Rodrigo Rêgo, extremo do Benfica - Foto Sérgio Miguel Santos
Rodrigo Rêgo, extremo do Benfica - Foto Sérgio Miguel Santos

Rodrigo Rêgo, o «irreverente» que está «em vias de extinção»

Afonso Sousa, antigo companheiro do extremo no FC Porto e no Famalicão, destaca o potencial de Seleção do amigo que se estreou pelas águias «sem euforias». Saída dos dragões antecedeu momento chave na carreira do ala dos encarnados

Rodrigo Rêgo saltou para as luzes da ribalta, depois de estrear-se pela equipa principal do Benfica, contra o Atlético, sexta-feira, em jogo da Taça de Portugal. Mas história da mais recente promessa das águias não começou no clube da Luz, que representa desde 2022 — deu os primeiros passos no Beira-Mar com quatro anos e aos seis, em 2011, mudou-se para o FC Porto.

Nos sub-8 dos dragões, em 2012, encontrou Afonso Sousa. Os dois jovens, ambos com 20 anos, coincidiram nas camadas jovens azuis e branco até 2016. Separaram-se e reencontrar-se nos sub-15 do FC Porto, em 2019/20, e nos sub-17 do Famalicão, duas épocas depois.

Rodrigo Rêgo abandonou os famalicenses em 2022 para rumar ao Benfica Campus, mas a relação de amizade com Afonso Sousa permaneceu. O extremo de 20 anos, que representou os sub-23 do Académico de Viseu na época passada e está sem clube, não escondeu o orgulho pela estreia do amigo de longa data na equipa principal dos encarnados.

Afonso Sousa ao serviço do Académico de Viseu - Foto: D.R.

«Dei-lhe os parabéns e disse-lhe que não me surpreendeu, mas, sim, que confirmou aquilo que esperava dele. Não mostrou medo algum e esteve bastante bem. Recebeu o prémio de homem do jogo e foi merecido», começou por contar a A BOLA.

Afonso Sousa revelou que sentiu o ala dos encarnados «sem euforias excessivas» e «totalmente preparado» para continuar a responder positivamente à aposta de José Mourinho. «É uma oportunidade de sonho para qualquer jovem, mas até nisso revelou maturidade, entrou lá para dentro como se já estivesse habituado a esse andamento», defendeu o extremo de 20 anos.

José Mourinho, no rescaldo da vitória do Benfica sobre o Atlético, afirmou que a atitude, o carácter e a polivalência de Rêgo precipitaram a estreia. O treinador de 62 anos exaltou a qualidade da exibição de um dos dois jogadores que não pensou tirar de campo ao intervalo. «Era um miúdo que tinha a certeza que não me ia defraudar. Não gosto de jogadores que me traiam e sabia que ele não o iria fazer», justificou.

O antigo companheiro de equipa de Rodrigo Rêgo reforça os elogios de Mourinho e considera que o «irreverente» ala encarnado «sai muito beneficiado por conseguir ocupar os dois corredores». Afonso Sousa explica que a capacidade de Rêgo estar «sempre atento a todos os pormenores do jogo» permite-lhe conjugar um «talento extraordinário» ofensivamente, com um desempenho sólido no plano defensivo, «sempre ligado».

«A adaptação dele para jogar a lateral/ala vem daquilo que é, não só no futebol, mas como ser humano cá fora. É um rapaz que sempre teve muito espírito de sacrifício e isso ajuda-o no comportamento em campo», explicou o extremo. Afonso Sousa desfaz-se em elogios a um jogador «agressivo nos duelos, muito forte em situações de um contra um e nos cruzamentos e sem medo de arriscar».

Rodrigo Rêgo chegou ao Benfica em 2022 (Foto: SL Benfica)

A polivalência e conforto a jogar nas duas alas com a mesma eficácia traçam um perfil «em vias de extinção» no futebol moderno. As primeiras indicações no futebol sénior, aliadas a seis épocas ao lado de Rodrigo Rêgo nos relvados, precipitam a «total convicção» de Afonso Sousa numa chamada do amigo à Seleção Nacional.

«É um tipo de jogador que está em carência no futebol hoje em dia Falta comprovar que realmente consegue manter-se nesse patamar e dar continuidade ao trabalho que tem feito. Se continuar neste ritmo, ou seja, de boas exibições e de confiança — acho que está muito confiante —, é um jogador que pode ser o que quiser», rematou Afonso Sousa.

Mudança decisiva para o Famalicão

Rodrigo Rêgo trocou o FC Porto pelo Famalicão em 2021, após nove temporadas de ligação aos dragões. Afonso Sousa, que tinha trilhado esse caminho um ano antes, procurou justificar a mudança: «Já não me lembro dos contornos da situação, mas sei que ele também não estava contente e procurou uma alternativa.»

O avançado que se sagrou campeão de juniores pelos famalicenses em 2022/2023 destacou o papel do dirigente Rui Borges, que deu «uma segunda vida» a muitos jogadores.

«O Rodrigo fez um grande ano nos sub-17 no Famalicão [em 2021/22] e conseguiu dar o salto para o Benfica com todo o merecimento», explicou Afonso Sousa, que permaneceu no clube até 2023 e jogou depois no Canelas 2010 e Académico Viseu.