«Quero ganhar a Liga dos Campeões com o Sporting»
- Bicampeão, história na Champions, quarto lugar no Mundial…É uma época de sonho?
- Sim, quer dizer não sei se é uma época de sonho, mas foi a época mais difícil que tivemos até agora. A experiência na Liga dos Campeões é algo que não estávamos à espera, é mesmo muito difícil. São jogos muito intensos, são muitas viagens, temos de preparar os jogos muito bem. Ou preparamos os jogos muito bem e conseguimos ganhar por 10 a uma das melhores equipas do mundo, ou se não preparamos os jogos podemos também levar 10 e ir embora. Por isso, acho que o nível da Liga dos Campeões é mesmo muito elevado e eu não estava à espera disso. Acho que ninguém. Mas, acho que podemos dizer que é uma época muito boa. E ainda nos falta um título, queremos ser a segunda equipa na história a conseguir fazer dois ‘tripletes’ seguidos, por isso seria uma época de sonho se conseguíssemos alcançar a taça, mas até agora tem sido muito, muito bom. A cereja no topo do bolo é ganhar a taça ao FC Porto e ganhar sete títulos seguidos em Portugal e acho que isso nunca aconteceu.
- Estava a falar da Liga dos Campeões, uma época espetacular, conseguiram encher o João Rocha e mesmo lá fora obrigaram as pessoas a ficar a ver os jogos e, ainda assim, e apesar de todas as dificuldades enumeradas, sonhavam chegar a Colónia [cidade alemão que recebe a final four]?
- Eu pensava mesmo que íamos ganhar aquele jogo em nossa casa, eu tinha quase a certeza que não escapava, mas o Nantes foi uma excelente equipa, acho que jogaram melhor em nossa casa do que fora, tiveram uma maturidade que nós ainda não temos, ainda estamos a crescer. Eles já são mais maduros, chegaram à parte final do jogo e souberam estar dentro de campo e não fazer asneiras. Mas sim, pensávamos mesmo que conseguiríamos estar em Colónia. Porém, temos o exemplo de outras equipas que lutam todos os anos e que não estão, que gastam muito, muito mais do que nós, por isso, temos de estar contentes. Mas isto só tem de dar-nos força, para conseguirmos dar seguimento ao trabalho e para o ano voltar a lutar pela final four.
- A festa do título foi na Madeira, longe de casa. Foi bom porque há outra e celebram duas vezes?
- Foi bom, estava lá muita gente que se calhar não poderia estar no João Rocha e essas pessoas também aproveitaram uma festa. Mas acho que a verdadeira festa vai ser no João Rocha porque é em nossa casa, é com os nossos adeptos. É onde passamos a maior parte do tempo e é ali que queremos levantar a taça!
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- Os adeptos foram uma parte muito importante do vosso sucesso nesta época?
- Muito! Foram o oitavo jogador. Literalmente! Costuma dizer-se isso, mas em muitos jogos da Liga dos Campeões estavam lá sempre a apoiar e mesmo contra o último classificado que ninguém conhece estavam lá a cantar por nós. Mesmo no jogo com o Nantes, quando perdemos, ficaram lá a cantar durante 10 minutos.
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- São os bons resultados do Sporting, e também da Seleção, que ajudam a encher o pavilhão?
- Muito do que nós temos vindo a fazer no Sporting e na Seleção faz com que as pessoas gostem deste desporto. Muita gente diz que antes não gostava de andebol e agora gosta, diverte-se a ver um jogo. Isso para nós é importante e dá-nos mais força para continuar a fazer o que estamos a fazer, para trazer mais gente, para trazer mais público. E claro que o que temos vindo a fazer na Seleção também é extraordinário. Muitas pessoas viram o Mundial, muitas pessoas conhecidas fizeram posts no Instagram. O meu pai disse-me que quando passámos à meia-final, depois do jogo da Alemanha, toda a gente falava de andebol em Portugal. Isso é fantástico!
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- E agora para onde olha? Quem quer ser melhor do Mundo, terá de saltar para outro campeonato...
- Agora quero estar aqui, há um título que ainda me falta ganhar antes de sair do Sporting: a Liga dos Campeões. Em Portugal já conquistamos tudo, por isso, o próximo passo que temos de dar é a Liga dos Campeões.
- E sem ser no Sporting, onde gostava de jogar?
- Sei que a Alemanha é a melhor, mas é muito difícil. Não sei, acho que gostava de jogar em França, pavilhão está sempre cheio, no final dos jogos podes ir para a VIP falar com muitas pessoas, descontrair. Em Nantes, o pavilhão estava completamente cheio, de pessoas que adoram andebol, todas com uma t-shirt igual. Na Bundesliga também gostava, claro, mas o céu está sempre cinzento, não vejo o azul do céu [risos] como aqui em Portugal, onde comemos bem e temos bom tempo [sorri]. Acho que me ia custar mais a adaptar, mas se tiver de ser… [risos]
- Até onde quer chegar?
- Até ao dia em que as pessoas se recordem sempre de mim, saberem que eu fiz parte da história da modalidade, que vou construir até lá, títulos que irei ganhar para ajudar Portugal, se calhar um dia, a ganhar uma medalha numa competição. Esse é o meu maior objetivo é conseguir fazer com que Portugal ganhe uma competição, uma medalha, o que é muito difícil, muito. Mas só faz sentido andar nesta vida se lutarmos por isso, se trabalharmos todos os dias. Não vou estar aqui a dizer que vai ser difícil e que um dia se calhar vou lutar. Não. Eu quero ganhar, quero ganhar uma medalha, quero ganhar uma competição. E um dos meus sonhos é ganhar a Liga dos Campeões com o Sporting. Esse é um dos motivos para eu também ficar cá, ganhar a Liga dos Campeões com o meu pai e com o meu irmão.