Os donos da tasca
Desde a final da Taça de Portugal, o assunto não tem sido outro. O Benfica, que em duas semanas deixou escapar dois títulos para o rival por erros próprios, sentiu-se prejudicado pela arbitragem e, sobretudo, impulsionado à indignação pelos festejos dos jogadores do Sporting a celebrar uma agressão. Houve comunicado e Rui Costa aos gritos no Seixal, lançando suspeitas para todos os lados, inclusive os que as águias apoiaram recentemente. Nada de novo no futebol português, ainda por cima vêm aí eleições. «Se calhar Pinto da Costa tinha razão...»
«Honra ao nosso grande rival», dizia Frederico Varandas, há tão pouco tempo, na Câmara de Lisboa. O bicampeonato num ano atípico e instável deixou o presidente do Sporting com tamanha elegância na hora da vitória que mereceu elogios de todos. Saber ganhar é um feito, contentemo-nos com isto. Mas «aqui nós pisa na cabeça» e a superioridade moral tem sempre telhados de vidro. Saber ganhar, dizíamos? Tem dias...
Os sportinguistas estão em festa e merecem-no. O clube abriu-se aos jornalistas e ao entretenimento, os jogadores contaram as histórias que todos queriam saber e assim aproximaram-se dos adeptos. Tudo pacífico no reino do leão. Mas Varandas aproveita a Cimeira de Presidentes para também falar, pois há tanto a dizer esta semana. A declaração começa com um apelo ao bom senso, que fica sempre bem. Sobre o lance polémico, não se preocupem: já perguntou a Matheus Reis e ele disse que não teve intenção de pisar Belotti. Ponto final na polémica, nada para ver aqui... E, por falar em bom senso, o presidente leonino aproveitou para recordar outros lances em que foi o Sporting a sentir-se prejudicado contra o Benfica. Nada de novo no futebol português, e com ironia até se dominam bicampeonatos e dobradinhas. «Se calhar Pinto da Costa tinha razão...»
De todos os apresentados, talvez o argumento que melhor soe ao universo verde e branco seja mesmo que agora «não há dono». FC Porto e Benfica andaram a dominar isto nas últimas décadas e agora está tudo finalmente limpo. Durante a época, quando os alicerces abanaram, os critérios eram diferentes para os rivais e o VAR Tiago Martins estava condicionado. Ou seja: é uma sorte agora não haver dono, mas será decerto coincidência esta paz com o estado do futebol português vir após a conquista de títulos.
Nada de novo, então, por aqui: seja na hora da derrota ou da vitória, continuamos com conversa de tasca (já que agora está tão na moda....) para entreter.