Noronha Lopes: «Acumulei uma riqueza na ordem dos €23 milhões»
Uma reportagem da CNN revelou a existência de dívidas de vários milhões de euros em empresas das quais João Noronha Lopes é sócio e levantou dúvidas em relação ao financiamento da campanha. O candidato à presidência do Benfica, nas eleições marcadas para 25 de outubro, em entrevista à CMTV, procurou refutar as críticas de que é mau gestor e revelou que a campanha é «esmagadoramente» financiada por si.
«É muito importante corrigir a desinformação em relação à minha capacidade enquanto gestor e à minha situação financeira. Estive 18 anos à frente de uma das maiores empresas do mundo [McDonald's]. Comecei como diretor-geral em Portugal e cheguei a responsável mundial de franchising para os 125 países onde está a marca. Concluí a minha carreira lá fechando um dos maiores negócios de sempre de restaurantes na Ásia, de mais de 2 mil milhões de dólares. Estamos a falar de números significativos», começou por dizer.
«É preciso que os benfiquistas compreendam que essa empresa tem uma cultura de exigência enormíssima e não se tem um percurso com sucessivas promoções, se não se for um bom gestor. Se não se apresentar resultados, é se despedido. É esta cultura que eu tenho e que quero levar para o Benfica», acrescentou, revelando, de seguida, a fortuna que acumulou, apresentando as declarações de rendimento desde que voltou a Portugal, em 2016.
«Durante os meus anos lá, acumulei condições para ter uma vida confortável financeiramente. É disso que eu vivo. Acumulei uma riqueza de cerca de 23 milhões de euros. Faço isto para repor a minha dignidade e pelo interesse dos benfiquistas, mas não me envergonham estes rendimentos. São fruto do meu trabalho e, é por isto, que consigo financiar a minha campanha, que é esmagadoramente financiada por mim. O resto? Por alguns amigos. São estes rendimentos que me permitem candidatar à presidência do Benfica, ter a consciência tranquila em relação à sua origem e àquilo que é o meu conforto financeiro», afirmou.
Noronha Lopes acrescentou ainda que iniciou uma carreira na área da solicitadoria, sublinhando, porém, que não é dessa atividade, nem das diversas empresas com que colabora - revelando os nomes das empresas TerraFirma, Footfall e SIBS -, que depende a sua independência financeira. «Esta atividade de consultadoria faço porque gosto, em empresas que gosto e em projetos que me atraem. Se houver um ano que quero fazer outras coisas, quero estar em ONG's sem caráter lucrativo, eu estou. Eu posso ir escolhendo o que vou fazendo ao longo da vida. Quem acumula €23M não tem necessidade de trabalhar. Não é a atividade da consultadoria que eu faço que me dá independência financeira.»
O candidato abordou, de seguida, os prejuízos da empresa Vira Frangos, alvo de investigação na reportagem: «É uma empresa na qual eu tenho uma participação de 22%, que fundei com dois amigos. A notícia que sai sobre os prejuízos da empresa é tendenciosa e revela falta de rigor financeiro. Porque estes prejuízos são os empréstimos que os sócios fizeram à empresa. Ou seja, foram os sócios que puseram dinheiro na empresa e tomaram esta decisão porque tinham capacidade financeira para o fazer. A nossa dívida bancária é de pouco mais de 220 mil euros e está a ser cumprida escrupulosamente. Podíamos ter chamado outros investidores, mas não quisemos estar a dividir um diamante com outras pessoas.»
«A empresa foi considerada, em 2022, a mais inovadora do retalho em Portugal. Este prejuízo estava previsto. Tudo está a correr de acordo com o plano e com a vontade dos sócios. Os resultados da empresa têm vindo a melhorar e em 2025 vai ser ainda melhor, porque já começámos o processo de expansão internacional. Os sócios investiram, a empresa está a seguir o seu percurso normal e, quando iniciar o processo de internacionalização, os resultados vão aparecer. Só quem não percebe minimamente de gestão, considera que uma empresa que dá prejuízo dos primeiros anos é inviável. Foi o que disse o contabilista que apareceu na reportagem.»