do Rei pelo Celta de Vigo
O Puerto de Vega resistiu até ao intervalo, mas acabou eliminado da Taça do Rei pelo Celta de Vigo - Foto: IMAGO

«Se for a um bar de alterne assinar contratos à uma da manhã, aí sim...»

Javi Prendes, treinador do modesto Puerto de Vega, abriu o livro em conferência de Imprensa após a derrota frente ao Celta de Vigo, na Taça do Rei

Em Espanha, os últimos dois dias foram de Taça do Rei e um dos jogos que mais está a dar que falar foi o que levou o Celta de Vigo a deslocar-se ao reduto do Puerto de Vega, do sexto escalão. Mas não por alguma polémica que tenha acontecido dentro de campo, durante os 90 minutos. O que ficou na retina — ou melhor, no ouvido — foi a conferência de Imprensa pós-jogo de Javi Prendes, treinador da equipa sediada num dos pontos mais a norte do país vizinho.

«Senti-me muito orgulhoso com aquilo que eles [jogadores] fizeram», começou por referir o técnico, depois de a sua equipa ter aguentado o nulo até ao intervalo, acabando por perder por apenas 0-2 frente a um adversário que ocupa o 13.º posto da LaLiga e disputa as provas europeias. A partir daí, Prendes abriu o livro. «Lembrei os meus jogadores que há muitas luzes [de Natal] em Vigo e nós só temos uma de 60 watts», prosseguiu.

Entre elogios ao homem do leme do Celta, Claudio Giráldez — «veio do nada e está a fazer grandes coisas» —, o técnico do Puerto de Vega adotou um discurso mais corrosivo.

«Neste maldito país só aqueles que conhecem um presidente é que treinam. Ninguém é promovido por mérito próprio, como devia acontecer. Mas isto acontece em Espanha, na Alemanha, por exemplo, já não. Este é um país democrático, certo? Então vou expressar-me, porque tenho de dizer isto em voz alta», disparou Javi Prendes.

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E continuou: «Quantas pessoas mereciam subir na carreira por mérito próprio e não tiveram essa oportunidade? Vou calar-me... Se for a um bar de alterne assinar contratos à uma da manhã, aí sim, dão-me a oportunidade.»

Em relação à postura defensiva adotada ante um adversário de poderio incomparável, Prendes foi... sincero. «Quanto menos corrêssemos, melhor. Se houvesse 14 mil toupeiras para acertar nos jogadores do Celta, melhor. Competimos contra um navio transatlântico sendo um barco a remos. Quantas pessoas trabalham em Vigo? Meio milhão? Aqui trabalham 100 ou 200, estivemos muito bem contra uma equipa que tem duas vitórias na UEFA Europa League. Isto faz parte da nossa história, estou muito orgulhoso porque fomos sensacionais», rematou. Para a história ficou, também, uma conferência de Imprensa inusitada...