«Rio Ave pode voltar aos seus tempos de Europa»
Com a saída de João Novais para o Al-Jabalain, da II Divisão da Arábia Saudita, orientado pelo técnico português Ricardo Chéu, João Graça assumiu o estatuto de jogador mais antigo do Rio Ave. O médio, de 30 anos, inicia a sua quinta temporada no clube vila-condense. Num contexto de profunda remodelação do plantel, com a chegada de vários reforços estrangeiros, incluindo seis jogadores gregos, João Graça considera esta mudança natural.
«É uma revolução, mas é uma coisa normal no futebol e no mundo cada vez mais global. No futebol e no mundo trabalham cada vez menos nacionalidades. Estamos todos cá para o mesmo. O importante é que toda a gente venha com o espírito certo e para ajudar. E tem chegado muita gente com qualidade. Tenho certeza que vamos fazer um grupo forte e que vai ser um bom ano», afirma o jogador, que falou à margem da visita de uma comitiva do clube à AgroSemana, Feira Agrícola do Norte.
João Graça já apanhou algumas expressões em grego, mas arrisca apenas uma: «Kalimera», que significa bom dia: «Se falar com o Clayton ou com o André [Luis], tenho que falar em português. Se falar com os gregos, falo em inglês. No mundo do futebol entendemo-nos e quando estamos dentro de campo, não há língua, é a linguagem do futebol.»
Agora chegou mais gente, vamos continuar a integrar, estamos num bom caminho para continuar a crescer. Mesmo nos jogos dá para ver que estamos em crescendo
É com «orgulho» que fala como jogador mais antigo do clube. «É um clube que admiro e respeito muito. Enquanto cá estiver, vou sempre tentar representar da melhor forma, o melhor que sou e que corra bem a nossa temporada», indicando que os reforços têm sido integrados no grupo: «É malta muito nova, com muitos sonhos, com muita qualidade. Agora chegou mais gente, vamos continuar a integrar, estamos num bom caminho para continuar a crescer. Mesmo nos jogos dá para ver que estamos em crescendo. Temos jogado bem, temos criado oportunidades e marcado golos, há ainda algum trabalho para fazer, mesmo em termos talvez defensivos. Mas, no geral, toda a gente se tem adaptado muito bem e o espírito é bom.»
A liderança no balneário ainda não se traduziu em utilização efetiva nos três jogos oficiais do Rio Ave. O médio está sem minutos, mas pronto para ser chamado. «Individualmente, estou sempre disponível, trabalho sempre no máximo. Estou sempre cá para ajudar em tudo o que o Rio Ave precisa dar. Esse é o meu foco e vou ajudar certamente o pessoal mais novo a passar a cultura, não só pelo o que digo, mas pelo que faço. Temos todas as condições para fazer uma época parecida com aquelas que o Rio Ave fazia nos seus tempos de Europa», antecipa.
No mundo do futebol entendemo-nos e quando estamos dentro de campo, não há língua, é a linguagem do futebol
O Rio Ave soma até agora três empates na Liga, com um padrão frustrante: deixou escapar as vitórias nos últimos minutos. «Posso dizer que é frustrante da perspetiva do adepto. Da perspetiva do jogador, sabemos que o futebol é mesmo assim, vamos ganhar pontos, como ganhámos já muitas vezes, nos últimos minutos. Vai acontecer isto. Mas se analisarmos o jogo de forma fria, lá está, temos deixado de fugir os pontos no final, mas são coisas que acontecem no futebol e com trabalho, vamos aprender com os erros, corrigir o que há para corrigir e no futuro, certamente que vamos conseguir segurar melhores resultados», acredita João Graça.
As primeiras impressões sobre o treinador Sotiris Sylaidopoulos são positivas: «É um treinador muito apaixonado pelo jogo, pelos jogadores, tenta ter uma boa relação de um para um com todos os jogadores. Sabe bem o que quer e quais são as ideias e a mensagem que tem passado. O grupo está com o treinador e isso é o mais importante.»