Rui Borges, no banco do Sporting - Foto: Miguel Nunes
Rui Borges, no banco do Sporting - Foto: Miguel Nunes

O que o deixou triste, elogios e recados para os miúdos e o sonho de Rui Borges

Declarações do treinador do Sporting após a vitória sobre o Marinhense na 4.ª eliminatória da Taça de Portugal

- Tinha pedido à equipa para não facilitar frente a um adversário de um escalão mais baixo, que nota dá?

- Dou nota muito positiva pela seriedade, humildade e até calma que tivemos nos momentos em que o golo não surgia. Fizemos uma 1.ª parte mais intensa, na 2.ª fomos mais lentos e com demasiadas perdas de bola, mas os jogadores foram sempre sérios nas transições defensivas, que são muito importantes nestes jogos. Equipa foi coesa e comprometida, por isso fico muito agradado. Os jogadores foram exigentes com eles mesmos e cumpriram.

- O que não gostou?

- Fiquei contente com todos, os erros foram mais individuais. Por exemplo, o Alisson tem de melhorar no corredor, o Mangas no jogo interior, mas isso tem a ver com o crescimento dos jogorers. Não vi ninguém no estilo, como costumamos dizer, por estarem a defrontar uma equipa da 4.ª divisão. Só fico triste porque o Rodrigo [Ribeiro] não conseguiu fazer um golo. Tem trabalhado muito, respondeu bem, teve oportunidades e merecia ter concretizado.

- Onde sente que o Rodrigo tem crescido mais?

- Tem tido um crescimento enorme. É predestinado em termos técnicos e de leitura. Toma boas decisões, é muito focado e acreditamos muito que pode jogar na frente e no apoio ao avançado, que é onde treina mais na equipa principal. O Rodrigo apareceu demasiado cedo e por vezes os miúdos querem dar dois passos à frente no seu crescimento. Por vezes, não adianta ir para a Liga só para dizer que joga na Liga. O treino dá-lhes umas coisas, mas o jogo dá-lhes muito mais. E ele foi para o Aves SAD e teve pouco tempo de jogo. O que falámos com ele foi que, se calhar, melhor do que ir para uma equipa da Liga e ter 200 minutos, fica connosco, joga na Liga 2 e tem 3000 miniutos e pode vir à equipa principal. Porque ele é jogador da equipa A. Mas tem jogado na equipa B, tem somado golos, assistências e está a crescer. Foi essa a conversa que eu tive com ele no início da época. Às vezes os miúdos querem dar dois passos à frente, e pensam que ir à Liga 2 que é perder um ano. Mas é o contrário. Porque ali crescem e muito. Por isso, o mérito é dele porque entendeu isso e está a crescer.

- Como estão as questões clínicas de Debast e João Simões?

- O Debast está em recuperação. Não consigo indicar o tempo que ainda vai precisar para voltar. Pode demorar um pouco, não acredito que esteja pronto para os próximos jogos. Simões acredito e espero que esteja disponível para o jogo com o Club Brugges. Veio da seleção com um problema que já levou daqui e acreditamos que estará em condições.

- Equacionou poupar Trincão?

- Ele foi poupado na Seleção, nãofazia sentido poupar aqui. Estava fresco, queria jogar. Esteve ligado e sério, ele às vezes procura muito o drible porque é sobredotado, mas soube gerir. Fez dois golos, o que também é importante porque tem feito bons jogos, mas têm-lhe faltado os golos em algumas partidas e agora isto dá-lhe confiança.

- Estava à espera que Trincão jogasse na seleção?

Não vou dizer se merecia ou não porque não me meto nas decisões dos outros. O selecionador optoi por outras soluções. É o meu selecoionador e vou apoiar sempre, porque sou português.

- Que palavra deixa para o treinador do Marinhense?

- Disse-lhe para aproveitar. Nós é que fazemos a nossa oportunidade. Não é este jogo que o impede de correr atrás do sonho como eu corri lá atrás e continuo a correr agora. Há muitos treinadores à procura dessa oportunidade e espero que lhe continuem a dar porque a equipa esteve bastante comprometida e bem organizada. Desejo que tenha muita sorte. O trabalho dele é procurar essa sorte.

- Disse que ainda tem muitos sonhos para a sua carreira. Sonha ainda ganhar o quê, a Champions?

- Por exemplo. Estou a viver o meu sonho. Estou num grande clube, fui campeão nacional e já disse que não me importo de ficar aqui 10 anos a ganhar títulos, que é isso que o clube nos exige. Mas sim,  sonho da Champions que é um nível ainda superior a ser campeão nacional. Mas também quero ganhar a Taça da Liga, ou a Supertaça, que ainda não ganhei.

- Vem aí um ciclo de jogos difíceis. Conta com os jovens que lançou, como o Blopa para esses jogos?

- Claro. Se não acreditássemos que os miúdos são capazes de dar respostas em qualquer jogo, nem os metíamos nestes jogos. Eles têm tido respostas muito boas na equipa B e estou super-confortável. O Blopa fez mais uma assistência, tem uma grande velocidade, íamos apanhar uma equipa com um bloco mais baixo, mas sabíamos o que nos podia dar. Tirou muitos cruzamentos com muita qualidade. Respondeu às nossas expectativas. E não é só ele. O Flávio [Gonçalves] também é diferenciado e vamos socorrer-nos dele, certamente. Não só nas Taças, como na Champions e no campeonato.

- Depois de ele ter-se estreado com um bis com o Alverca disse que ele ia voltar para a equipa B. E agora?

- Vai continuar a trabalhar connosco porque há algumas lesões e pode ser-nos útil. Olhamos com uma perspetiva muito boa para ele e para o Flávio. Eles sabem que vão ter mais espaço na equipa B, não podem descurar o trabalho ali, e têm respondido bem. E talvez por saberem tão bem isso é que têm conseguido mais oportunidades na equipa principal.