Patrick Dorgu, lateral-esquerdo do Manchester United - Foto: IMAGO

Rúben Amorim e os problemas de Dorgu: «Sente-se a ansiedade sempre que toca na bola»

O treinador português, que contratou o lateral dinamarquês por €30 milhões, admite que o jogador está a sentir o peso de Old Trafford e que precisa de mais «calma a jogar»

Rúben Amorim admitiu que Patrick Dorgu atravessa uma crise de confiança no Manchester United, afirmando que consegue «sentir a ansiedade» do jovem internacional dinamarquês sempre que este tem a bola nos pés.

Ruben Amorim, treinador do Manchester United
Ruben Amorim, treinador do Manchester United

Dorgu, que foi a primeira contratação de Amorim em janeiro por 25,3 milhões de libras (cerca de 30 milhões de euros) proveniente do Lecce, foi titular em oito dos 12 jogos do United esta época, atuando como ala esquerdo.

Nos restantes quatro jogos, a posição foi ocupada por Diogo Dalot, que se deslocou do seu flanco direito preferido. Amorim reconhece que ambos os jogadores estiveram «longe do seu melhor nível».

O treinador português acredita que Dorgu está a sentir o peso da pressão de jogar no Manchester United, tendo detetado uma ansiedade no futebol do jovem de 21 anos que não era visível em Itália ou ao serviço da sua seleção.

Apesar de ter marcado na derrota da Dinamarca frente à Escócia, a contar para a qualificação para o Mundial, o jogador desperdiçou uma oportunidade clara na derrota do United por 1-0 contra o Everton, em Old Trafford, na passada segunda-feira.

«Sente-se a ansiedade sempre que o Patrick toca na bola. Eu consigo senti-la», confessou Amorim.

«Quando vejo o Patrick a jogar pela seleção, ele marcou um grande golo contra a Escócia e a decisão que tomou sob pressão foi completamente diferente da que toma na nossa equipa. Penso que é uma questão de decisão, ele precisa de ter mais calma a jogar», analisou o técnico.

«Lembro-me do remate contra o Everton. Era mais fácil do que a decisão que teve de tomar com um jogador escocês em cima dele. Vi-o fazer isso quando jogava em Itália. Mas aqui é diferente e, por vezes, a pressão é difícil para eles no início. Ele tem tempo para melhorar», acrescentou.

Dalot também não convenceu na esquerda e Dorgu recuperou a titularidade nos últimos dois jogos, contra o Tottenham e o Everton, após quatro partidas no banco de suplentes.

Com o regresso de Lisandro Martínez, que esteve no banco na segunda-feira após quase 10 meses de ausência, Amorim tem a opção de deslocar Luke Shaw para a posição de ala. O mercado de transferências de janeiro ou do próximo verão poderá também ser uma solução.

«Temos tempo para pensar nisso», disse. «Não sei o que vai acontecer em janeiro. O que sinto quando os vejo [Dorgu e Dalot] a treinar é que estão muito melhores do que nos jogos. Preciso de compreender o contexto e tentar ajudá-los. Penso que estão longe do seu melhor, e eles sabem disso – tal como muitos jogadores na nossa equipa e como eu próprio.»

Após uma série de três vitórias consecutivas, o United empatou os dois jogos seguintes, com o Nottingham Forest e o Tottenham, e perdeu depois contra um Everton reduzido a 10 jogadores.

Na antevisão da deslocação a Selhurst Park para defrontar o Crystal Palace no domingo, Amorim quer garantir que este mau momento não se transforma em algo mais grave.

«Precisamos de ganhar agora. Caso contrário, algo vai mudar, e nós sabemos disso», afirmou o treinador do United. «É este o meu sentimento. Para mim, é a urgência de vencer. Não é bom ser o Manchester United e não ganhar. Aqui não há tempo. É por isso que estou sempre tão frustrado.»

«Não quero ter este sentimento. A minha vida é muito mais difícil quando o tenho. Precisamos de entender que este clube é diferente de qualquer outro. Por isso, vamos fazer tudo para evitar isto», continuou.

Amorim lamentou ainda as oportunidades perdidas nos últimos jogos: «Podíamos ter ganho o último jogo? Sim. Devíamos ter ganho. Tínhamos tudo para o fazer. Aconteceu o mesmo com o Nottingham Forest. Eles estavam a sofrer, nós vínhamos de três vitórias, tínhamos o jogo controlado e não ganhámos. Com o Tottenham, a mesma coisa.»

«Imaginem se tivéssemos ganho ao Everton. Toda esta conversa seria completamente diferente, e estariam aqui a perguntar-me sobre o top quatro. O Everton estava com 10 homens. Não podemos sofrer um golo. E sofremos no único remate à baliza. Um jogo, um remate, é por isso que fico tão frustrado. Não ganhámos o último jogo, e num grande clube isso é um problema. Vamos ganhar o próximo. Vai ser muito difícil, mas vamos a isso», concluiu.