Rui Costa termina carreira aos 39 anos
Rui Costa termina carreira aos 39 anos

Rui Costa anuncia fim da carreira

Corredor de 39 anos coloca um ponto final a um trajeto de 19 temporadas em profissionalismo, que tiveram como ponto alto a conquista do mundial de fundo em 2013, a única por um ciclista português

Rui Costa anunciou o fim da carreira. O único português campeão mundial de fundo, o homem que fez o país vibrar com a conquista da camisola de arco-íris e múltiplas vitórias sobre elite mundial do ciclismo, anunciou a despedida ontem, aos 39 anos. Fê-lo com a serenidade de que fez estilo de competir, mas também a emoção de deixar a profissão que ama.

«Chegou a hora de me retirar. De usufruir da companhia dos meus, de estar presente nos pequenos grandes momentos e de viver com calma o que tantas vezes ficou adiado. Fui um abençoado por viver o meu sonho, por vencer, por cair e levantar, e por ter sempre o meu anjinho da guarda comigo em cada curva da estrada», escreveu o poveiro nas redes sociais.

Foi mais de meia vida em cima da bicicleta e 19 temporadas de profissionalismo, com a elegância de quem pensava a corrida antes de a atacar. Campeão do mundo em 2013, três vezes vencedor de etapas no Tour, tricampeão da Volta à Suíça, Rui Costa fez do calculismo e da persistência uma forma de competir com sucesso.

Agradeço a todas as equipas que fizeram parte desta viagem e à Seleção Nacional - foi um orgulho imenso levar a nossa bandeira aos quatro cantos do mundo», acrescentou o corredor, que foi três vezes campeão nacional de fundo (2015, 2020 e 2024) e outras duas de contrarrelógio (2010 e 2013).

Da Póvoa de Varzim para o topo do ciclismo mundial, Rui Costa somou 33 vitórias, entre as quais o Grande Prémio de Montreal (2011) e uma etapa na Vuelta 2023. Esteve em 18 grandes Voltas, 12 delas o Tour de França, onde deixou marca de classe e temperamento, pedalando entre gigantes com o estilo silencioso que o tornou inconfundível.

Três vezes atleta olímpico - Londres-2012, Rio-2016 e Paris-2024 -, teve na edição brasileira dos Jogos o seu melhor resultado: 10.º na prova de fundo.

Começou no Benfica, em 2007, subiu ao WorldTour com a Caisse d’Epargne (futura Movistar) e vestiu as cores da Lampre-Merida, da UAE Emirates e, por fim, da EF Education-EasyPost, onde encerra o ciclo.

«Hoje fecho um capítulo. Mas a paixão pelas duas rodas… essa nunca acabará», rematou, sem antes agradecer, a todas as equipas que representou, elencando uma a uma na mensagem de despedida.

E é essa paixão que ficará como herança. Rui Costa deixa as estradas, mas leva consigo a honra de quem pedalou por um país inteiro. Um campeão que nunca precisou de promessas para provar o que era - bastou-lhe uma bicicleta, um arco-íris e a vontade de não desistir.