Num monumento cabe uma infinitude de asneiras (crónica)
Goleada é uma palavra linda para quem a consegue, horrível para quem a consente e como se pôde ver no jogo de Arouca, pode incluir um monumento, como o foi o tremendo golo de Ricardo Horta, num chapéu perfeito a Nico Mantl e nessa obra de arte podem caber uma infinitude de asneiras, como aconteceu com a equipa de Vasco Seabra.
Ainda o jogo estava na fase de recém nascido, quando, aos seis minutos, Arnau Solá cometeu um penálti infantil sobre Pau Victor. Para bem dos Lobos da Serra da Freita, o lance acabou revertido pelo VAR por fora de jogo do espanhol no início da jogada.
Respirava um pouco de alívio Vasco Seabra, mas não por muito tempo porque pouco depois, entre os 13 e os 15 minutos, Jose Fontán conseguiu ver dois amarelos neste espaço temporal e ser expulso.
Dava a volta à cabeça o treinador dos da casa para tentar recompor a equipa e decidiu colocar o melhor marcador da equipa, Djouahra, a fechar o flanco esquerdo. Não se encontrava a equipa dentro de campo e só abria a cancela da portagem para uma autoestrada de asneiras. Foi o que fez Alex Pinto ao 25 minutos, que sem qualquer necessidade puxou a camisola de Grillitsch dentro da área. Penálti incontestável. Ricardo Horta vai para a conversão, acerta com a bola no poste esquerdo da baliza de Mantl, esta bate nas costas do alemão e entra.
Estava escrito que o Arouca não se levantaria, teoria comprovada quando ao minuto 31 Ricardo Horta executa um daqueles momentos que os maluquinhos da bola gravam na memória.
Ainda antes do intervalo, cruzamento largo da direita do ataque do SC Braga — muita atenção a este Pau Victor que se começa agora a mostrar — Alex Pinto ao segundo poste, sem ninguém no seu raio de ação, introduz a bola na sua própria baliza. Segundo autogolo da noite. E se no primeiro foi azar, neste caso foi mesmo inépcia.
Estava o SC Braga tranquilo no jogo, sem que os arouquenses tivessem conseguido por uma vez que fosse, incomodar Hornicek durante esta fase.
Vasco Seabra fez mais duas alterações ao intervalo, o paciente apresentou algumas melhoras mas nada por aí além. O SC Braga estava muito confortável no jogo e a fazer o jogo de posse que o seu treinador tanto gosta. E ainda teve tempo para mais um golo, com a defesa da casa em sono lento profundo a permitir o remate de cabeça à-vontade de Lagerbielke.
Continua assim o Arouca em agonia, restando saber qual o prazo de validade do voto de confiança dado pelo presidente Carlos Pinho ao treinador Vasco Seabra. O SC Braga aproximou-se dos lugares europeus.
AS NOTAS DO AROUCA
Nico Mantl (5); Alex Pinto (2), Tiago Esgaio (4), Jose Fontán (3), Popovic (4) e Arnau Solá (4); Fukui (4), Lee (4), David Simão (4) e Djouahra (4); Nandín (4); Omar Fayed (4), Miguel Puche (6), Espen van Ee (5), Danté (5) e Alfonso Trezza (4)
AS NOTAS DO SC BRAGA
Hornicek (5); Lagerbielke (7), Vitor Carvalho (6) e Niakaté (6); Victor Gómez (6), Gritllitsch (6), Gorby (6) e Dorgeles (6); Pau Victor (8) e Ricardo Horta (8); El Ouazzani (5); João Moutinho (7), Leonardo Lelo (6), Diego Rodrigues (6), Paulo Oliveira (5) e Gabriel Moscardo (—)
VASCO SEABRA, TREINADOR DO AROUCA
Vejo a equipa com jogadores e caráter para reagir a esta má fase e também me sinto capaz disso mesmo. A expulsão do Fontán condicionou-nos muito e depois há aquele momento do penálti desnecessário do Alex Pinto. Há coisas que são difíceis de explicar. Estamos no chão mas temos de nos levantar
CARLOS VICENS, TREINADOR DO SC BRAGA
Sabíamos que íamos defrontar uma equipa que gosta de assumir o jogo, de ter bola e de tentar impor-se ao adversário. Por isso, tínhamos de entrar com uma mentalidade clara: ser ambiciosos, agressivos, muito competitivos e preparados para, em alguns momentos, correr e fazer esforços juntos. E a verdade é que a equipa esteve num nível muito alto durante toda a partida. Tivemos o controlo, criámos oportunidades e, mesmo depois da expulsão, mantivemos a identidade e a seriedade.