O ranking UEFA e a centralização
A I Liga movimentou muito dinheiro neste mercado de transferências e num primeiro olhar para os rankings - ainda há transferências na Europa - foi o sexto campeonato da UEFA que mais investiu nesta janela de verão.
No evento que a CNN promoveu sobre a centralização de direitos TV, o presidente do Famalicão, Miguel Ribeiro, frisou esta mesma ideia: que não há, abaixo das cinco grandes ligas, quem tenha a capacidade de comprar jogadores como Benfica, FC Porto e Sporting. Citando: «Nós não perdemos jogadores para a Bélgica nem para a Holanda, nós vamos buscar os melhores jogadores da Bélgica e da Holanda, o Benfica, o FC Porto, o Sporting e o SC Braga têm essa capacidade e nós Famalicão não perdemos nenhum jogador para a Bélgica e para a Holanda na faixa etária que queremos.» Acrescente-se, já agora, que só houve uma equipa belga (Club Brugge) a investir mais do que o SC Braga.
Esta parte do futebol português é bastante competitiva na Europa: no que investe (e vende, já agora) e em campo. O Benfica é 10.º do ranking UEFA de clubes. Nenhum outro clube fora das Big5 ali chega. Os encarnados também são a última equipa fora dos campeonatos de Inglaterra, França, Espanha, Itália e Alemanha a chegar aos quartos de final da Champions.
Olhando os números: nas últimas 15 edições da UCL, Portugal esteve representado sete vezes nos quartos de final; Holanda (o Ajax chegou às meias-finais), Turquia, Chipre e Ucrânia uma. E é isso. Nadar com tubarões é difícil, mas fica claro que futebol o tem feito.
No debate da centralização usa-se, por vezes, o argumento do ranking UEFA. Que Portugal caiu para sétimo e que a Bélgica, oitava, está a recuperar. Em 13/14, Portugal era quinto no ranking e por lá ficou umas épocas. Consequência da centralização da altura, seguramente…
Igualmente importante é saber que Portugal fez as últimas duas épocas acima da Eredivisie e nos últimos cinco anos por três vezes ficou acima da Bélgica. Esta temporada está já à frente das duas. É o mesmo ranking que, afinal, responde sobre a tendência existente.
Se é preciso debater a centralização? Claro, mas não usemos argumentos ilusórios, porque o investimento e a performance desportiva dizem de forma clara quem, abaixo das Big5, tem um problema de competitividade. Portugal não é certamente, a não ser, claro, que queiramos guiar-nos pela Liga Conferência…
De uma vez por todas, se a competitividade se mede em parâmetros europeus a olhar para cima, é preciso fazer muito mais do que uma 'mera' centralização. É preciso ir desde o tempo útil de jogo à carga fiscal.