NUM destes sábados, Jorge Valdano, o mais poético (e não só…) cronista que o futebol tem, soltou, filosófico, a questão, em A BOLA (num olhar atirado ao Griezmann):
- Quanta excelência tem um craque de gerar para ser considerado verdadeiramente um craque?

Tal como o Griezmann já lha dera, João Félix deu-lhe (e a nós todos) a resposta (e não, não foi só por aquele hat trick ao Eintracht que atirou Eusébio para o rol dos recordes perdidos). Sim, de canto em encanto, de flor em fulgor, ele vai mostrando o que já é: um verdadeiro craque. Porque verdadeiro craque é quem faz o que o Félix faz: ser o avançado de tempo e campo inteiro que joga e dá a jogar - percebendo (arguto) o que é mais importante fazer, se uma coisa ou outra;  ser quem marca golos e cria golos - percebendo (sagaz) o que é mais importante fazer, se uma coisa ou outra (e não foi só o golo do Rúben Dias que o mostrou, na noite mágica da Luz a seus pés).

Porque verdadeiro craque é quem faz o que o Félix faz: ser o jogador em quem nunca há um futebol-rinoceronte: de casca grossa e vista curta- e que nunca se põe em posição de perder o que não pode dar-se ao luxo de perder (e não foi só o que ele fez no penálti tirado da sua intrepidez na noite mágica da Luz a seus pés).

Porque verdadeiro craque é quem faz o que o Félix fez: ser o empolgado que corre pelo campo com o coração colocado no jogo e o jogo colocado no coração - a fazer lembrar a frase do Arrigo Sacchi:
- O melhor futebol nasce na cabeça, não nasce no corpo: Miguel Ângelo pintava com a mente, não pintava com as mãos - e por isso é que eu exijo sempre jogadores espertos na minha equipa… e, a fazer, ainda, mais, o que ele fez naquele seu remate com o Eusébio dentro da chuteira que impediu que o Benfica caísse num alçapão que acabasse, a desolá-la, num inferno qualquer.

PS: Tinha mais para mostrar o verdadeiro craque que o João Félix é - e este espaço não chega para eu dizer tudo o que vejo (cada vez mais) no craque que ele é.