Treinador do Sporting questionado sobre uma possível renovação de contrato

Regresso de peso, mercado e renovação que assinava já: tudo o que disse Rui Borges

Treinador do Sorting garante que equipa não saiu beliscada de Munique e espera foco total e intensidade na receção ao Aves SAD, lanterna vermelha da Liga

- O Sporting defrontar um adversário que ainda não venceu, é último classificado. Quais os desafios que o Aves SAD pode colocar à equipa?

- É uma equipa bastante agressiva, intensa, com jogadores experientes. À partida chegam aqui sem nada a perder e podem vir com mais confiança, descontraídos no sentido positivo. Acho que vamos ter uma equipa completamente tranquila, tem muito a ganhar e pouco a perder. À segunda jornada, por exemplo, empataram em Braga, isso dita bem o que pode acontecer se entrarmos em facilitismos. E o grande desafio será também um bocadinho esse, a equipa estar ligada como tem estado, depois de uma semana de exigência máxima, naquilo que eram dois jogos, Benfica e Bayern, com um alto grau de dificuldade. Manter a equipa exatamente com a mesma energia, o mesmo foco, o mesmo rigor e com a mesma intensidade para conseguirmos fazer um grande jogo e ganhar.

- Pedro Gonçalves começou a regressar aos poucos, mas, afinal, parece que o problema pode ser mais grave do que parecia. Pode esclarecer o que aconteceu? Houve excesso de confiança no regresso do jogador?

- Estava apto para jogar, tanto estava que jogou, caso contrário nem corríamos esse risco. Temos demonstrado muito bem o que fazemos a gerir jogadores. Felizmente temos tido poucas lesões musculares. O Pedro, e tinha dito isso antes do jogo, tinha sentido um desconforto no treino e acaba por ter uma lesão muscular. Não posso estar aqui a dizer quanto tempo será porque não pertenço à parte médica. O que posso dizer é que não poderá dar o contributo nos próximos jogos. Dará outro.

- A que se deve esta onda de lesões? São falhas da equipa técnica ou falta de sorte?

- É o que é, fazem parte do futebol. Felizmente não temos tido muitas. O ano passado houve muitas e algumas musculares, este ano tivemos duas, no máximo três, musculares. Controlámos muito bem. O departamento de performance, o posto médico e a equipa técnica têm feito um grande trabalho. As lesões de agora são traumáticas, não controlamos. É um jogo de contacto. Apesar da lesão do Pote... Tomara não termos lesões porque é isso que queremos evitar, mas é preciso levantar a cabeça e seguir em frente. Os jogadores vão para a CAN também... São coisas que não controlamos.

- É certo que joga em casa, com o último classificado, mas o jogo com o Bayern foi muito intenso. Isso pode ter impacto?

- Penso e acredito que não. Fazemos o nosso trabalho muito bem feito aqui com toda a estrutura naquilo que é tentar recuperar ao máximo os jogadores. Sinto-os super motivados e isso é sinal que a energia vai lá estar. Por vezes, o cansaço é mais mental do que físico muitas vezes. Claro que se tivermos a intensidade que queremos, podemos sentir um pouco mais à frente, mas é para isso que existem substituições. O treinador depois tem de tomar as decisões nos melhores momentos para dar intensidade.

- Já disse diversas vezes que está feliz no Sporting. Quer renovar? Se a folha estivesse aí à sua frente, assinava já?

- Assinava, sem problema algum [sorriso], mas não é algo que me passe pelo pensamento. Tenho contrato até 2027 e sei bem da confiança que têm em nós. Apenas focado e só em fazer o meu trabalho, que acho que tem sido bem feito. Tudo o resto é consequência disso. Vou sempre olhar para o futuro. As coisas a seu tempo virão, de alguma forma, dentro daquilo que é a nossa competência, acima de tudo, o meu foco é muito em ser melhor cada vez mais, dia a dia. Tornar o Sporting mais forte. Tornar a ganhar títulos. É isso que queremos muito e é esse o meu único foco.

- Ainda sobre a lesão de Pedro Gonçalves, pode dizer qual a origem destas lesões musculares dele?

- Isso é ciência, não lhe sei responder... Estava bem no treino e já respondi a isso. Sentiu um desconforto no último lance do treino, não posso ser mais específico. Às vezes é a fisiologia dos atletas e sabemos disso. No que fazemos, fazêmo-lo muito bem feito. Tomara que ninguém tivesse lesões, mas isso é impossível. Tem a ver com a genética em alguns momentos. Controlamos o cansaço acumulado e sentimos isso. É por isso que digo que o trabalho é muito bem feito. Mas não controlamos tudo. Se é a mesma do início de novembro? Sim, é muscular.

- Como está o balneário após a derrota com o Bayern? Triste por não ter feito história ou mais confiante? Com tantas lesões e idas às seleções já tem uma lista de reforços para janeiro?

- Não tenho listas, já disse que não estou muito focado no mercado. Temos muitos jogos e não perco tempo a olhar para isso. Não sei se iremos ou não ao mercado. Foco-me muito nas minhas soluções atuais que são as que me importam. Queremos dar resposta nestes jogos e não dá para ir buscar ninguém. A seu tempo vamos tomar essas decisões. Neste momento, o meu foco está nos jogadores que tenho e que podem jogar. Em Munique demos resposta e não ganhámos. E respondendo à primeira pergunta, o grupo está confiante e super motivado. Percebeu muito bem o que fomos capazes de fazer nestes últimos dois jogos de maior exigência, percebemos o que fizemos bem e menos bem. Eles sabem e percebem, são muito ambiciosos e não se cansam de ganhar. Estão sempre à procura de serem melhores. Sabem o que poderíamos ter feito melhor e o que fizemos muito bem. Estão super motivados. Afetados? Não. Não saímos felizes de Munique porque queríamos ganhar, mas demos o nosso melhor e fizemos um grande jogo. Continuamos o nosso crescimento apesar de um resultado que não nos agrada. A equipa sabe muito bem do que tem sido capaz e quer manter e melhorar cada vez mais.

- O clube Sporting tentou junto das federações de Moçambique e Cabo Verde que Catamo e Diomande estivessem disponíveis para o Santa Clara? Em relação a Debast, há perspetiva sobre quando pode voltar?

- Não arriscamos nada. Quando estão aptos para jogar e a cem por cento, dentro do que são os testes e parâmetros que temos, entram para treino. Dentro disso, acredito que o Zeno volte, pelo menos, no início de janeiro. Espero. Se voltar antes, melhor para nós, ganhamos mais uma solução porque o Diomande vai para a CAN. Depois claro, há a parte física. Tem de estar no seu melhor para responder à exigência. Em relação a Diomande e Geny, tentámos. É algo que sabemos que não será fácil, mas tentámos até porque só jogam um contra o outro no dia 24. Tentar apelar a isso. Se não acontecer, é seguir. Resposta? Para já, que saiba, ainda não tivemos.

- Quenda foi considerado o melhor jovem da Liga, Trincão jogador do mês, Rafael Nel melhor jovem da Liga 2, Blopa, o 3.º melhor. É o reflexo da simbiose de um trabalho abrangente, não só focado na equipa principal? Sente-se privilegiado por fazer parte disso?       

- Claramente, e já disse isso. Há bocado disseram que sou muito feliz no Sporting e sou muito mesmo. O dia a dia deixa-me feliz, é muito alegre, positivo, a energia é muito boa. E isso sente-se claramente. Seja na formação, seja na ala da equipa principal. Fico feliz porque os miúdos têm conseguido dar seguimento à imagem Sporting, naquilo que é passar da formação para a equipa principal. Temos conseguido meter mais miúdos connosco e isso é de valorizar, é sinal que o trabalho está a ser bem feito. Não tem só a ver comigo, a equipa técnica chama-os porque têm mostrado valências. Feliz por darem essa imagem e continuidade à imagem Sporting, de acreditar muito na formação. Olho para a equipa B e vejo uma equipa muito focada, rigorosa, miúdos que mesmo quando estão aqui e voltam não ficam em bicos de pés. Percebem a exigência, o quanto custa ter uma oportunidade. Os prémios depois é valorização individual, trabalham muito e nada melhor do que ser reconhecidos por isso. Às vezes achamos que estamos bem e podemos não estar, mas ser reconhecidos pelos outros passa confiança. E isso é bom para todos. Mas é consequência do trabalho diário deles. Têm de querer ganhar muito mais e a dificuldade de ser um jogador excecional é manter a consistência.

- Tem repetido que é feliz no Sporting. Sente que as notícias desta semana, numa altura em que tem sido questionado nos jogos grandes, são uma demonstração pública de apoio por parte do Sporting?

- Ligo a essa notícia como ligo às outras todas: nada. Foco-me no meu trabalho e é isso que me motiva, é esse o meu pensamento. Focado no trabalho, o trabalho é que vai dar consequência ao futuro. Sinto-me feliz aqui, independentemente de falarem de renovação ou não. Tenho contrato até 2027 e isso não me preocupa. Não se trata de confiança porque isso é demonstrado desde o primeiro dia. E nesta fase, nem precisava disso. Temos dado uma demonstração do que temos sido capazes e do que vamos fazer no futuro.

- Deseja que Moçambique e Costa do Marfim não tenham sucesso na CAN para ter os seus jogadores mais cedo? Como está o Trincão para o jogo de amanhã?

- Está disponível. As ausências são o Pote e o Debast, Quenda e a malta que está há mais tempo. O Dani [Daniel Bragança] está a voltar, mas não está apto para dar o contributo. É muito por aí. CAN? Já disse que queria que eles perdessem, mas não desejo isso [risos]. Perdemos nós, perdem outras equipas. É saber lidar e continuar o trabalho. O Edu [Eduardo Quaresma] tem feito grandes jogos, fez mais um em Munique. Já estão aí à porta, a querer jogar. E isso é muito importante.