O dia em que provocaram Ronaldo com Messi e ele respondeu... como sabe

13 de junho de 2015. A Seleção Nacional percorria o caminho da qualificação para o Euro 2016 — onde viria a ser feliz — e o adversário era a Arménia, fora. Foi a última vez que Portugal jogou em solo arménio, num jogo marcado pelo hat trick de Cristiano Ronaldo, que começou com... «Messi».

Rui Patrício na baliza, Vieirinha, Bruno Alves, Ricardo Carvalho e Eliseu na linha defensiva, Fábio Coentrão, Danny e João Moutinho no meio-campo e, na frente, Danny, Nani e Cristiano Ronaldo. Foi este o onze que entrou em campo no Estádio Republicano, o mesmo recinto que a seleção portuguesa pisará este sábado, numa partida que começou a mexer... logo à chegada.

A época havia terminado muito longe daquilo que era expectável para o Real Madrid. Depois de um início fulminante, os comandados de Carlo Ancelotti (que, nessa altura, já havia sido despedido pelos madrilenos) tinham deixado escapar tudo para o rival Barcelona, vencedor de um triplete: LaLiga, Taça do Rei e UEFA Champions League. O detentor da Bola de Ouro era Cristiano Ronaldo, mas todos sabiam que a edição 2015 do prémio de melhor do Mundo iria parar às mãos do rival de carreira, Lionel Messi. À chegada ao estádio, a Seleção Nacional foi recebida com alguns aplausos, mas também com alguns adeptos locais a gritarem pelo nome do astro argentino.

Um gesto provocatório dirigido a Ronaldo, que continuou durante o aquecimento e já depois do apito inicial. As equipas entraram em campo, com Ronaldo à frente dos portugueses e o guarda-redes Berezovsky a liderar os arménios, onde a grande figura (quiçá a única digna dessa descrição) era o médio-ofensivo Henrikh Mkhitaryan, na altura jogador do Borussia Dortmund. As coisas começaram da melhor maneira para os homens da casa, com Marcos Pizzelli a bater um livre longínquo que apanhou Rui Patrício de surpresa. Estava feito o 0-1 e a reação portuguesa tardava em chegar. E eis que surgiu... Cristiano Ronaldo.

Moutinho sofreu falta na área e, aos 29', CR7 fez o empate na partida, resultado que se manteve até ao intervalo. Na segunda parte, três minutos alucinantes colocaram a Seleção Nacional em vantagem e Cristiano Ronaldo em destaque: aos 55', uma hesitação da defesa arménia permitiu que Ronaldo se antecipasse na área para fazer o 2-1. E três minutos depois, um disparo sensacional do meio da rua não deu qualquer hipótese a Berezovsky. De 0-1 para 3-1, Ronaldo, Ronaldo e Ronaldo. O festejo era bem explícito: um dedo a apontar para o ouvido, como quem perguntava: «Estavam a falar de quem?» O nome de Messi desapareceu das bancadas, silenciadas por aquele que era, em título, o Melhor Jogador do Mundo.

A partida tornou-se mais difícil para Portugal com a expulsão de Tiago ao minuto 62. Mkoyan fez o 2-3 e a Arménia procurou a vantagem, teve mais posse de bola e mais remates que a Seleção Nacional, mas os três pontos apanharam o voo para Lisboa. Portugal suspirou de alívio com a vitória que, ao fim e ao cabo, acabou por ser de Ronaldo.

Muito mudou nestes últimos 10 anos. Cristiano Ronaldo fez o terceiro hat trick por Portugal e, agora, já leva mais sete. Foi o jogo em que CR7 fez o 55.º golo com as quinas ao peito e, neste momento, já leva 138. Precisamente um ano e um dia depois Portugal começou a caminhada rumo à maior glória que já conquistou: o Euro 2016. Em 2019 ganhou a Liga das Nações pela primeira vez e, em junho passado, fê-lo pela segunda vez. A única coisa que parece não ter mudado é... Cristiano Ronaldo, que deverá ser titular frente à Arménia, 10 anos depois.